Nagisa 08/10/2021
Felicity Montague, o ícone que decepcionou
Eu admirei essa garota desde o livro do Monty, adorei cada fala dela e suspirei de orgulho cada vez que ela realizou ou falou sobre procedimentos médicos. E no entanto, agora estou bastante decepcionada
Não com ela como um todo, se uma coisa que Evelyn Hugo e Armin Arlet me ensinaram é que ninguém é realmente bom ou mal, mas definitivamente com o recomeço dela, já que não ficou claro para mim exatamente o que iria acontecer e eu estava esperançosa que o epílogo iria contar com uma descoberta de como conseguir esse tal remédio milagroso sem explorar os animais. Peço, caro leitor, que segure as rédeas da sua paciência antes de ler o que direi a seguir, pois sou vegana, mulher e queer e não aprendi a fingir que a injustiça não exista, mesmo que seja "ficcional".
É um absurdo a forma como se referem aos dragões marinhos, como se eles não passassem de objetos, simples mercadorias. Não são recursos, seu maldito, são animais! Esse egoísmo em querer descobrir a cura dos dragões e trazê-la a humanidade machuca, porque vocês estão fazendo parecer que é algo sem consequências. Nenhuma forma de vida é melhor ou mais importante que a outra, e quando você diz que, apesar de "amar" as criaturas, gostaria de fazer experimentos com elas, exprime toda a natureza egoísta do teu coração. Pense comigo, se o homem não é melhor e mais capaz que a mulher, se o hétero cis não é superior a pessoa queer e se o branco não é melhor que o negro ou que qualquer pessoa de outra etnia, por que diabos os seres humanos seriam melhores e mais importantes que os animais? É inadmissível que essas três mulheres maravilhosas e destemidas que procuram serem reconhecidas e não mais discriminadas pela sua aparência, seu gênero e seus gostos sejam capaz de tomar essa decisão como se não fosse nada, como se não fossem vidas.
O livro é perfeito, a autora como sempre caprichou mas sinto-me de coração partido por esse final, gostaria que não fosse assim.