Rafael 23/09/2022
Fantástico!
Dentre os contos bíblicos, sempre achei "a queda" um assunto fascinante, seja a de Lúcifer ou da humanidade. Talvez por essa razão gostei tanto de "Paraíso Perdido" (1667), livro em que o tema foi explorado por John Milton com magistral exercício de sua liberdade poética.
Estruturada em doze capítulos (cantos), a obra criativamente contempla diálogos e embates entre célebres personagens, evidenciando, num primeiro momento, os sentimentos, as motivações e os planos experimentados por Satã e seus companheiros demônios, após serem expulsos dos Céus.
Com o surgimento do Mundo e do ser humano, uma nova dinâmica narrativa se verifica, caracterizada pelo protagonismo de Deus e de seus anjos, partilhado também por Satã quando este, para corromper a especial criação divina, vai ao Éden. Aqui, as percepções evidenciadas sobre liberdade e conhecimento são muito interessantes!
Por fim, embora fadados à expulsão do Paraíso, Adão e Eva são consolados pelo arcanjo Miguel. Por meio dele vislumbram a infeliz trajetória pecaminosa de seus futuros filhos, mas também contemplam a Redenção e os bons frutos de uma vida baseada na fé.
Conta-se que John Milton era cristão (protestante), politicamente lutava contra o monarquismo (para alguns, o rei seria Satã) e teria corroborado, nesta obra, a ideia de inferioridade da mulher em relação ao homem.
Para a leitura, escolhi a edição bilíngue do Clube de Literatura Clássica, que além de ricamente preenchida com notas de rodapé, é acompanhada por um livreto de ilustrações, entre as quais se destacam as do renomado francês Gustave Doré.