Amanda.Passos 30/08/2016
Melhor livro da vida
Minha opinião: Antes de qualquer coisa, Emily Brontë é uma autora incrível que no decorrer de sua vida não teve muito sucesso com os textos que publicou. Eles eram definidos por sua irmã Charlotte como “uma música especial – selvagem, melancólica e elevada”. Mesmo com a pressão da época sobre a mulheres, Emily e suas duas irmãs (Charlotte e Anne Brontë) publicaram alguns romances com pseudônimos masculinos. E, dessas publicações, surgiu O morro dos ventos uivantes. No início, Emily não obteve muito sucesso com as vendas do livro, porém, atualmente, esse romance é um clássico da literatura.
O morro dos ventos uivantes é narrado por Nelly, uma criada que esteve presente durante a história do casal protagonista, e por Mr. Lockwood, um homem que habita a cidade depois dos acontecimentos principais. É uma história narrada em primeira pessoa por narradores que também são personagens, porém a história se divide no passado (na maior parte do tempo) e no presente.
Nelly narra a história de duas famílias: os Linton (donos da Granja Thrushcross) e os Earnshaw (donos do Morro dos Ventos Uivantes). Ela conta sobre a chegada de Mr. Heathcliff na família Earnshaw quando ainda era criança e sobre sua relação com os irmãos de criação. Conta sobre o amor por Catherine Earshaw (futura Mrs. Linton) e também sobre sua vingança. A história gira em torno dos motivos e consequências da vingança de Heathcliff e seu amor incondicional por Catherine. É um romance que mostra que o amor vai além da morte e que a vingança também.
Quando começei a ler foi bem complicado pois não me vi interessada de primeira, porém, no desenrolar da história me apaixonei completamente por esse romance TÃO diferente. Não é comum como os romances de Nicholas Sparks ou Jojo Moyes, claro, eles são autores atuais, mas esse romance não é do tipo mimimi cheio de amor e palavras bem bonitas que fazem você suspirar a qualquer momento. É um romance fechado, que mostra o pior de cada personagem, cada detalhe (bom ou ruim) da personalidade deles e a maneira de falar de cada um (por exemplo: se é alguém que não tem estudo, a fala muda, e vice-versa).
Uma das coisas que mais gostei nesse livro foi a narração, pois achei a participação do Mr. Lockwood e de Nelly essencial para o andamento da leitura. Acredito que Emily quis mostrar muito mais da vida naquela época, sobre como uma criada poderia ver as situações. Há muito relatos de Charlotte sobre a irmã, dizendo que ela nunca viveu exatamente o que escreveu, mas observava muito e essa característica esta presente em Nelly, que apesar de participar da história de maneira ativa, é muito observadora e seus comentários acrescentam no entendimento da leitura. Gostei dessa narração pois na maioria dos romances podemos ver que sempre é a visão de um dos protagonistas e dessa vez foi uma visão ampla das coisas, uma visão de quem estava fora da situação, ou seja, fora do romance.
Difícil criticar de forma negativa esse romance, pois Emily soube desenvolver tão bem a história que eu me vi envolvida em cada momento. É um livro relativamente grande com uma linguagem um pouco mais rebuscada em comparação aos livros atuais, mas mesmo com esse tipo de linguagem a leitura flui muito bem e no decorrer do livro você se vê amando Catherine e Heathcliff e outras vezes odiando esse casal. É um livro extraordinário e entrou na minha lista de livros favoritos. É o tipo de leitura que se eu puder, indico para qualquer pessoa. Amante ou não de romance, esse livro é capaz de conquistar até os corações “anti-amorzinhos” (até porque não é um livro amorzinho).