@_paralivreando_ 19/10/2020
o amor faz o mundo andar.
?Quando estou aqui em cima, parece que flutuo... O mundo embaixo deixa de existir? sinto-me calmo.?
Começo dizendo que esse livro foi um dos mais lindos que já li e por isso se tornou um dos favoritos de toda uma vida literária. Mesmo com uma trama um pouco mais pesada, ele não deixa de ser lindo, trágico e fofo !!
"...faria o que fosse preciso para satisfazer Ruby. Porque, afinal de contas, ela era a sua melhor amiga."
Narrado em terceira pessoa, o livro nos apresenta a linda amizade entre Ruby Rose e Bobby. Uma amizade que perdura além de uma simples casinha da árvore, mas que carrega segredos mais intrigantes e misteriosos do que a criação e sobrevivência de um bicho da seda!
"...com a mão no peito , juro por tudo o que é mais sagrado, pelo túmulo da minha avó...Até eu morrer. Amém. Irmão de sangue, irmã de cuspe, que dividem o mesmo chiclete e juram por tudo o que é mais sagrado de novo."
Uma promessa que não pode ser quebrada, mas que leva a Ruby Rose a ter dúvidas se deveria ou não quebrar o juramento que uma vez foi feito. A vida de seu melhor amigo e da família deste estava em risco, qual seria a melhor decisão a se tomar?
O que ela, apenas uma criança, poderia fazer quando muitos adultos não deram ouvidos e os que deram não tiveram sucesso?
Na verdade, por que o padre não acreditou em Teresa? Por porque a própria mãe de Lynete não deu ouvidos a própria filha?
"Nunca desista. Se quiser muito alguma coisa, pode conquistar o que quiser."
A primeira parte do livro descreve o dia a dia desses dois jovens, e conforme os fatos acontecem é praticamente impossível acreditar no que a nossa mente está entendendo de toda aquelas situações. E conforme os fatos são confirmados, a sensação de raiva e frustração alcança o leitor.
E são esses acontecimentos que faz com que Bobby fuja para bem longe de toda a civilização e Ruby, com raiva de seu amigo por tê-la abandonado, testemunha uma conversa que pode ser a chave para a condenação de um homem inescrupuloso alguns anos mais tarde.
"Ela sabia que o perdoaria; afinal de contas, era o seu melhor amigo."
Além do testemunho de Ruby Rose, é necessário a presença de Bobby no julgamento, e somente ela com sua persistência e organização poderá encontrar seu amigo de infância e o convencer a voltar para a cidade.
Durante o processo de julgamento Ruby tenta reconquistar a amizade com Bobby, mas ele já não é o mesmo. Um passado sofrido e um presente difícil de lidar faz com que Bobby tenha dificuldades em se comunicar, por isso o pai de Ruby a quem Bobby tinha grande consideração é o único que faz com que esse homem do deserto consiga se abrir.
Após o julgamento, o destino faz com que esses dois amigos se separem novamente, porém agora por um curto período.
"Não penso em muitas outras coisas. Quero apenas tentar viver cada dia sem receber uma surra ou ser mandando para longe"
Ruby Rose sempre foi muito apegada a seu pai. É nele em quem ela encontra a motivação para viver de uma maneira feliz e positiva, até que a morte o leva para longe, para um lugar inalcançável.
É nesse momento que Ruby se perde. Sua organização, sua vontade de ajudar a todos e consertar tudo desaparecem assim como seu pai.
Ruby só não se entrega totalmente a escuridão porque Bobby retorna para resgata-la assim com ela o resgatou.
"Fique feliz com as coisas simples da vida e não vai precisar de muito."
Se eu adorei esse livro? Com certeza sim! Mesmo ele trazendo temas difíceis de lidar, como pedofilia, violência doméstica, preconceitos, depressão e luto. A autora consegue compensar todo esse sofrimento com uma linda amizade que sobrevive décadas, além do significado de uma verdadeira família!
"Não sou o único, Ruby Rose. Um dia, vai crescer e enxergar a realidade. Eu não dou a mínima para mais nada."
Não sei dizer o que é mais chocante nesse livro, a crueldade e perversidade dos "adultos maus", ou a irresponsabilidade e falta de senso das pessoas que acreditam nesses adultos somente por ocuparem uma posição de honra na sociedade.
"Temos muitos segredos agora, que nunca devem ser contados a ninguém. Não que isso importe, porque ninguém liga mesmo."
A primeira parte do livro acontece em meados dos anos 60 e 70, onde o conhecimento e acesso a informação eram precários. Mas analisando nos dias atuais, a humanidade não evoluiu tanto quanto deveria comparado aos anos que já se passaram.
No fim, a sociedade evoluiu em tecnologias e conhecimentos, mas estagnou-se quanto a evolução ética e relacionamento familiar e social!
"? Não podemos viver para sempre ? disse ele. ? Todos precisamos ir em algum momento."