Bianca 26/11/2022
Uma fantasia que te prende até o final
Esse foi o meu primeiro contato com a Juliana, autora nacional que até então eu não conhecia e olha, a leitura foi uma grata surpresa.
Confesso que iniciei o livro com o pé atrás, pois, para mim, os primeiro capítulos do livro 1 são bem corridos, toda a introdução da vida da Alisson como humana, o seu trabalho, sua relação com o Edward, tudo foi mostrado de forma tão superficial que me causou um estranhamento inicial. Em vários momentos, senti falta de saber mais sobre os pensamentos dos personagens e de descrições mais detalhadas. Porém, fico feliz em dizer que a autora vai desenvolvendo a escrita ao longo dos capítulos e logo que chegamos em Thorun a história deixa de transmitir a sensação de atropelamento para uma fluidez sensacional, daquelas que você lê o livro inteiro de uma vez sem perceber.
O mundo que a Juliana criou é incrível, os rituais, os costumes, a cultura, tudo é tão rico e com tanto para ser explorado, caberia tranquilamente um spin-off com outros protagonistas (Fica a dica Ju, kk).
O desenvolvimento individual dos personagens é outro show a parte, é maravilhoso ver como a Alisson se torna uma mulher forte, poderosa e decidida sem perder a essência. O Anpu se transforma em uma pessoa totalmente diferente do início do livro 1 até o no final do livro 2, a forma como ele abre mão do orgulho por amor é linda, ver essa evolução deixa aquele quentinho no coração.
Entretanto, nem tudo são flores, dois pontos me incomodaram bastante e ambos se referem ao desenvolvimento de relações.
Primeiro, Edward, senti a falta de uma proximidade maior entre ele e a Alisson, afinal eles são almas gêmeas, "irmãos", companheiros eternos, e apesar disso, os diálogos entre a dupla foram poucos, eu esperava que após a chegada do Itemu em Thorun, eles ficariam juntos o tempo todo, que haveriam conversas mais profundas sobre a relação dos dois, que seriam o porto seguro um do outro, isso aconteceu muito pouco.
Segundo, finalmente sobre o trisal, o fato da relação a três não me incomodou, pelo contrário, se eu fosse a Alisson também iria querer ficar com os dois (qual mulher não iria? kkk). Não achei que o Hadan caiu de paraquedas, a proximidade entre eles foi trabalhada desde o início, sempre ficou muito claro a química e a atração que ambos sentiam. Mas, a forma como aconteceu o início do relacionamento deles foi corrida, queria um maior desenvolvimento entre o momento da declaração do Hadan e o aceite e a reciprocidade de sentimento por parte da Alisson. Apesar de ser o meu guerreiro favorito, acho que devido a esse problema na narrativa a relação deles acabou sofrendo, a história passa uma impressão em vários momentos que o Anpu é o verdadeiro amor da protagonista, quando na verdade, o intuito seria que ela amasse ambos igualmente, chegando ao ponto de preferir ficar sozinha por não conseguir escolher apenas um.
Contudo, essa duologia é maravilhosa, o mundo fantástico apresentado é cativante, com jornadas interessantes e um final de perder o fôlego, me peguei rindo em certos trechos, chorando em outros, inclusive, precisei de uns dias para absorver após concluir a leitura e conseguir escrever essa resenha, tamanho foi o meu apego a história. Enfim, se procura uma fantasia com uma mitologia bem construída e regada a muito romance, não deixe de ler.
Obrigada a Juliana por nos apresentar Thorun.