chuwanning 18/05/2021
Uau
Então, finalmente terminei Lebre da Madrugada. Eu gostaria de ter lido mais rápido, mas enfim foi! Lebre da madrugada me chamou muito a atenção por causa da capa, que entrega todos os elementos da história que você precisa saber antes de começar a leitura. Sério, se existe um trabalho de capa bom que emparelha coesão de imagem com o conteúdo dentro do ebook, é esse.
(Minha experiência)
Eu tive muita dificuldade de engatar a leitura porque o ritmo às vezes era bem acelerado. É um livro com um universo próprio complexo, o Andras é um protagonista cativante e muito inteligente (adoro pps inteligentes) e uma narrativa um tanto frenética. Estava sempre acontecendo alguma coisa, uma confusão, um perigo, um atentado, uma briga, uma conversa importante. Muito bom. Isso varia, pode ser que você goste ou não. Apesar de gostar, eu preciso ler mais devagar ou me confundo.
O fato é: tem muito personagem sendo apresentado aqui. Às vezes aparecia alguém e eu já não lembrava mais de onde veio, nome, se era de Solária, amigo do Andras ou do outro povo lá. Aí tinha que parar e pensar: "ah, aquele lá que fez tal coisa."
Dá pra notar que o Arthur vai escrever um segundo livro pelos próprios cliffhangers que ele vai deixando ao longo da história. Não tem tanta brecha reparada quanto um livro único teria. Muita coisa é posta ali pra realmente desenvolver (a) aos poucos ou (b) em outro livro mesmo. Eu não costumo ler sagas de fantasia, mas pra conteúdo LGBTQIAP+ eu dou uma chance. Sem falar, é claro, que de fato o que ele apresenta aqui te deixa com a sensação de: "tá, mas e agora?"
O worldbuilding foi muito bem feito, mas ainda acho que existiram pontos onde eu fiquei me perguntando se tinha lido algo errado, porque o sentido daquilo fugia da minha consciência. É que é muita coisa para um primeiro livro, muito personagem que podia ter bem menos espaço (e esse espaço podia ser dado aos protagonistas, que teria ficado mais dinâmico). Sempre que eu estava bem perto de me preocupar real com o Aeselir, por exemplo, vinha uma cena de personagem x fazendo uma coisa nada a ver com o Andras e o Aeselir bem longe dali, e eu perdia o foco. Talvez seja algo pessoal, por eu preferir enredo character driven, ou talvez, como eu disse, o Arthur queira desenvolver as coisas num tremendo slowburn e fechar brechas num próximo livro.
Não shipei o casal principal tanto quanto poderia. Eu senti muito mais algo por parte do Aeselir (sempre erro o nome kkk), olhando de longe e com cuidado, do que do próprio Andras. Não senti tensão nenhuma entre eles, e por mim se a história fosse a mesma coisa, só que eles sendo amigos mesmo, teria sido de boa porque (a) também amo histórias de amizade e (b) senti que o Andras muito mais gosta do Aeselir do que se atrai por ele. Já notei que vem livro 2 e quem sabe eu consiga shipar vendo mais deles.
O universo de Lebre da Madrugada é bem interessante. Tem a dualidade do Sol e da Lua, umas descrições envolvendo magia antiga muito bacanas. Alguns personagens secundários eu realmente não consegui curtir, porque eles apareciam do nada e do nada também sumiam, como se para cumprir uma cena x e PAH, evaporassem, sei lá. Foi meio difícil entender algumas coisas do contexto de conflito entre povos. O worldbuilding em termos descritivos é incrível, mas a política da situação me confundiu. E eu honestamente ainda não saquei qual é a do Aeselir (talvez tenha sido proposital).
Recomendo muito.
Todo meu respeito ao Arthur. Foi difícil entender o livro dele, mas o cara escreve muito bem. Vou ler o segundo sim porque, sendo sincere aqui: quero ver Andras e Aeselir juntos sim! Quero ver o negócio pegar fogo e eles fazendo a cachorrada lá sim!