bia prado 10/12/2022odeio admitir isso, mas amo um romance entre um capitalista e uma nobreeu não sei como essas autoras conseguem, mas esse ship funciona sempre. só alguns exemplos: "Tempt Me at Twilight", "Chasing Cassandra", "Secrets of a Summer Night", todos os três da Lisa Kleypas e "Norte e Sul", da Elizabeth Gaskell. é parecido com o enredo quando tem um CEO poderoso bilionário, mas quando é romance histórico acrescenta-se ao plot um elemento de proibido, já que não era bem visto buscar o lucro e nem trabalhar.
cada livro da série “A League of Extraordinary Women” foi uma surpresa e esse aqui não foi diferente. a autora realmente busca aprofundar os personagens, suas motivações e angústias, e não é raso como alguns romance históricos. não que ser raso seja necessariamente ruim, mas aqui é possível encontrar um maior aprofundamento nos protagonistas. a trajetória do casal não é isenta de turbulências e desentendimentos e gostei de como a autora trabalhou isso. eles vêm de contextos sociais muito diferente e é natural que tenham opiniões distintas sobre o mundo. então, foi muito bonito ler sobre eles encontrando um lugar em comum e realmente conversando. o casal realmente ouve, respeita e aprecia um ao outro. ao final, eles são realmente parceiros e, na medida do possível para o século XIX, iguais.
o início do relacionamento deles é bem turbulento e isso faz com que tudo que eles construam juntos seja feito em cima de um terreno instável. logo, a “solução” pra essa questão foi bem inusitado e algo que eu nunca tinha visto num romance histórico. apesar de inicialmente não aprovar, fez muito sentido pra história e acho que essa foi uma das adversidades mais difíceis que um herói já teve que passar pra provar seu amor. realmente fiquei com dó dele kkk
a autora também traz vários elementos históricos que deixam o enredo mais interessante. além do feminismo, são abordados no livro outros temas com respaldo em questões sociais, como desigualdade social e de gênero, problematizando a relação de patrão x empregado, os direitos trabalhistas e as melhores condições em ambientes de trabalho insalubre. e gostei da forma como tudo isso foi abordado. não com um tom educativo, mas mais leve e que mostra esse lado político dos personagens. a protagonista, Hattie, não era uma das minhas favoritas do quarteto de amigas, mas ela tem uma agência e força que eu não esperava. além disso, ela realmente estava tentando buscar seu lugar no mundo e foi uma bela surpresa acompanhar sua jornada.
também vale apontar que grande parte do enredo é um: quando eles vão consumar o casamento? então, achei que quando realmente acontecesse, o livro pararia de ser interessante, mas não foi exatamente isso que aconteceu. ainda fiquei instigada a continuar lendo, justamente pelos protagonistas serem interessantes e o final foi algo que eu não esperava, como disse anteriormente.
o livro é longo, sim, mas valeu a pena a leitura. eu gosto bastante da autora e do que ela se propõe a fazer, porque dá pra ver que o trabalho não é feito pela metade sabe. as referências que Dunmore traz pro enredo são fruto de pesquisa e ela consegue balancear muito bem o romance com as questões políticas, sem ofuscar o casal ou ficar cansativo. acho que Portrait of a Scotsman não é o meu favorito da série, mas, se você gostou dos outros, vale a pena dar uma chance pra esse. (e o hot é sempre muito bom kk)
tropes/ conteúdo:
- arranged marriage
- only one bed
- em alguns aspecto remete à história da “bela e a fera”
site:
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