O lápis do bom Deus não tem borracha

O lápis do bom Deus não tem borracha Louis-Philippe Dalembert



Resenhas - O lápis do bom Deus não tem borracha


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Debora 25/04/2021

Um pouco do Haiti. Ou da AL?
O narrador em 1a pessoa, cujo nome desconhecemos, é um homem que viajou o mundo, mas que passou a 1a infância em Porto-Pinto, na fictícia Salbumda. Adulto, retorna à cidade para procurar uma figura importante de sua infância, Faustino "negro de Yaguana", como ele se denomina. Faustino é um homem que sai do interior para tentar "fazer a vida" na capital, sem nunca conseguir. Mas, por orgulho, também se nega a retornar à sua terra, apesar de mandar esposa e filha de volta. Nestes caminhos, passa a viver no quintal de Ponte-Napoleão, avó do narrador. É a partir destes personagens e de seu entorno pobre que o narrador vai tentar contar a história do Haiti - ou de QQ outro país pobre e sua gente.
Este é o enredo geral, mas confesso que extrair isso no meio de tantas frases curtas não é nada fácil. Toda a vez que se pega um fio, a frase acaba e o corta. No fim, foi uma leitura bastante cansativa por isso, embora rápida (para mim).
Valeu conhecer o autor, mas não me desperta vontade de novas obras.
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Vilamarc 02/04/2021

Ditados sem tecla SAP
Premissa: um escritor que retorna a sua terra natal décadas depois em busca de reminiscências da infância, não constituiu novidade na literatura latina ou mesmo haitiana. Dany Laferrière já o fez com o brilhante "País sem chapéu".
O que temos aqui é a busca por um personagem icônico dessa infância perdida "Faustino I negro de Yaguana" na fictícia Salbunda, cidade de Porto-Pinto (não entendi essa necessidade de ficcionalizar os lugares, sendo Gogmagog os EUA e o país vizinho a Benezuela).
A memória da busca refaz a galeria de personagens da comunidade-favela naquilo que há de pior nesses espaços e cotidianos Miséria, imundice, exclusão, mendicância, fome, prostituição...) e se exaure no desmantelamento do espaço-favela e na diáspora de seus moradores, inclusive do menino-narrador.
O ponto alto para mim foram as relações trabalhistas do casal Faustino e Maria que evidenciam a persistência das relações escravistas em casos de Assédios de toda espécie.
Por fim, ressalto que a escrita do livro é bastante truncada, visivelmente problemas de tradução. Mas que evolui no decorrer do livro. Outra necessidade ainda é uma tecla SAP (Notas) para os ditados populares, ora em francês, ora em creole, e até em italiano.
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