bia | @biatalendo 20/07/2023
Fiz as pazes com o Joël Dicker!
Eu tinha uma coisa com o Dicker que era a seguinte: nunca vi uma escrita tão péssima e constrangedora de personagens mulheres.
Eu abandonei Stephanie Mailer e Harry Quebert foi sofrido demais. Não gostei das tramas, achei elas exageradamente densas, mas a maneira que mulheres eram escritas simplesmente não tinha cabimento. Eram jovens frívolas, sempre femininas, bobas, burras, com o único propósito de agradar os homens da trama, era absurdo de ruim.
No entanto, acredito que ele tenha se redimido comigo após O Enigma do Quarto 622
Ele não dá ponto sem nó e a escrita dele deixa ganchos absolutamente precisos para os próximos capítulos. Você precisa ter atenção para ler, há diversos pontos de vista, personagens, idas e voltas no passado, mais histórias, é denso, mas muito bem construído.
Dicker se importa com os personagens dele a ponto de exigir pelo menos um breve parágrafo apenas para dar uma backstory para determinado personagem. Alguns defeitos que eu tinha achado na trama tiveram uma explicação genial. Simplesmente amei as reviravoltas e como elas se encaixaram ali.
É um livro lançado em 2020, e eu acredito que ele tenha tomado noção da sua escrita sobre mulheres, aqui está MUITO melhor. Não há passividade exclusivamente feminina, ou personagens sonsas que servem de apoio, me senti mais confortável lendo.
SPOILERS ABAIXO!
Eu achei genial que tinha algumas coisas da trama política e empresarial que não faziam sentido serem tão fáceis. Eu pensei: ok, temos que dar uma colher de chá para o escritor, algumas coisas precisam ser facilitadas pela mágica da literatura. Mas quem estava fazendo isso não era o Dicker do nosso mundo, e sim Joël Dicker do livro! Genial um plot dentro do outro, isso explica o porquê de algumas coisas terem sido facilitadas, ora, é a mágica do escritor.