Vilamarc 02/04/2021Ditados sem tecla SAPPremissa: um escritor que retorna a sua terra natal décadas depois em busca de reminiscências da infância, não constituiu novidade na literatura latina ou mesmo haitiana. Dany Laferrière já o fez com o brilhante "País sem chapéu".
O que temos aqui é a busca por um personagem icônico dessa infância perdida "Faustino I negro de Yaguana" na fictícia Salbunda, cidade de Porto-Pinto (não entendi essa necessidade de ficcionalizar os lugares, sendo Gogmagog os EUA e o país vizinho a Benezuela).
A memória da busca refaz a galeria de personagens da comunidade-favela naquilo que há de pior nesses espaços e cotidianos Miséria, imundice, exclusão, mendicância, fome, prostituição...) e se exaure no desmantelamento do espaço-favela e na diáspora de seus moradores, inclusive do menino-narrador.
O ponto alto para mim foram as relações trabalhistas do casal Faustino e Maria que evidenciam a persistência das relações escravistas em casos de Assédios de toda espécie.
Por fim, ressalto que a escrita do livro é bastante truncada, visivelmente problemas de tradução. Mas que evolui no decorrer do livro. Outra necessidade ainda é uma tecla SAP (Notas) para os ditados populares, ora em francês, ora em creole, e até em italiano.