Dante

Dante Alessandro Barbero




Resenhas -


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Claudia.livros 01/05/2024

Uma biografia incrível de um dos mais incríveis escritores que a humanidade já produziu.

Livro bem escrito, com linguagem fluida, mesmo se tratando de uma obra a respeito da vida de alguém que viveu nos séculos XIII e XIV.

O autor costura de maneira magistral as informações de biógrafos antigos, como Boccaccio. Além da vida de Dante, nos leva a caminhar e conhecer as diversas cidades da Itália medieval por onde Dante passou, com sua história ímpar, repleta de guerras e disputas. Papas, reis, famílias nobres? Temos!

E temos Dante, um poeta apaixonado por Beatriz. Um político audaz, que foi expulso de sua cidade Florença e exilado por fazer parte do partido perdedor. Um homem que virou cidadão do mundo. O cara que escreveu A Divina Comédia, que é a obra que moldou o imaginário humano a respeito do Inferno, do Purgatório e do Paraíso e que deixou um legado para o mundo.

Foi um prazer conhecer o senhor, Sr. Dante Alighieri ??
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João 30/08/2022

Dante: a biografia - Alessandro Barbero
O trabalho dos biógrafos de Dante Alighieri é, antes de mais nada, um jogo de ligar os pontos, que parte de referências esparsas para delinear a silhueta do personagem e seus movimentos mais marcantes.

Quase tudo o que se sabe sobre a vida do poeta florentino é reflexo dos registros autobiográficos gravados pelo autor em suas obras, notadamente o que nos foi legado através da Vita Nuova e da Comédia. Afora isso, o que sobra é fruto de poderosos esforços de dedução alicerçado em indícios históricos, fragmentos de documentos e associação entre fatos correlacionados.

É verdade que há muito de conjectura acerca dos fatos que cercam a vida de Dante. Basta lembrar do que se escreve acerca da formação intelectual do poeta, sobre a qual pouco se sabe com algum grau de certeza, valendo mencionar aqui a figura de Brunetto Latini, que é tomado por alguns dantistas como preceptor de Dante, e até mesmo como aquele que teria sido o guardião legal do poeta após a morte de seu pai, apesar da falta de documentos que ratifiquem tais deduções.

Há importantes imprecisões sobre a data e os motivos que cercaram o casamento do autor com Gemma Donati; do mesmo modo, o número varia quando se trata de identificar os irmãos do poeta, e até hoje se especula sobre quem teriam sido os filhos de Dante, além de Pietro e Iacopo; tudo isso pra não falar da datação de seus manuscritos, dos lugares por onde andou o poeta durante o exílio, e a real relação que o poeta travou com os grupos políticos da época, os guelfos brancos e negros, e os gibelinos.

Tudo isso está bastante permeado por conclusões extraídas de raciocínios dedutivos empreendidos pelos biógrafos, dada a escassa solidez dos registros históricos. Isso não significa que a reconstrução histórica da vida de Dante careça de fundamentos. Embora rarefeitos os registros documentais, o esforço biográfico dos dantistas goza de significativa credibilidade, dadas as exaustivas pesquisas realizadas ao longo dos séculos, que permitiram traçar com relativa certeza os passos do poeta, ou, quando menos, imprimir verossimilhança sobre o perfil do poeta a partir de especulações fundadas no contexto histórico e no cotejo das informações disponíveis.

Em “Dante: a biografia”, o historiador Alessandro Barbero debruça-se com esmero na pesquisa em torno desse personagem histórico. Dado seu pendor acadêmico, o biógrafo italiano faz o levantamento bibliográfico sobre a vida de Dante, aludindo aos estudos realizados pelo principais dantistas, sem descurar de referenciar cada uma de suas conclusões sobre o tema.

Exemplificativamente, é interessante mencionar a questão acerca da posição social ocupada por Dante. É antigo o esforço o biográfico para definir se o poeta era um nobre ou não. Hoje não sobram dúvidas de que Dante não pertencia à nobreza florentina (os magnatas, os cavaleiros), mas também não era pobre ou simplesmente um remediado. Situava-se certamente entre as camadas superiores, gozava de algum prestígio de sobrenome (graças a seu trisavô Cacciaguida) e usufruía de boa fonte de renda (“vivia de renda”).

A biografia escrita por Alessandro Barbero oferece ricas fontes bibliográficas e tem o cuidado de situar o leitor na cena da pesquisa realizada pelos dantistas; em contrapartida, perde-se um pouco com isso o fluxo narrativo e a leitura naturalmente fica mais contida.

Embora me pareça que o primeiro capítulo da obra, intitulado “O dia de São Barnabé”, exiba um pouco mais de força narrativa, o caráter puramente literário da biografia vai arrefecendo ao longo dos demais capítulos, dado o peso dos registros documentais, das citações e das fontes bibliográficas.

Nesse ponto, o livro de Barbero se distancia do estilo mais literário imprimido por outros biógrafos de Dante em suas obras, das quais vale citar “Dante: o poeta, o pensador político e o homem”, de Barbara Reynolds, que propõe uma biografia construída à sombra da força narrativa da Comédia.

Evidentemente, as diferentes biografias se complementam, umas assoberbadas de dados e registros documentais, outras mais leves e entregues ao fluxo narrativos, porém pobres em referenciais.

Recomendo aos que pretendem iniciar a leitura sobre a vida de Dante fazê-lo pela biografia escrita pela Barbara Reynolds. E, uma vez permanecendo o interesse na pesquisa, seguir com a leitura do livro escrito por Alessando Barbero.
Fernanda.Caputo 06/04/2024minha estante
Excelente!




SRConinck - @akleituras 16/02/2022

É finito il libro!
Muitas informações e muitas especulações.

Foi uma leitura diferente da que eu imaginava, com mais questionamentos do que propriamente esclarecimentos.

Minha sugestão é que se leia primeiro a Divina Comédia antes desta biografia. Ou, melhor ainda, que se faça uma leitura paralela, aproveitando o excelente índice onomástico incluído ao final dessa obra.
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Tiago Fachiano 21/01/2022

Exilio
A vida desse grande poeta, um dos primeiros a escrever um livro na língua vulgar (não latim) foi cheia de emoções e principalmente conviver com um exílio longuíssimo de sua cidade natal, Florença. Dante se envolveu diretamente com a política de sua cidade. Isso trouxeram alguns inimigos e pós golpe dados por eles, o poeta se viu numa encruzilhada, onde a única solução foi viver sua vida longe da família e vagando por vários lugares entre as montanhas. Nesse exílio foi escrito uma das maiores obras da história humana: A Divina Comédia.
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 09/01/2022

Alessandro Barbero - Dante: A biografia
Editora Companhia das Letras - 432 Páginas - Tradução de Federico Carotti - Capa de Riccardo Falcinelli - Lançamento: 2021.

A Divina Comédia, escrita por Dante Alighieri (1265-1321) é uma das obras mais importantes da literatura universal, um poema épico dividido em três partes: Inferno, Purgatório e Paraíso, escrito no dialeto florentino, em oposição ao latim, e que se tornou a matriz do que entendemos hoje por língua italiana. No entanto, o que mais surpreende nesta biografia é a atuação política e militar do "poeta supremo", como Dante costuma ser chamado hoje, que foi exilado em janeiro de 1302 após um confronto violento entre duas facções políticas rivais de Florença na época: os "Brancos" e os "Negros", uma divisão do partido então no poder, os Guelfos.

O livro começa com uma descrição detalhada da batalha de Campaldino (1289) onde lutaram florentinos contra o exército da região de Arezzo. A participação nesta batalha demonstra que Dante, apesar da dedicação aos estudos e do talento nato para a poesia, não vivia fora do contexto político da época, "era jovem como todos os outros – e ser jovem significava também ir à guerra quando a pátria assim exigia". Como descreve o autor, não podemos ter certeza disso, mas de acordo com a biografia de Leonardo Bruni de 1436, Dante estava entre os 150 cavaleiros que foram escolhidos para ficar à frente dos demais, "seriam os primeiros a se lançar à carga, caso se decidisse pelo ataque, ou os primeiros a sofrer a investida, caso fosse o inimigo a atacar."

"Dante nasceu e viveu até os 35 anos numa cidade que, para a época, era enorme: com seus 100 mil habitantes, era uma das maiores metrópoles da Europa. Seus mercadores operavam em todas as cidades do mundo cristão e seus banqueiros administravam as finanças do papa, isto é, da mais colossal organização multinacional existente no mundo. Os lucros eram vertiginosos, os enriquecimentos rapidíssimos, a mobilidade social mais importante do que em qualquer outro lugar, e, apesar disso, a ganância, a inveja e o medo entre os florentinos, em vez de se aplacar, tornavam-se sempre mais ferozes, envenenando o convívio coletivo: é compreensível que quem vivia às margens de tais contatos, mergulhado nos livros e se contentando em viver comodamente de rendas, como Dante, visse com desprezo os protagonistas dessas relações. A questão, no entanto, é mais complicada do que isso, e ao longo da vida Dante expressou ideias contraditórias sobre a nobreza, isto é, sobre a importância de ter antepassados: eram diversas de acordo com o momento, a ponto de fazer pensar numa evolução de suas ideias a esse respeito e, ainda mais, conforme estivesse abordando a questão em termos teóricos ou falando muito concretamente sobre si e sua família." (pp. 24-5)

Na Florença do século XIII, ter um sobrenome era a comprovação de que se pertencia a uma família conhecida e influente. "Ter sobrenome era como ter brasão: não era para qualquer um e atestava uma posição social elevada. Reconhecia-se de pronto a identidade de quem pertencesse a uma família com sobrenome: era, de todo modo, alguém mais importante do que um Buonaiuto do finado Ponzio qualquer." No entanto, não significava pertencer à nobreza, nem algum tipo de privilégio jurídico. Os Alighieri podiam se orgulhar de ter sobrenome havia quatro gerações.

Dante conheceu Beatriz Portinari, a filha de Folco di Ricovero Portinari aos nove anos e ela teria apenas oito anos, embora não se tenha certeza da veracidade desse encontro. Ele voltaria a vê-la somente aos dezessete anos em um encontro casual na rua, nessa ocasião ela já era casada com Simone de' Bardi que pertencia a uma famíla de grandes banqueiros de Florença. Beatriz morreu aos 25 anos. Esta estranha paixão, que nunca se concretizou, transformou-se em um amor platônico, marcando para sempre a obra de Dante.

"É o próprio Dante que relata, na 'Vida nova', o encontro entre ambos. Ele estava para completar nove anos e ela acabava de completar oito: estamos, portanto, na primavera de 1274. Dizemos que ele 'relata', mas não é verdade, pois não apresenta nenhuma cicunstância, a não ser que Beatriz usava um vestidinho vermelho-sangue e que ele se apaixonou por ela naquele mesmo instante. Devemos acreditar nessas afirmações e, em especial, na idade dos dois protagonistas? Dante apresenta a 'Vida nova' como um capítulo extraído do livro 'livro de minha memória', mas os estudiosos se perguntam, e com razão, se o autor de uma obra que, para todos os efeitos, é literária e, digamos, até um romance, precisaria, ao se introduzir como personagem, respeitar fielmente os fatos nos quais se inspirara. A importância do número 9 na simbologia dantesca pode nos fazer desconfiar das idades e, portanto, da data: nunca saberemos se, afinal, ele não teria inventado inclusive o fato de tê-la encontrado pela primeira vez quando ambos eram crianças." (p. 75)

O historiador Alessandro Barbero utilizou não somente documentos, cartas e certidões que sobreviveram à passagem do tempo, mas também outras biografias famosas sobre Dante escritas anteriormente, como as de Boccaccio e de Leonardo Bruni, assim como trechos de livros do poeta florentino, principalmente da obra-prima "Divina Comédia" e dos tratados: "Sobre a línguagem do vulgar", "Monarquia" e "Convívio", além da autobiografia "Vida nova".
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