Well 11/12/2022
Cyberpunk incrível. Gibson é gênio.
Uma ou até a melhor leitura que fiz até o momento do ano.
A narrativa é em dois núcleos, em dois tempos diferentes. O primeiro é onde séria o presente, que é o mais próximo do que conhecemos, seguimos Flynne uma jovem garota que vive em um mundo onde a política e a economia estão quebrando, com empregos disponíveis relacionados ao trabalho em restaurantes locais, fabricação de drogas, impressões 3D ilegais, jogando videogame por dinheiro entre outras coisas.
E é em um desses videogames que a história começa. Burton, irmão de Flynne, trabalhava em um jogo de realidade virtual, em que atuava como um drone afastando paparazzis de pessoas famosas. Em certa ocasião, ele pede que Flynne o substitua, e ela acaba presenciando um assassinato, durante a partida, que mudará não apenas a sua vida, mas também, toda sua concepção da realidade.
E então conhecemos Wilf Netherton que vive no futuro, mas não o futuro de Flynne. Em um mundo cheio de tecnologia extrapolada, corpos alugados chamados de periféricos e quase sem vida humana. Depois de um evento chamado Sorte Grande, boa parte do mundo foi despovoado.
Nesse futuro em Londres, de alguma forma acidental, descobriu-se uma forma de transmitir dados de um lado para o outro no tempo, assim, quando Flynne presenciou um assassinato no jogo, se tratava de um assassinato real de uma cliente de Wilf, uma vez que eles estavam interligados no tempo através de dados.
Entretanto se eu falar mais alguma coisa sobre a trama estragaria a surpresa. Só digo uma coisa, apenas leia este livro. O Periférico recompensa aqueles que respiram fundo e mergulham fundo, sem saber nada, sem esperar nada.
Embora as primeiras páginas seja de uma leitura difícil, habitual de Gibson, no decorrer da trama ficamos completamente submersos na história. Os mundos de Periféricos não são nada novo, no que diz respeito a futuros imagináveis na cultura pop, porém a forma como Gibson prevê o futuro, através do texto, é absurdamente atual e condizente com tudo que somos hoje. Isso torna a história ainda mais fascinante.
Não conheço todos os livros que tem elementos de viagem no tempo, mas o usado nesse, rua cheia muito original. Ela é concebida de uma forma plausível, levando em conta avanços tecnológicos.
Gibson, fez um trabalho incrível com este livro. Oferecendo novamente aquele futuro tátil, onde se pode sentir, na pele, as sensações de andar pelas ruas futurísticas criadas pelo autor. Gibson cria um futuro assombrado pelo passado o que significa, é claro, assombrado pelo nosso presente, lidando com contínuos agora em mundos afetados por mundos, que desagua em uma história que, além de entreter e divertir, nos faz refletir sobre as escolhas que fazemos hoje poderem interferir no futuro e forçar outros a viverem sob a consequência dos nossos erros.
Este livro apesar de ser uma trilogia, ele possui o final fechado.
Agora só me resta aguardar a editora Aleph pelo lançamento do Volume 2. Que acredito que deve apresentar o leitor novos personagens... Como é normal nas trilogia do Gibson.