fabio_g_oliver 12/07/2023
Como um “Todo Mundo Em Pânico” só que literário.
É uma leitura divertida e com uma escrita que às vezes beira o informal, mas com personalidade. Tudo isso sobre uma trama de fantasia cheia de piadas e quebra de quarta parede, por assim dizer.
A história vai acompanhar Anna vivendo em Aeris, um mundo onde todos sabem que são personagens de uma história. No meio de sua busca para se tornar uma Protagonista, Anna vai descobrir que seu mundo não é o que pensava e pode estar ameaçado por um Rei tirano. Com a ajuda do Primeiro Leitor, vai começar uma jornada por respostas, questionar um sistema opressor e derrotar o verdadeiro Vilão dessa história (e tudo isso sem desmanchar a trança).
Eu não sabia desse livro até ver a Wlange (do canal Ficçomos, no Youtube) mencionar ele em um de seus vídeos. A passagem que ela mencionou me chamou muito a atenção, aí enrolei anos até finalmente comprar ele e começar a ler.
Começou bem engraçado, não vou mentir. Logo depois a história tem uma reviravolta curiosa e nós vamos acompanhar os tropeços dela (Anna) pelo mundo de Aeris. Gostei de como a ideia de todos saberem que estão em uma história foi explorada, usando de certas piadas e até críticas às histórias padrão. O desenvolvimento é comum de livro de fantasia, com exceção de certas pausas para fazer piadas, que acredito que nem sempre dão certo, umas reflexões descartáveis e algumas cenas desnecessariamente longas (que quebravam o ritmo da história). Acredito que a leitura valeu a pena pelas risadas que eu dei, pelo conhecimento desse mundo e da personagem, a história, que nos leva para umas situações divertidas, e o epílogo emocionante. Equilibrado entre pontos positivos e negativos, acredito.
— DETALHANDO —
°.A ideia é inovadora e explorada de um jeito bem legal. Os personagens saberem que são personagens de uma história torna tudo divertido, uma vez que eles vão criticar clichês e falar muito sobre sua posição naquele mundo. Além disso, tem a “quebra de quarta parede” que vai ocorrer em certos momentos, a personagem vai criticar pontos do próprio livro, e isso é bem divertido. Só a ambientação que é muito confusa em certos momentos. Ele dá a entender que tudo é baseado em um cenário de fantasia medieval, porém vai mencionar que a personagem assistiu esse e aquele filme, mas sem nos mostrar uma televisão ou computador. Ou fazer comida de fast-food sem ter fast-food. Então acho que ficou aí uns buracos nessa criação de mundo. Esse é um dos motivos pelo qual fica parecendo um “Todo Mundo em Pânico” literário, uma paródia.
° A escrita do autor (nesse livro, em primeira pessoa) vai ser algo bem fluido. Às vezes esquisito por colocar elementos não comuns da escrita literária, mas nada que incomode. Ele deixa a ambientação bem clara pro leitor, então você consegue visualizar bem os cenários. E os pensamentos da personagem, estarão cheio de reações à história que vão deixar a personalidade dela em evidência, o que eu acho bem legal. A única ressalva são alguns blocos de texto com piadas ou observações longas demais e/ou desnecessárias; o que às vezes passa batido e em outras vezes, principalmente perto do final, quebra o ritmo do desenvolvimento.
° Os personagens foram certamente um ponto alto. Não é nada “Oh, nunca vi alguém assim”, mas a personalidade de cada um deles ficou bem distinta, o autor soube expressar isso muito bem. A Anna, principalmente, não falhou em seu jeito cômico de ver, julgar e interagir com o mundo ao redor. Tudo, em cada um dos personagens, condizia com quem eles eram e me deixou bem satisfeito. Acho que foi um dos maiores acertos.
° O desenvolvimento é algo que começa bem, mas logo cai no abismo do “padrão aventura” no tipo mais padrão. E não tenho muita certeza se isso foi proposital ou só falta de originalidade mesmo. Mas enfim.
No começo a história apresenta umas surpresas bem legais, e um julgamento interessante e divertido do mundo e das pessoas. Porém, a partir do momento que é colocada uma missão no caminho da protagonista, o que vai dar a nova direção da história, o desenvolvimento para de te surpreender. Conseguir aliados, fugir em direção ao covil do vilão, armar um motim, o trio (porque sempre é um trio) vai para a batalha final e aí vocês já sabem. O desenvolvimento é rápido, de um modo geral, só não parece porque alguns momentos são esticados além do necessário, ou ter piadas esticadas além do necessário, o que vai causar aquela quebra de ritmo que mencionei antes.
Além disso, a única coisa que desenvolve é a história, os personagens não. São todos bem legais, mas com pouquíssima evolução ou aprendizado (não, o personagem ganhar o que queria não é sinônimo de evolução). O que não é realmente um problema, mas seria legal se fizesse parte.
° O final da história principal é aquilo que vocês já sabem. Feliz. Nada de errado, é até satisfatório. Porém o que me pegou foi o Epílogo. Aquele epílogo é a coisa mais linda. O que acontece lá é desenvolvido com o passar da história, o que é interessante, e dando um desfecho para alguém que a gente nem sabia que teria um desfecho dessa forma. Foi bem pensado em todos os aspectos e muito sensível. Tá de parabéns.
° O livro tem uma continuação chamada “Apaguem Ela Novamente”. Não tô louco para ler ele, mas curioso sim.
° Sobre outras opiniões… Também gostei de certos momentos que ele brincou com a escrita, às vezes colocando outros personagens para dominar a narrativa ou simulando uma partida de RPG. — Apesar dos pontos que achei negativos , realmente é um motivo para se orgulhar da escrita nacional (sim, ele é um dos nossos). Não é um livro perfeito, mas que vale a pena ler pelo menos uma vez. Sim, é engraçado. Nem todas as piadas funcionam, mas é bem legal ainda sim. — Também achei a personagem um tanto infantil em vários momentos, mas talvez seja uma questão de público alvo. O livro tem mesmo uma pegada um tanto infanto-juvenil (apesar de eu não ter certeza se esse era realmente o objetivo), então acaba fazendo um tanto de sentido.
Risadas, aventura, risadas e muita loucura nessa leitura super fluida que foi Apaguem Ela Agora. É um livro que não pretendo ler de novo, mas que valeu muito a experiência. Recomendo para quem procura uma leitura leve e engraçada para relaxar a mente.
P.S. A protagonista, Anna, me lembrou muito a Eleanor Shellstrop de “The Good Place”. Conseguia facilmente ver a Kristen Bell interpretando essa personagem, o que foi bem legal kkkkkk
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