Ana Júlia Coelho 16/07/2023Em um hotel luxuoso, Joël se hospeda com a intenção de tirar umas férias. Esperando encontrar calmaria e tranquilidade, o que ele encontra é uma moça que lhe instiga a curiosidade ao narrar um inusitado caso não resolvido nesse mesmíssimo hotel: um assassinato misterioso ocorrido no quarto 622. Agora Joël sente que precisa escrever um romance sobre essa história enquanto anda pelo mundo atrás dos investigadores, das testemunhas e de qualquer pessoa que possa ter alguma relação com o caso.
Somos levados para alguns anos antes, quando uma eleição para presidente de um banco muito tradicional está para acontecer, junto de um assassinato no fatídico quarto. Também somos levados pra mais antes disso ainda, quando Macaire, o natural sucessor de seu pai, põe tudo a perder ao ceder suas ações e sua vaga no conselho para um misterioso senhor Tarnogol, e ninguém soube do motivo para tal absurdo.
Essa história me agradou mais que os dois livros anteriores que li do autor. Ainda que muito extenso – poderia ter umas boas 200 páginas a menos -, despertou minha curiosidade a respeito da trama. Isso porque o autor vai desenvolvendo os personagens de um jeito maravilhoso, criando intrigas, mentiras, segredos e traições. Esse é um livro que nenhum personagem se salva, todos são podres e mau caráter, o que só enriquece a narrativa.
Meu problema ficou por conta do desfecho. O livro é bem devagar, entregando as informações aos poucos, criando perguntas e mais perguntas na cabeça do leitor e intercalando três linhas do tempo (ficou mal trabalhado, me deixando confusa em alguns momentos), mas quando o autor decide entregar respostas, não dá tempo pro leitor respirar! É plot atrás de plot atrás de plot, e não sei se essas soluções me agradaram. Cheguei num momento que mais nenhuma revelação me surpreendia. Também não gosto de como alguns autores trabalham o mistério central de alguns livros, e aqui foi assim também. Tem segredos que se torna natural guardar, e vão se mostrando aos poucos. Mas tem uns que já deviam ter sido revelados, mas os autores forçam a barra ao não mostrar pro leitor. O livro tinha de tudo pra ser impecável do início ao fim, mas foi pouco crível a solução e chata a enrolação para dizer quem foi a vítima no quarto. Mas é um bom livro durante o desenvolvimento.
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