Um dia chegarei a Sagres

Um dia chegarei a Sagres Nélida Piñon




Resenhas - Um dia chegarei a Sagres


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Gustavo611 13/10/2023

Um dia chegarei a Sagres
?Um dia chegarei a Sagres com tudo o que sou. Não disponho de muito, arrasto comigo a humanidade que o avô me ofertou. Meus desconcertos, o único legado.? (Pg. 117)

Neste romance cativante de Nélida Piñon, somos conduzidos por uma viagem pelas memórias de Mateus, um jovem que vem de uma pequena aldeia e se aventura pelas terras e pelas histórias de Portugal, tendo como inspiração figuras emblemáticas da história do país, como o Infante Afonso Henriques e a Sagres dos grandes navegadores.

A narrativa habilmente entrelaça os feitos heroicos da história portuguesa, de início quase romantizados em excesso, com a vida simples e isolada desse jovem, criado por seu avô e constantemente em busca de compreender sua própria genealogia. À medida que mergulhava nas páginas deste romance, tornou-se evidente que a busca de Mateus pela identidade portuguesa transcende a mera exploração das raízes históricas de seu país. Ela se transforma em uma busca profunda para desvendar sua própria identidade e encontrar seu lugar no mundo. E conforme amadurecemos junto a ele e nos aproximamos de nossa própria versão de Sagres, vamos compreender que o destino marca apenas o início dessa jornada.
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Jardim de histórias 20/09/2022

Cheguei a Sagres!
Tudo enfim vai cabendo no meu horizonte infinito, onde a vida me ancorou. O corpo é meu, em pedaços.
Com esse trecho, eu encerro essa incrível epopeia.

A Utopia é um cumprimento fatal de um sonho nem sempre realizável
Nesse romance de formação, um romance de memórias e sonhos, o peregrino Mateus, divide com o leitor, seus sonhos e amarguras. Uma história existencialista, narrada em primeira pessoa de forma impecável. A autora Nélida Piñon com sua erudição já conhecida, desperta em nossa consciência, através dessa história épica, contada de forma crua e sentimental, sobre qual é o limite de nosso ideal, mesmo que seus ideais, sejam somente seus sonhos. Vale ressaltar, o que restaria em uma comunidade pobre do século XIX, em que era controlada pelo clero e abandonada pela monarquia, a não ser pela Utopia?
Um romance adorável, principalmente pela forma extraordinária em que foi escrita. A língua portuguesa é fabulosa!
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Lucy 04/02/2022

O livro é a saga de vida de Mateus, um camponês pobre e bastardo. Que tem como base o amor do avô que o acompanha por toda a narrativa.
Achei o livro um pouco longo e cansativo.
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andrealog 18/12/2021

Maravilhoso, épico, apaixonante
A gente ouve falar de Sagres na escola pela primeira vez, Nelida nos reapresentavas aventuras portuguesas de uma visão absolutamente única!!!! Não há como não se apaixonar e reconhecer a alma lusitana de Mateus e do avô!!! Para ler e reler,
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Raphael 11/08/2021

Nélida Piñon, a maior escritora brasileira viva e uma das maiores da América Latina...
Terminei essa leitura há alguns meses e fiz uma série de posts a respeito no meu Instagram @raphaelivros . Reproduzo aqui o que comentei por lá:

PARTE 1 - Apresentando o Narrador:

Imagine um pobre camponês nascido numa aldeia qualquer às margens do Minho, no norte de Portugal, ali pelos meados do século XIX.

Sua mãe, uma prostituta, prestes a parir, procurara o socorro de um velho camponês a quem um dia, antes de entregar-se a uma vida de pecado, chamara afetuosamente de pai. Esta meretriz, tão logo dá à luz, renega a criança, abandonando-a ao arbítrio do velho: quê fazer? Criar o neto ou abandoná-lo à Roda dos Expostos?

Este velho, de nome Vicente, homem simples e de parcos recursos, engole o seu orgulho e decide amar essa criança, que de algum modo personificava a ofensa à sua honra, engendrada no meretrício de Joana. Garante a este rebento do infortúnio que ali apenas iniciava a crônica de suas tristezas ao menos um pouquinho de amor, em um mundo acostumado a espezinhar os pobres e deserdados.

Quem leu A República dos Sonhos imediatamente se lembrará de como a literatura de Nélida trabalha bem a figura do avô, testemunha dos tempos e elo afetivo de seus personagens com sua ancestralidade, com sua identidade. Impossível não colocar lado a lado o avô Xan e este avô Vicente. E algo me diz que a escritora pensou o mesmo...

Essa criança abandonada, já conduzida pelos anos inclementes à velhice no momento em que se põe a nos contar sua história, é o nosso narrador. Mateus é o seu nome, segundo ele próprio, um “[*****]” de pai desconhecido, nascido numa região arcaica de um Portugal decadente – um Portugal que, embora já disponha de uma Constituição e tenha procedido às primeiras reformas liberais, ainda carrega muitas permanências relativas ao Antigo Regime, notadamente no que se refere a uma hierarquia rígida e excludente dos estados sociais, firmemente referida ao nascimento. Nesta sociedade, Mateus, sendo camponês, deveria morrer camponês; sendo pobre, deveria morrer pobre; tendo nascido um bastardo [*****], deveria conviver com o estigma. Mas a vida não lhe reservará nada além disso? Também o direito de sonhar seria privilégio de aristocratas e burgueses?

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Passagem destacada para a Parte 1:

"Contava o avô que muitos anos antes, hordas de nobres e mercenários, a serviço da [*****]pula monárquica, invadiam as comarcas pilhando colheitas e animais, a matarem quem se opusesse à ação criminal. [...] As famílias, de tanto padecerem em suas mãos, festejavam suas datas na estrita intimidade, evitando assim qualquer sinal de riqueza. A vida reduzia-se à terra, aos animais, ao sexo, ao pão e ao vinho. O sonho fora abolido." (Nélida Piñon, Um Dia Chegarei a Sagres)
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PARTE 2 - Ainda sobre o narrador:

Bem, como um pobre camponês minhoto, nosso narrador efetivamente ascende a um grupo privilegiado nesse Portugal oitocentista: Mateus aprendeu a ler.

Sim, ser alfabetizado naquele contexto era uma condição privilegiada. No final do século XIX, segundo registra o censo de 1890, 76% da população portuguesa acima de 7 anos de idade era analfabeta. Já se disse que Mateus, devido à linguagem que utiliza e a cultura que demonstra, seria um protagonista inverossímil. Particularmente, não considero este um problema do romance, mas tão somente uma questão de licença poética, em um espaço ficcional onde um narrador pobre faz-se senhor da língua. É o próprio Mateus quem nós diz: "(...) Caso em meio a um surto proclame ser Camões, nada roubo dele. É um direito conferido a qualquer português. Quem nasceu onde seja desta terra ganhou do Poeta um certificado de senhor da língua." (cap. 33, p. 135)

O fato é que, incentivado por seu avô e contando com o concurso de um modesto professor de aldeia chamado Vasco da Gama – a escolha do nome não é gratuita –, Mateus consegue obter algum grau de instrução. Faz-se leitor de Camões e, contagiado pelo espírito e pela retórica inflamada desse professor de nome ilustre, um mestre empenhado em “inocular os alunos com a imaginação, a matéria bruta do mundo” (p. 39), Mateus é tomado de fascínio pelo passado glorioso de Portugal, este pequeno país que, no século dos descobrimentos, fez-se pioneiro na aventura marítima e ergueu-se diante do mundo como um Império, uma monarquia pluricontinental. Assim, a imaginação de Mateus passa a buscar na Escola de Sagres um mito fundador, ancorando desde então no século XV. Domina os seus sonhos a figura do Infante D. Henrique e a imagem desse medieval Príncipe de Avis faz-se bússula de seu coração, que desde então passa a ansiar pela estrada para Sagres.

Assim, uma vez enterrado o avô Vicente, Mateus julga não ter nada que o prenda à sua aldeia. Abandona os parcos bens à meretriz que o renegara e lança-se à sua própria aventura portuguesa.

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Passagem destacada para a Parte 2:

"[...] fui salvo pelo que aprendi na escola, que frequentei por insistência do avô. Havia que estudar, ter a leitura como prumo. Por meio dela saberia que o mundo ia além da nossa natureza, dos limites da aldeia. Resisti no início, o que fazer com palavras livrescas, inúteis para a lavoura. Mas, ao ceder, os livros tornaram-se alegria e desgraça simultaneamente e inseparáveis. Não fui mais o mesmo. Um outro ser invadiu-me e não me abandonou." (Nélida Piñon, Um Dia Chegarei a Sagres)
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PARTE 3 - A dimensão do mito como eixo narrativo.

Conforme insinuado acima, um dos eixos narrativos de "Um Dia Chegarei a Sagres", a meu ver, é uma mítica política de conteúdo nacional.

Que é o mito? Para uns, o mito consiste em uma narrativa que se refere ao passado, mas que figura como conteúdo explicativo do presente, tendente a organizar um sistema de crenças, a mundividência de um homem ou de uma sociedade. Para outros, o mito é mera fabulação, mistificação, fantasmagoria a alterar os dados da observação e a contradizer as regras do raciocínio lógico. Outros ainda, numa linha soreliana, verão o mito a partir de sua função mobilizadora. Conforme assinala Girardet, em seu livro “Mitos e Mitologias Políticas”, o mito político se reveste de todos esses aspectos. É "fabulação, deformação ou interpretação objetivamente recusável do real", é narrativa legendária a oferecer códigos para uma dada compreensão do presente e é força motriz, potencialidade de ação.

Em “Um Dia Chegarei a Sagres”, Mateus, vivendo em um Portugal decadente, se abraça à nostalgia de um mito da idade de ouro, figurando um Portugal heróico, impulsionado pela grandeza de um Príncipe de Avis, que teria fundado a Escola de Sagres e preparado o caminho para que um pequeno reino se constituísse como um grande império pluricontinental. A elaboração mítica da experiência humana traz o passado para fora da História, cristaliza uma imagem arquetípica, processa afirmações e esquecimentos, decanta o conteúdo inconveniente para a sagração de um passado ideal.

Assim, Mateus, durante algum tempo, ignora, por exemplo, o papel de seu herói, o Infante D. Henrique, no impulsionamento do tráfico negreiro, que o repugna moralmente.

Quando um conhecimento desta natureza é assimilado, instala-se a crise, o sistema de crenças vacila, a dúvida ganha corpo. Processa-se o choque entre a representação ideal e o real assimilado. Aliás, nesse sentido, valeria perguntar: será que a Sagres a que Mateus eventualmente chegara era a Sagres a que almejava chegar? Será que essa arquitetura mítica sobrevive ao aríete da realidade experienciada?

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Passagem destacada para a Parte 3:

"Apenas há pouco soubera que o Infante D. Henrique incluíra escravos negros entre suas propriedades, trafegara com este comércio vil, havendo sido quase o primeiro a fazê-lo em Portugal. Maculou-me a consciência, empanando meus dias, a revelação do Infante vincular-se a este horror histórico. Não estavam então os heróis a salvo? Também afundavam-se no lodaçal das tentações carnais?

- Ah, Amélia, o que fazer dos nossos mitos? [...]" (Nélida Piñon, Um Dia Chegarei a Sagres)
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PARTE 4 – O Erotismo.

O marco mítico da grandeza portuguesa a que aludi, no entanto, não constitui o único eixo da narrativa. Destacaria um segundo: o Sexo. Trata-se de um romance marcado pelo Erótico.

Comparando com “A Casa da Paixão”, novela de Nélida publicada em 1972 e considerada um dos grandes textos eróticos da literatura de língua portuguesa, me fica a impressão de que o sexo em “Um Dia Chegarei a Sagres” assume um tom mais explícito, mais visceral, mais ousado.

Mateus é um protagonista movido por uma forte e conflituosa pulsão sexual. Conflituosa porque, ignorante dos assuntos do coração, Mateus desafoga-se no sexo com brutalidade, como se vingasse nas eventuais parceiras sexuais a afronta que julga ter recebido, no berço, da prostituta que o pariu. Conflituosa também porque, a certa altura, Mateus acabará se vendo atraído por outro homem, entrando o tema da homossexualidade masculina – ou talvez mais propriamente da bissexualidade – a compor a tessitura do romance.

Mateus se verá dividido entre o amor idealizado por Leocádia, uma figura feminina tão angelical como inatingível para um homem de sua condição, e o crescente desejo – a custo reprimido – por Akin, o Africano.

E aqui abro um parêntese, para que se tenha uma dimensão do quão grave era o crime-pecado da sodomia nesse Portugal oitocentista. O Livro V das Ordenações Filipinas, que vigeu até meados do século XIX como fonte essencial do Direito Penal português, previa morte na fogueira para o sodomita, confisco de seus bens e seus descendentes eram considerados inábeis e infames, do mesmo modo que ocorria aos descendentes dos que cometessem crime de Lesa-Majestade. O Código Penal português de 1852, por sua vez, não previa explicitamente o crime de sodomia, o que não quer dizer que a prática fosse descriminalizada. Era, a princípio, considerada como “atentado ao pudor”, no capítulo dos “crimes contra a honestidade”. Se alguém desconfiasse...

Mas não se preocupem! Não direi o que acontece entre Mateus e o Africano ou entre Mateus e Leocádia. Terão que descobrir lendo o livro. Digo apenas que a coisa toda é muito bem desenvolvida.

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Passagem destacada para a Parte 4:

"E como poderia eu, diante de tão poderoso mistério, que Ambrósio jurava existir, apostar na transitoriedade do amor? E padecer por Leocádia e Akin, almas entre si tão distantes." (Nélida Piñon, Um Dia Chegarei a Sagres)
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PARTE 5 - O que eu achei do livro?

"Minha Pátria é a Língua Portuguesa." Conquanto a frase não seja de Nélida Piñon, é preciso admitir que soaria com muita naturalidade na sua palavra. E sendo sua pátria esta última flor do Lácio, Nélida se faz compatriota do próprio Pessoa e de Camões e, cosmopolita como é, permite-se desconhecer as fronteiras nacionais, numa síntese poderosa que faz de "Um Dia Chegarei a Sagres" um grande livro da literatura lusófona, no qual a imaginação da ficcionista, a exemplo do Infante D. Henrique, é atraída para o Atlântico, a agigantar-se pelo 𝘮𝘢𝘳𝘦 𝘭𝘶𝘴𝘪𝘵𝘢𝘯𝘶𝘮.

Minhas impressões sobre “Um Dia Chegarei a Sagres”? Bem, esta é a primeira vez que eu faço uma série de posts sobre um mesmo livro. Creio eu que isso deva dar alguma dimensão sobre o quanto este livro me impressionou. O texto de Nélida reflete um domínio magistral da linguagem, com frases lapidadas à perfeição. Não sem razão o meu livro está todo grifado e anotado e, também por isso, em cada um dos posts que fiz aqui, busquei trazer alguns excertos para vocês. O Bernardo Soares, semi-heterônimo de Fernando Pessoa a quem pertence a frase com que abri o presente post, que dizia odiar com ódio verdadeiro a página mal escrita, nada teria a reprovar no texto de Nélida, que trata de vestir a palavra com o manto régio que lhe compete, de senhora e rainha. Além disso, para além do valor estético do texto, sempre é preciso ressaltar o amplo repertório cultural da escritora, a dar densidade ao romance a todo o momento.

Também destaco a ousadia da artista no assenhorear-se dos mitos fundadores portugueses e no colocá-los a serviço de uma construção ficcional ambiciosa e vigorosa, que pinta em cores vivas o retrato de uma alma portuguesa que se ressente da decadência, saudosa de uma grandeza perdida. Faz lembrar, quanto a este aspecto, um outro Fernando Pessoa – o ortônimo, de “Mensagem”.

No entanto, essa saudade dos tempos áureos, que fascina e acabrunha Mateus ao mesmo tempo, não se descola da consciência de que toda essa grandeza passada de Portugal nunca foi generosa com os mais pobres. Como ele próprio deixa claro na abertura do romance, esta é a narrativa de um marginalizado, alguém que nunca soube, de fato, o significado de pertencer a esta nação. E, nesse sentido, o livro me remeteu ao Memorial do Convento, de José Saramago, no qual a história da construção do Convento de Mafra, sob o reinado de D. João V, é contada a partir do rés do chão daquela sociedade, através da experiência de figuras marginalizadas como o Mateus de Nélida. O leitor notará, desde o início, que o Mateus que conta a história é um narrador bastante amargurado com a vida que teve.

Um outro ponto que gostaria de destacar é a riqueza das personagens femininas. Vou destacar duas, começando por Matilde – para mim, talvez a personagem mais fascinante de todo o romance. Quem leu o livro talvez dirá a esta altura: sério? As pessoas não costumam ter muito apreço por antagonistas. Ok, eu entendo. Afinal, via de regra, é para serem detestados que eles existem. Mas, cá entre nós, um antagonista bem construído dá vida a um romance, não é mesmo? E quem, afinal, era Matilde? Uma rica e poderosa viúva que vivia na vila de Sagres, com forte influência sobre a vida local. Era também a tia superprotetora de Leocádia, de quem já falei na Parte 4 dessa série de posts. Forte, cruel, manipuladora, perigosa, Matilde dá força ao romance, emergindo como uma figura de poder que se impõe ao seu século. Pobre Mateus!

A segunda personagem feminina que destaco é Amélia, a mulher oriental que Mateus encontrará no epílogo de sua existência. Amélia também dá vida ao romance, mas por uma via diferente, através da empatia, da compaixão, dos sentimentos mais elevados. Trata-se de uma mulher excessivamente maltratada pela vida. É ela partícipe de um dos momentos mais bonitos do romance, que não vou contar aqui para não correr o risco de predispô-los e, assim, influir sobre a experiência de leitura daqueles que porventura decidirem se aventurar por “Um Dia Chegarei a Sagres” [Caso você já tenha lido, pode me perguntar no direct que passagem é essa].

Como escrevi aqui em outra oportunidade, quando acabara de ler “A República dos Sonhos”, fechei aquele livro completamente rendido à genialidade dessa escritora brasileira e tinha ímpetos de fazer coro ao crítico português Eduardo Lourenço, que a considerara a maior escritora brasileira viva e uma das maiores da América Latina. Contive-me – dizia eu – apenas por pudor, por ter a consciência de que ainda tinha muito o que navegar pela sua obra. Logo, movido por esse misto de assombro e encantamento, fiz-me ao mar e, a esta altura, após a minha terceira leitura de um livro de Nélida, despudoradamente e do alto da minha ninguendade – para me apropriar, indevidamente e à minha maneira, de um termo utilizado por Darcy Ribeiro – satisfaço aquele ímpeto inicial, a secundar o mesmo Eduardo Lourenço: é mesmo a maior escritora brasileira viva e uma das maiores da América Latina.

Já tenho um quarto livro de Nélida em mãos: da minha estante, já ouço as “Vozes do Deserto” a me chamar. Então, por ora, encerro essa série de posts sobre “Um Dia Chegarei a Sagres”, com uma viva recomendação de que vocês leiam esse livro.

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Passagem destacada para a Parte 5:

"Desde a escola, o que lia eu festejava. Mesmo quando a leitura era densa e custava-me adentrar em suas páginas, sentia-me como um desaforado liberto para interpretar cada linha segundo meus critérios. Desviei-me, pois, da verdade do autor. Tinha sempre o passado na retaguarda, tudo mais soçobrava na solidão e no despreparo." (Nélida Piñon, Um Dia Chegarei a Sagres)

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P.S.: "A República dos Sonhos" ainda é o meu livro preferido da autora.

site: Instagram: @raphaelivros
Raphael 11/08/2021minha estante
Obs: Como o skoob é moralista, substituiu os palavrões na resenha por [*****]. Chegou ao cúmulo de censurar a primeira sílaba da palavra c ú p u l a. É uma pena. Um espaço para se falar de literatura deveria ser mais livre que isso. Essas intervenções quebram o texto.




Pedro.Gondim 18/07/2021

Em busca de um propósito
"Enterrei o bilhete, sob as folhas caídas, pouco me incomodando que o encontrassem, tomando-o como uma relíquia. E ouvi o sussurro do avô com palavras que inventei: a pobreza nossa foi sempre honrada, igual ao nosso suor, preze, pois, cada memória, elas valem o mundo." (p. 453)
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