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Visões William Blake




Resenhas - Visões


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Paulo 19/08/2023

William Blake
Da coleção, se ela vale a pena, ela contém as Canções da Inocência e da Experiência, e o Matrimônio do Céu e do Inferno, só por isso justifica a leitura. Sobre em geral, a mitologia do Blake é muito truncada, é um trabalho satisfatório tentar desvendar a sua visão do mundo, que era muito além do seu tempo em sua época, e muito além do nosso também
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Diego Rodrigues 25/11/2022

Abrindo as "portas da percepção"
Nascido em Londres, em 1757, William Blake foi um dos mais influentes poetas e artistas plásticos ingleses. Desde cedo, afirmava receber a visita de entidades celestiais, tendo sua mente sido assolada por visões de natureza fantástica que o artista buscava retratar através de suas pinturas e poemas. Estudou arte na renomada Royal Academy, mas tinha como marca registrada a total recusa por seguir qualquer doutrina artística e a constante oposição a seus tutores e colegas de classe, o que acabou resultado no desenvolvimento de uma arte muito única e característica. Sua obra é vasta e intrinsecamente ligada a questões que assolavam o século XVIII, como as ideias iluministas, a Revolução Industrial inglesa e suas consequências. Pagou um alto preço pela produção de uma de suas principais obras: as ilustrações para "A Divina Comédia", de Dante; trabalho exaustivo que o levou a negligenciar seu péssimo estado de saúde e acabou ficando incompleto por conta de sua morte.

Trazido ao Brasil pela editora Iluminuras, "Visões" compila nada menos que onze livros publicados pelo autor entre os anos de 1789 e 1795, das "Canções da Inocência e Experiência" às chamadas "Profecias Menores", passando pelo "Livro de Thel", "O Matrimônio do Céu e do Inferno" e outros clássicos. O volume nos permite acompanhar de perto o desenvolvimento da obra de Blake em um dos períodos mais prolíficos de sua carreira, bem como o vislumbre de sua peculiar visão de mundo. Os poemas estão dispostos na língua original e na tradução de José Antonio Arantes, que também assina o prefácio. Aliás, que prefácio! Quase uma biografia, riquíssima em informações.

Tida por muitos como difícil, a poesia de Blake (sendo ele também tido como louco, às vezes) configura uma experiência de leitura única. As imagens que o "Bardo de Álbion", como ficou conhecido, são, muitas vezes, perturbadoras. E mesmo que possam ser tratadas como fantasiosas (Blake detestaria esse termo), suas poesias estão fortemente ligadas ao contexto histórico em que foram concebidas. Há muita crítica social e questionamentos aos dogmas religiosos de uma Inglaterra extremamente moralista. Blake era um fervoroso questionador do mundo ao seu redor e isso fica bem claro em sua mais célebre citação: "se as portas da percepção estivessem limpas, tudo se mostraria ao homem tal como é: infinito." Conceito que ecoa, por exemplo, nas obras de Aldous Huxley e na música dos Doors.

Se é realmente uma poesia difícil? Talvez o termo mais correto seja enigmática. O livro está recheado de notas de críticos e estudiosos especializados em Blake e, adivinhe?, nem mesmo eles chegam a um consenso. Seus poemas estão repletos de simbolismo, ambiguidades e referências bíblicas. Blake também bebe muito de "Paraíso Perdido", de John Milton. Sem dúvida, essa leitura (que estou devendo faz tempo) fez falta para uma maior compreensão da obra. Mas a experiência não deixou de ser imersiva e intrigante. Em diversos momentos, me peguei pesquisando suas pinturas, em busca de alguma pista que pudesse dar luz a alguma passagem que não havia entendido. É o tipo de leitura que inspira o leitor a ir atrás de referências, favorece o trabalho de pesquisa e desperta a sede de saber mais sobre esse intrigante e peculiar poeta do século XVIII.

site: https://discolivro.blogspot.com/
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