Mundos de uma noite só

Mundos de uma noite só Renata Belmonte




Resenhas - Mundos de uma noite só


10 encontrados | exibindo 1 a 10


anaartnic 28/01/2023

Somos uma mistura de sonhos, melancolia e cicatrizes antigas
Comecei jogando um quebra cabeça, achando o livro um pouco mítico ou algo do tipo, sobretudo pelo nome Mundos de uma noite só, mal sabia eu que o grande mistério da história e o tal misticismo estava na vida real, na história de gente comum.

Gente comum, uma família apenas de mulheres, todas se tornam muito bonitas, porém morrem jovens. Assim, a protagonista é amedrontada por sua mãe, cobrada e pressionada a ser como ela. Em meio a isso, a pergunta que ela se faz é sobre o seu pai, quando ele virá? Quem ele é? Essa busca pelo pai torna-se também uma busca da protagonista por ela mesma e sua história.

"Foi nesta época [...] que elas me ensinaram que o amor é apenas um anticorpo do medo. Uma invenção para nos sentirmos fortalecidos diante de nossa inevitável solidão"

Com a morte de sua mãe, a protagonista recebe um livro escrito por ela chamado 'Uma valsa para o esquecimento', este livro responde à tão sonhada pergunta da filha. Assim, temos um livro dentro de outro e eles se alternam dentro de um mesmo capítulo, de um lado as vivências do amadurecimento da protagonista e do outro a história da família Grimaldi.

Por meio de ambas histórias, a autora escancara os aspectos nocivos, machistas e abusivos que permeiam as famílias "tradicionais", e consegue indignar o leitor e torná-lo um ávido expectador desta história. Assim como reflexões sobre o 'ser' e o tornar-se' mulher, sobretudo na relação mãe e filha.

De início, a história é um pouco desconexa e precisa das peças que estão nos próximos capítulos, acho que essa é a grande preciosidade do livro: ele não é óbvio. Pouco a pouco as histórias vão se entrelaçado e a riqueza da obra emerge, é uma obra pra ser lida aos poucos, e captando bem as informações.

Recomendo demais a leitura, é um livro muito precioso que reflete de maneira profunda e singela sobre muitas marcas e cicatrizes que temos na nossa sociedade.
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Janaina 13/01/2023

O ?Mundos?, como intimamente apelidado por sua própria criadora, não é apenas uma rica, profunda e refinada obra literária. É também uma meticulosa obra de engenharia artística e um tributo ao pertencimento.

O romance de formação que conta a história dos Grimaldi é cheio de detalhes, referências e camadas e, por isso, exige um leitor atento.

No eixo central da narrativa, há a história de uma mulher - cujo nome é cercado de mistério - que, na tentativa de buscar a própria identidade, e posicionar-se entre seguir o destino que lhe foi desenhado ou assumir as rédeas da própria vida, oscila entre sentimentos ambivalentes que ora a aproximam, ora a afastam do desejo real de conhecer suas origens.

Em paralelo, no livro dentro do livro, elementos vão sendo oferecidos para que, ao final, como num trabalho de tessitura de um primoroso patchwork, as peças se encaixem e a constituição efetiva da memória possa conduzir a protagonista aos esquecimentos necessários para encarar a maturidade.

Preciso dizer que a leitura do livro de Renata me proporcionou uma das experiências literárias mais desafiadoras do ano. Além do conteúdo denso, sensível e cercado de complexidade, como tudo vinculado ao humano, a forma descontruída e inovadora da escrita me aguçou um instinto investigativo que me fez desejar ? e conseguir ? reler o livro no mês seguinte, para poder me deliciar com as pistas que haviam ficado pelo meio do caminho.

Reler o texto conhecendo seu final me permitiu captar nuances que haviam passado despercebidas e me deliciar ainda mais com toda a problematização profunda e poética construída em torno da mulher, cercada de mulheres, que tanto disse sobre tantas outras mulheres que conhecemos por aí.

Experiência incrível!
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Jamila 12/12/2022

Lindo
Tenho uma tendência a me encantar por livros que o enredo gira em torno da relação materna. Essa relação tão devastadora, e que todo ser humano experimenta.
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Com Mundos de Uma Noite só não foi diferente, a linha que costura uma geração na outra é linda de se ler. O livro continua reverberando aqui dentro. Amei, me identifiquei ?
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Trecho ??
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"De algum modo, somos todas parecidas, carregamos um mesmo sobrenome. Mas, não, não formamos um tecido. Na realidade, não passamos de retalhos contíguos de uma colcha de patchwork esquecida dentro de um armário mofado."
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Magna.Poetisa 14/10/2022

Estrutura poética
Mundos de uma noite só é como se fosse uma poesia em um romance... Em uma novela. É uma leitura confusa, por ser poética, e traz uma trama que promove muitas reflexões acerca da família tradicional. Vale a pena a leitura, mas as expectativas que criei em torno dela me frustraram pois não esperava que a linguagem e estrutura poética tornassem a leitura arrastada dificultando a compreensão de algumas partes, interrompendo a compreensão de algumas cenas, bem como trazendo algumas cacofonias. Talvez a leitura no livro físico não fosse tão confusa quando a do Kindle, mas é isso, eu sofri pra pegar o embalo e permanecer lendo.
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Lizandra.Mirelle 03/10/2022

Um livro sobre mulheres
No início fiquei um pouco perdida na leitura. Mas depois comecei a entender a história, sobre duas famílias, uma tradicional e outro com duas mães. Mas, que se entrelaçam e tinha aspectos parecidos entre si. A narrativa se alterna entre a filha, a emprega, mãe e avó.
Achei muito bom, apesar de que as vezes ficava meio sem entender algumas coisas.
Um ponto chave é que, a história foca muito na história das mulheres dessas famílias e como nós mulheres, somos subjulgadas, obrigada a sermos submissas e desfazer de nossos sonhos em prol dos outros. E que mesmo nascemos em corpos diferentes, somos mulheres da mesma maneira em que nascemos biologicamente mulher.
Não é um livro de leitura rápida, você precisa ler aos poucos e entendendo o que a historia que nos dizer.
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Jamyle Dionísio 13/01/2022

Um livro penumbroso
Mundos de Uma Noite Só, de Renata Belmonte, saiu da pilha de leituras. para a pilha de releituras. Um susto, esse livro! Susto porque surpreende por trás daquela capa discreta, logotipo de editora pequena, um selo de ?semi-finalista do prêmio Oceanos?, ah-mais-literatura-contemporânea-então-ok.

São diversos os narradores, mas talvez os diversos sejam Um Mesmo tropeçando nos mesmos lugares, repetindo-se, batendo o dedinho na mesma quina mais de uma vez. Primeiro a menina que vive com as duas mães e o fantasma do irmão, depois a avó paterna, o pai, a empregada dos Grimaldi. Gerações e histórias misturam-se, entrelaçam-se.

?Não se nasce mulher, torna-se.?, ensina Lágrima à filha, citando Simone de Beauvoir. Tornam-se, também, os personagens. Em quê? Transmutam-se, inacabados, indecisos, estupefatos diante do mistério que é viver.

Senti-o, o livro, Penumbroso, cheio de cochilos entremeados de silêncios e choros abafados. Como se sempre se passasse no crepúsculo, naquele instante em que o dia se apaga, mas as luzes elétricas ainda não se acenderam. Quando temos contato com nossos escuros humanos, mas ainda não sabemos como reagir. Como se as histórias acontecessem numa mesma casa grande, cheia de cômodos, e as pessoas vivessem na mesma casa sem saber que a compartilham. O leitor os persegue, esmera-se, aperta os olhos, mas não enxerga mais do que os vultos que passam, uma forma, uma cor, um tecido? e só mais à frente enxergará enfim a imagem maior do qual aquele pedaço faz parte.

A travessia pelo livro assemelha-se à travessia maior, a da vida: sem sempre clara, sem nota de rodapé explicativa, com detalhes que não se clareiam, mas nos quais pressentimos um portal, uma chave, um segredo importante. Há que se deixar levar, suportar as incompreensões da narrativa. Porque a travessia vale, e muito!

Obrigada, Renata Belmonte.


@chadepalavra
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Dani.Giardin 15/08/2021

Vale a leitura!
Devorei e não deveria, já que há tanto nas entrelinhas. Deveria ter lido com mais calma e foi impossível.
Eu senti urgência em saber as origens e os destinos das mulheres dessa trama, só que Renata não entrega nada de bandeja. Então devorei. E levei uma grande rasteira, fui surpreendida pelas revelações.

Renata escreve bem, faz menções a outros autores, incluindo a Simone de Beavoir (que eu não gosto nem Um pouco) e tem ar progressista, que eu não tenho. Mesmo assim, com ideias as vezes divergentes das minhas, gostei MUITO do livro! A narrativa enaltece o feminino contando a história de mulheres de uma mesma família que já não seguem aos antigos padrões. As vidas destas mulheres se entremeiam num mundo rico de sentimentos e acontecimentos.

Vale a pena a leitura!!!
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Gi Gutierrez 23/02/2021

Mundos de uma noite só
Confesso que a princípio esse livro não me "pegou", levei o mês de fevereiro quase todo para vencer suas duzentas páginas. As histórias desconexas não pareciam fazer muito sentido e deixava a sensação de que estava tudo errado. Porém, qto mais se aproximava do fim, mais tudo começou a fazer sentido e o que parecia desconexo, começou a se tornar moldura e, nessa moldura, ilusões são construídas e destruídas, simultaneamente.
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Cristina117 21/02/2021

Para pensar relação mãe-filha
Comecei a leitura de “Mundos de uma noite só” tateando, sem entender muito bem, mas sabendo que tal hora as coisas se revelariam. O livro conta a história de uma família, é sobre a decadência do mito dessa família que dizem ser a tradicional brasileira, mas é que bem opressora. Opressora pode ser também a relação mãe-filha, que o livro retrata com muito realismo. A história é esclarecida apenas nas últimas páginas e a ressaca literária é forte. Recomendo para quem gosta desses casos de família e para pensar as relações de mães e filhas, principalmente.
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