Resenhas - Neoliberalismo como gestão do sofrimento psíquico

luaa 17/09/2023

Este livro é bem completo com os vários artigos, e faz uma leitura real sobre a nossa sociedade atual. o básico resumo, é perceber que além de um funcionamento econômico, o neoliberalismo estrutura as nossas relações, a forma como nos vemos... culpalizando os sujeitos, caso não tenha sucesso e se houver sofrimento, também na linha da autoculpalizacao. necessário! principalmente para um olhar psi, sobre as construções de diagnóstico.

Baconzitas 05/04/2024

Bem feito, mas chato
Procurei pensando (e desejando) mais sobre psicanálise e diria que 70% ou mais do livro é sobre economia

Bem escrito, mas chato ?

Alan Alves 26/12/2022

Aqui temos uma grande compilação bastante necessária para entender como o sofrimento psíquico se molda a partir do contexto econômico e ideológico. O sofrimento é coletivo, e não individual como a doutrina neoliberal insiste em empurrar goela abaixo.

Henrico.Iturriet 20/07/2023

Neoliberalismo
Esse sistema econômico é uma merda, o neoliberalismo é traiçoeiro e faz todo mundo acreditar o inverso do real. Ele tem tudo, menos o discurso da realidade material.

Bia 25/12/2023

"A economia é só um meio, o nosso objetivo eh mudar
" mentes e corações" Margaret Thatcher!
neoliberalismo é uma nova identidade a partir da despolitização da vida, da quebra da sociedade, do indivíduo que não precisa dos outros e nem de um estado que o proteja. vamos desmontar o estado e dar poder aos indivíduos!! o indivíduo empresa, o indivíduo proprietário de si, q não precisa de lei trabalhista, não precisa de seguridade social... vc é livre pra vender sua propriedade no mercado sem qualquer proteção social, e se vc não estiver satisfeito vc pode sempre melhorar. se eu sou individuo empresa eu vou querer sempre potencializar meu capital humano, certo? logo eu devo sempre investir, todo tempo é tempo de investimento, é tempo de trabalho, é dinheiro... e você não pode parar pq sempre tem alguém querendo ser melhor que você, a concorrência tá a mil. A vida hoje é vista numa lógica empresarial. E o que isso gera? Novas formas de sofrer!! Não é por acaso que a depressão se potencializa na emergência do neoliberalismo. A depressão também pode ser vista como a potencialização de uma autocobrança, a sensação de que tudo que vc faz não é suficiente que vc deve perfomar e melhorar todos os dias. Ou seja a cobrança já não é externa a você, a cobrança foi internalizada a você. Não há necessidade de um gerente d um fiscal de uma lógica disciplinar, vc internalizou essa autocobrança, o capital humano é você, você é sua empresa logo vc deve potencializar a sua performance. Profunda insegurança pq tudo que vc faz não é suficiente... Pq afinal vc continua sendo um trabalhador mesmo não enxergando isso, um trabalhador >sem proteção social< A depressao vai ser a materialização do fracasso, nessa tentativa de se autovalorizar nessa tentativa de investir e melhorar a cada dia, Não por acaso a DSM-III vai tratar a depressao de forma biologizante, não como a depressao fosse um reflexo da nossa forma de vida social, e sim como um problema biológico, individual, ou seja só pode ser tratado com medicamentos. Ou seja uma indústria passa a vender medicamentos para tratar e aumentar a perfomance e para fazer o indivíduo lidar com o sofrimento cotidiano. A população e a classe trabalhadora passa a viver a base de medicamentos para suportar o fardo da existência, de um amanhã incerto, de uma vida despolitizada, com indivíduos sem qualquer vínculo. Temos um mercado livre, indivíduos livres, se vendendo ao mercado e o mais forte sobrevive .
( Lido em outubro )

Denise 09/08/2022

Neoliberalismo como gestor do sofrimento psíquico
Neste livro é apresentado um trabalho incrível de pesquisa e estudos acerca de como o neoliberalismo afeta e contribui para l sofrimento psíquico, ou melhor, define o que é o sofrimento psíquico da sociedade contemporânea, de forma que a psicologia e a psiquiatria entendem e conceituam os transtornos mentais, visto pela evolução dos DSM, bem como promovem os cuidados em saúde mental, e a contribuição para a cultura da indústria dos psicofármacos. Discute-se o conceito de liberdade (especialmente do mercado), o qual se funde com o de felicidade almejada por todos (sucesso/fracasso); bem como o fato de que passamos a ser vistos e nos vermos como empresas, que precisamos nos autogerir, estabelecer metas, ser produtivos. É uma leitura complexa, mas necessária.

Rhuan Maciel 25/07/2022

Apesar de saber muito pouco da teoria psicanalítica e ela ser amplamente utilizada na construção do saber teórico do livro, a leitura foi muito esclarecedora e importante. Desse modo, a obra delimitou muito bem a ação do neoliberalismo como criador e gestor so sofrimento psíquico, debatendo com os conceitos de liberadade da escola de chicago e outros autores que pautam o debate atual.

Em segundo plano, vale ressaltar o grande papel da ideologia e a maneira como ela se infiltra na psique das pessoas, subjetivando conceitos neoliberais. Isso acarreta no adoecimento mental sem que se perceba que interiorizou essas ideias. Por esse motivo não é possível dissociar a economia neoliberal da psicologia neoliberal, uma vez que esta é necessária para a validação daquela, dominando os indivíduos psicologicamente, fazendo-os achar que a realidade e a verdade são as verdades neoliberais. O ser humano aqui enxerga-se como uma empresa, em que seu sucesso e sua falha dependem apenas de si mesmos, ou da maneira que a “empresa” foi gerenciada. Essa mentalidade exaure a culpa do Estado e do sistema, transpondo-a para cada pessoa individualmente.

Outro ponto importantíssimo é a discussão sobre a maneira como a psiquiatria e a psicologia moderna tratam o tema, já que não procuram ser etiológicas e acabam por fazer o que o mercado farmacológico quer. Essa questão transformou a psiquiatria em apenas uma tratadora de sintomas, uma máquina de receitar farmácos. Entretanto deve-se citar que os autores não estão atacando o uso de medicamentos, mas apenas criticando o uso de medicamentos como único fim do tratamento, o que acaba colocando o adoecimento mental como um simples mercado, em que sua propagação traz mais lucros. Dessa forma, quanto mais pessoas forem diagnosticadas com algo, mais vantajoso é para a big pharma. Isso lembra bastante o conto de Machado de Assis, O Alienista, que reflete sobre a definição de loucura e leva Simão Bacamarte a prender toda cidade na Casa Verde. Basicamente, algo muito similar acontece na realidade, em que o diagnóstico é feito com critérios condescendentes aos interesses de quem financia, assim é favorável que todos possam ser encaixados com algo.

Além disso, existe a tentativa de tornar inúmeras doenças mentais como consequência exclusivamente biológica, o que sabe-se não ser uma verdade (ou pelo menos não é provado de forma alguma), embora seja muito propício para a conjuntura do mercado neoliberal. Portanto é inexorável a volta da procura pela causa do sofrimento psíquico, buscando fugir dessa ideia de enhancement humano que assola o consciente do mundo inteiro.

Com tudo isso posto, e sabendo que não contempla tudo que foi debatido no livro, urge a necessidade de disputa nesse campo que cada vez mais se emaranhou com a perspectiva neoliberal. Por isso cresce a responsabilidade de luta contra esse sistema e essa ideologia, as quais apenas reificam o ser humano em todos os níveis possíveis, acarretando um grande sofrimento e sendo um empecílho na vida humana.

Gisele 29/05/2022

Livro interessante para compreender a relação entre política, economia e saúde mental e como esta última é vista de diferentes maneiras em distintos momentos históricos.