Resenhas - Cem vezes uma

Marcos Milone 27/01/2021

Muito mais que cem, todas diferentes
Cem histórias em 100 páginas. Cem textos de uma só escritora — Ana Bretas. A conheci na Oficina de Rodrigo Petronio, no primeiro semestre de 2019. Lembro da sua gentileza e cuidado nas palavras, assim como dos trechos do livro que projetava — LGBT idosos reunidos numa comunidade em co-habitação nos dias de hoje, até onde eu lembro. Não sabia que do projeto dessa empreitada ousada — trazer 100 em cem.

Ana nos brinda com uma concisão de narrativa que se alia à narração literária e, muitas vezes, a uma prosa poética envolvente e original. Seus contos às vezes são feitos de apenas um parágrafo curto, outros trazem dois ou três. Todos cativam, sem exceção. Por ter sido enfermeira por muitos anos ouviu, guardou e entrou em muitas histórias, inclusive algumas recentes que envolvem a pandemia de Covid-19. Muitas de pessoas idosas, a maioria mulheres, já no final da vida, outras apenas pequenas cenas do cotidiano, que a autora presencia ao deslocar-se numa megalópole como São Paulo.

Posso destacar alguns textos que me marcaram, em particular, como Bolinha de Sabão (página e história 15), Carrinho de Rolimã (22), Coelho sai da toca (27), Corrida com obstáculos (29), Corrida de Saco (31), Dança das Cadeiras (33), Desafio (34), Escalada (38), Estilingue (44), Gato e Rato (49) e assim vai até Tempestade no Mar (97). São muitas…. Sugiro que você leia e faça o mesmo, marque aquelas que mais te impactaram, ou simplesmente navegue pelo oceano de Bretas e se surpreenda a cada virar de páginas, títulos, números, mas, sobretudo, narrativas.


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