Julia Rodrigues 22/04/2024
Eu sou geógrafa. Minha dissertação de mestrado é sobre a vulnerabilidade e a dispersão do vírus da covid-19 na cidade do Rio de Janeiro, a identificação da população mais vulnerável a doença e a construção dessa vulnerabilidade. O RJ é um município totalmente urbano, em que não se vê população indígena própria. Eu mesma só conheço a Aldeia Maracanã, onde indígenas de diversos povos encontram estadia para resolverem seus assuntos na cidade, seja em eventos ou para estudar (sim, muitos vêm para cá para fazer pós graduação).
Nesse pequeno livro, Ailton traz reflexões sobre a pandemia, que ainda que seja passageira, o que a traz é permanente, sobre sua cultura, e, principalmente, sobre como sobreviver aos pequenos fins do mundo.
Foi um alento para mim, enquanto estudiosa das questões ambientais e da geografia da saúde perceber que minhas opiniões NÃO SÃO SÓ MINHAS. Não sei se sou eu que entendo o Krenak ou se é ele que me entende. Para mim, esse livro foi um aconchego.
A parte que mais me impactou foi quando ele conta o porquê do povo krenak ter optado não ser realocado após a tragédia do Rio Doce.
Recomendo essa leitura à todos, enquanto cidadãos, e um MUST READ para aqueles das geociências e ciências ambientais e da saúde.