Ricardo.Borges 22/05/2023
A vida pode ser profundamente dura e, muitas vezes, neste mergulho, nós somos perversos conosco mesmos ao não admitir isso, de fato, apostando nossas fichas em qualquer válvula de escape. No começo do livro, me identifiquei com o excesso de trabalho vivido pela protagonista que, infelizmente, ainda soma dores que apenas as mulheres poderiam relatar de maneira tão vigorosa (e, até mesmo, desconfortável). Além do impacto dessa violência, também me deparei com o reconhecimento da geografia e , digamos, sociologia de Jericoacoara, um lugar incrível. Mas estes itens são apenas panos de fundo para uma história sofrida, com muita dor, ? daquelas cujo grito fica na garganta e não sai ? que faz o leitor ter vontade de intervir, de ajudar, ou mesmo de não acreditar que aquele sofrimento todo é possível. O primeiro plano é uma enxurrada de relações humanas com amores, carinhos, afetos, esforços, expectativas, traições e medos?
A forma como a autora conduz a personagem nestas relações é sedutora (para o leitor), a ponto de eu não querer para de ler antes de finalizar, de salvar a vítima, de fazer alguma coisa!
Eu torcia para que o livro tivesse mais algumas páginas e acontecesse algo muito feliz no final, mas, ao mesmo tempo, também sabia que isso contradiria tudo o que fora construído até ali?