Kamyla.Maciel 31/08/2021
A reta é uma curva que não sonha
Depois de dois meses longe dos livros, por completa falta de concentração e estímulo e questionamentos pessoais, esse livro caiu no meu colo. Uma amiga me indicou e, por ser um livro curtinho, acreditei que me ajudaria nesse retorno. Que maravilha ter voltado direto para essas páginas, que coincidência encontrar questões minhas nas vidas das personagens.
É um livro sobre mulheres, feito por uma mulher brasileira e nordestina, toda sua produção e criação envolve mulheres. E todo esse universo feminino está fortemente presente na história.
Fala sobre uma mulher de trinta anos que se vê sobrecarregada de trabalho, de culpas, de medo, de insegurança e de autossabotagem. A personagem foge na tentativa de se encontrar. Mas, antes de se achar, é preciso se curar de todas as dores de uma vida sendo mulher. E nesse ponto, o livro consegue ser muito sensível, trazendo três personagens de gerações diferentes e que dividem os mesmos problemas. E isso é ser mulher. Enfrentar os medos na tentativa de libertar-se.
O livro poderia ser maior, se aprofundar mais, mergulhar mais na vida das personagens. Terminei com a sensação de que queria mais. Mas, talvez tenha sido essa a intenção da autora, fazer um livro impactante, curto e reflexivo. Mesmo curtinho, é preciso fazer uma pausa, respirar, digerir?
Fora o cenário em que a história acontece?. Praia, nordeste... maravilhoso!
Super indico a leitura. E quanto ao título, é uma frase de Manoel de Barros que está no prefácio (maravilhoso, por sinal) e que faz todo sentido ao terminarmos o livro.
Trecho:
Atravessei um deserto nestes últimos dias. Meu corpo não aguentou, minha cabeça ainda dói, ainda sinto sede, mas estou do outro lado. Cheguei. Ainda não sei o que fazer daqui pra frente, desconheço este lugar em que me encontro agora, mas estou descobrindo. Quero descobrir. Preciso descobrir.