Ângela Bittencourt Cardoso 31/01/2023
Sonhou, então, que um anjo vinha encontrá-lo em suas lides de mercador. Viu-se cavalgando o voluntarioso jumento, vergado ao peso de preciosa carga, em verdejante caminho, quando o emissário divino o interpelou, com bondade, em seguida às saudações habituais:
Meu amigo, sabes quantos coices desferiu hoje este animal?
Muitíssimos, respondeu sem vacilação.
Quantas vezes terá mordido os companheiros de estrebaria? prosseguiu o enviado, sorridente: Quantas vezes terá insultado o asseio de tua casa e orneado despropositadamente?
E porque o discípulo aturdido não conseguisse responder, de pronto, o anjo considerou:
Entretanto, ele é um auxiliar precioso e deve ser conservado. Transporta medicamentos que salvam muitos enfermos, distribuindo esperança, saúde e alegria.
E fitando os olhos lúcidos no pregador desalentado, rematou:
Se este jumento, a pretexto de ser rude e imperfeito, se negasse a cooperar contigo, que seria dos enfermos a esperarem confiantes em ti? Volta à missão luminosa que abandonaste, e, se te não é possível, por agora, servir a Nosso Pai Supremo na condição de um homem purificado, atende aos teus deveres, espalhando reconforto e bom ânimo, na posição do animal valioso e útil. nas bênçãos do serviço, serás mais facilmente encontrado pelos mensageiros de Deus, os quais, reconhecendo-te a boa-vontade nas realizações do amor, se compadecerão de ti, amparando-te a natureza e aprimorando-a, tanto quanto domesticas e valorizas o teu rústico, mas prestimoso auxiliar!
Nesse instante, o pregador viu-se novamente no corpo, acordado, e agora feliz em razão da resposta do Alto.