Bruna A. 05/12/2021Resenha com spoilers dos três livros da trilogiaBom, vamos lá.
Ella Frank tem um talento muito bom para segurar leitor em ler todas as suas obras. Eu chamo isso de sequestro literário. E Ella Frank é mestre nisso. Por quê? Porque ela tem o dom de criar personagens interessantes e não trabalhar neles na maneira que eles merecem. Daí o leitor fica com cara de palhaço achando que leria algo incrível e se vê preso em uma trilogia onde nada acontece.
Exemplo? Todos os livros dela. Sean e Xander não foram diferentes. Eles nos foram apresentados nos livros Henry e Bailey da série anterior. O que acontece nessa trilogia aqui? Nada. Como assim, nada? Nada, ué. Nadinha, nothing, nope, neeeecasss!
Xander é um apresentador de telejornal famoso, querido pelo público, onde se vê vítima de um stalker mal intencionado. Ele é obrigado a pedir proteção e então tem a ideia de ir até o detetive Sean, amigo dele de anos, irmão do seu melhor amigo.
Mas Xander e Sean são bem opostos. Eles se bicam o tempo todo, se provocam e discutem, mas acima de todas as desavenças são duas pessoas que se respeitam e querem o bem uma da outra.
O que mais gostei dos dois em si foi esse respeito mútuo. E o que me fez acreditar que o casal poderia dar certo. Pra mim, deu muito certo. É indiscutível que uma vez que eles percebem o que sentem a coisa flui de maneira muito simples, muito entendível e aceitável.
O problema? O problema está do lado de fora do romance. Ou seja: todo o resto.
O stalker? É resolvido ainda no primeiro livro. Simplesmente não houve investigação, acabou ali, pá pum. A questão de Sean ser heterossexual? Nem uma palavra. Mas por que isso é problema? Porque Ella Frank já trabalhou o assunto em outros livros dela de forma certa e aqui ela resolveu jogar janela afora. Aliás, esses outros livros foram os meus preferidos dela: Logan e Tate e depois com Viper e Halo. Mas com Sean e Xander não há uma palavra de dúvida sobre a sexualidade do Sean. O cara acorda de um sonho erótico com outro cara, fica tudo bem, e já está pronto pra ter uma relação com um homem. Nenhum questionamento válido.
E apesar de Sean e Xander me convencer desde o início, todos os outros personagens não ficam de bem com essa ideia. Os colegas de trabalho de Xander, a família dele, e principalmente, o irmão do Sean: Bailey. Eles já estão morando juntos e ninguém acredita no namoro! Como pode isso?!
Bailey é o grande problema desse livro, em específico. Se você leu o livro dele não vai acreditar que se trata do mesmo personagem porque toda a construção de quem Bailey é foi jogada no lixo. E se você não leu o livro dele também não vai querer ler porque ele se tornou um personagem insuportável.
Bailey não aceita o namoro por puro ciúmes e inveja. Ele é incapaz de ficar feliz pelos dois e tenta acabar com o namoro. É tanto absurdo que não dá pra acreditar. E pior ainda é que Sean e Bailey não se impõem e aceitam as ofensas como se todos estivessem certos em querer opinar sobre o namoro deles! Não teve um personagem que soube dos dois juntos e veio dizer ?ei, parabéns?. E isso em si, é fodido demais.
Voltando lá na parte que Ella Frank prende os leitores em histórias rasas? Prime Time podia ser resumido em um livro único de 300 páginas. Tirasse tudo o que era inútil, juntava em uma história completa e ela teria um ótimo livro. Mas não, divide em três partes para fazer os leitores voltarem para ela durante o tempo da publicação e entrega um livro abaixo do mediano. Esse é o jeito Ella Frank de ser: você vai passar muita raiva e mesmo assim vai querer ler o próximo sabendo que vai ser a mesma coisa de antes. ?