Vania.Cristina 04/02/2024
Somos apenas parte de um todo
Eu esperava um livro pequeno, mas a leitura foi muito mais rápida do que eu imaginava. Menos de 30 minutos. Por isso não há muito que eu possa resenhar sem invadir a experiência de leitura de cada um.
Trata-se de um texto único feito a partir de três entrevistas dadas pelo autor, em abril de 2020, no início da pandemia do covid 19.
Eu não conhecia ainda a escrita de Ailton Krenak, mas conhecia sua importância para o Brasil, como ativista do movimento socioambiental e de defesa dos povos indígenas.
Nascido na região do Vale do Rio Doce, no território do povo Krenak, o autor vem desenvolvendo, desde a década de 70, um trabalho político de articulação das comunidades ribeirinhas e indígenas. Atuando como jornalista e na militância, conquistou destaque e participou do "Capítulo dos Índios" da Constituição de 88, e, junto à Unesco, da criação da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço.
Esse texto, pode parecer datado por falar do início da pandemia, mas é importante destacar que sua posição, defendida no livro, é anterior ao covid: Krenak acredita que as atividades humanas no planeta devem retroceder tempo suficiente para que ele possa se recuperar.
Antes da pandemia isso parecia impossível, mas a humanidade teve que parar e parou. Retrocedeu. Então não é impossível. Foi feito minimamente, mas foi.
No texto, Krenak discute, dentre outras coisas, o que é ser de fato humano, qual é o preço da liberdade, e que podemos sim entrar na lista dos animais em extinção, porque nada nos separa do restante da natureza. Somos parte dela, estamos tudo e todos, interligados.
Acredito que não podemos esquecer a experiência da pandemia, e já estamos esquecendo. Como espécie estamos correndo riscos, e parece que não percebemos.
Fiquei com vontade de mais Krenak. Foi pouco. Quero ouvir tudo o que ele tem a dizer.