mimperatriz 09/06/2022
A ultima filha
Que livro potente!
Em ?A última filha?, Fatima Daas imprime autenticidade ao utilizar uma linguagem fragmentada e uma estrutura de texto muito particular que prende o leitor logo nas primeiras páginas.
Além disso, os temas discutidos são atuais, relevantes e necessários. Fátima é vulnerável e isso também conecta o leitor.
Ela conta um pouco da vida de Fatima Daas - sim, ela é a narradora e a protagonista da história -, francesa de família argelina e muçulmana que está descobrindo os sentimentos, o amor, a sexualidade e principalmente o seu lugar nisso tudo.
Num mundo que significamos o gênero e a religião das crianças antes mesmo do nascimento, é fundamental que as pessoas conversem sobre as diferenças. É importante lembrar que a identidade de gênero é uma criação social e por isso todas as formas de esclarecimentos sobre o tema - e de descobertas, inclusive na ficção - são importantes para que as pessoas se identifiquem, se entendam e se sintam representadas na sociedade (lembrando aqui que a Simone de Beauvoir afirma, nas minhas palavras, que ?a gente não nasce, a gente se torna? e Foucault, ao falar do corpo e do poder disciplinar, afirma que o longo processo histórico de normalização e normatização das condutas vão sistematicamente suprimindo as familiaridades naturais e ?disciplinando os corpos?).
O livro é potente, mas também é sensível e de extremo bom gosto.
Leiam A última filha.