spoiler visualizarDriely Meira 14/07/2021
Tá, vamos lá.
Antes de mais nada, quero deixar claro que gostei muito da escrita da autora, é bem fluída e envolvente, e eu fui lendo sem nem perceber o tempo passar.
Segundo, eu não consegui gostar das personagens. Odiei a Marina e a maneira como ela tratou a Carol, mas também não consegui gostar muito da Carol, porque na primeira oportunidade ela voltou correndo para a pessoa que havia diminuido-a por causa de sua sexualidade. Carol é pan, mas seus amigos e sua ex-namorada são babacas do tipo "nossa, mas se você gosta de meninas eu não posso me trocar na sua frente" e "ah, mas você é só uma garota hétero querendo aventura com uma mulher", e ela não fala nada para se defender ou para, pelo menos, explicar que pessoas hétero não são alecrins dourados irresistíveis e que o fato de ter namorado um homem não significa que ela é automaticamente hétero, e que sua orientação sexual não é o que a define, muito menos algo a ser questionado. As pessoas precisam parar de questionar a sexualidade alheia, de ficar monitorando quem pode ou não ser isso ou aquilo, porque a gente sabe que as pessoas são únicas e muito mais do que uma simples palavra. Sexualidade não define ninguém, sem contar que não é da conta dos outros, né?
Eu gostei da Carol ter dito à Marina sobre o quanto a magoou, e de ter percebido que Marina não é tudo o que ela idealizou, e até aí eu estava gostando do conto, porque deu para perceber que a Carol deixou de lado tudo o que havia feito-a se sentir mal e estava indo atrás do curso que queria fazer e falado umas boas para a Marina, mas aí ela praticamente joga tudo no lixo e passa pano.
O final do conto é aberto, então existe a possibilidade de Carol ter voltado para o Rio e seguido com a sua vida, deixado a babaca da Marina em seu passado e dado um jeito nas amizades com idiotas que ela tinha, mas não quero nem pensar na outra possibilidade. Quando estamos na escola pode ser que não tenhamos muito como escolher as amizades e a gente nem mesmo tem tanto conhecimento a respeito de questões políticas e sociais, mas na faculdade esse leque se abre, e se alguém te faz mal, você se afasta, não fica por perto para ouvir a pessoa te diminuindo.
Enfim, eu gostei da escrita da autora e adorei essa capa (muito fofa), além do cenário em que a história se passa (festa de São João na Paraíba), mas em relação aos personagens, realmente deixou a desejar.
PS.: Ninguém tem o direito de questionar sua orientação sexual, ninguém tem o direito te diminuir da maneira que for, de tentar de colocar em uma caixinha ou te tratar mal porque "achou que você ia agir de maneira tal". Se alguém te fizer mal, se afaste, não importa quem seja. A vida é curta demais para perder tempo agradando quem te quer mal.