Bia 10/08/2021
Perdi meu medo da chuva.
Em "Primeiro eu tive que morrer", Lorena Portela nos guia pelas curvas da vida de uma jovem publicitária doente e cansada, que odeia seu trabalho e que aprendeu a se odiar. Como o título sugere, a protagonista é uma mulher morta por dentro, ou alguma coisa muito perto disso.
Os amigos e a psicóloga, então, a obrigam a tirar umas férias forçadas, a afastar-se do trabalho que tanto a fere e da vida dolorosa que ela leva em Fortaleza. A mulher, então, escolhe como destino a pacata e paradisíaca vila de Jericoacoara.
A personagem principal não tem nome (e só agora o percebo). Ela sou eu, você, Lorena Portela, todas nós ao mesmo tempo. E talvez, por isso, sua história seja tão desconcertante. Acho que preciso de alguns dias, no mínimo, pra absorver tudo o que essa brevíssima história me fez sentir. Acho que, agora, morro e renasço com a narradora da história.
Neste livro, Portela fala sobre amor. Um amor indizível e inexplicável: romântico, próprio, bonito e feio, projetado nas pessoas, nos temperos, nos lugares. Um amor que circunda, transborda e dói. Amor por Glória, Guida, Luana, Sabrina, Ana e Amália. Como Cris Lisbôa coloca tão sabiamente no prefácio, é um amor que sussurra: "vai".
Me faltam palavras para descrever o que achei e o que senti durante a leitura e o que acho e sinto agora. O melhor que posso fazer por você, que agora lê esta resenha emocionalmente frágil, é recomendar que leia e que veja e sinta tudo isso, que eu não sei descrever, por você mesma.