Andrea 26/02/2021
A dor do abandono
Cem Çelik sonhava em ser escritor, só que pelas circunstâncias da vida, virou geólogo e assim montou a base de sua vida, uma vida cheia de mágoas e culpas, mas também de amores e curiosidade.
Aos quinze anos mora com os pais em Istambul, e toda noite leva o jantar para o pai, que é envolvido com manifestações políticas. Um dia o pai não retorna para casa, em um primeiro momento a mãe chora, imaginando que o marido tenha sido preso. Mas depois ela adota uma postura resignada, fazendo o adolescente desconfiar que o motivo era outro.
Com a situação financeira debilitada, o jovem rapaz acaba arrumando um emprego em uma livraria, mas ao terminar o ano escolar, eles se mudam para a casa de um tio, em Gebze. É lá que ele irá conhecer Mahmut, um mestre em escavar poços.
Narrado em primeira pessoa e traduzido da versão inglesa, A Mulher Ruiva é sobre o abandono de um filho, citando diversamente a história Édipo e de Shahnameh, que tratam de parricídio e filicídio, esta falta da figura paterna em comum nas duas histórias levam a fatalidade de matar o pai ou o filho que desconhece.
Já na história de Orhan Pamuk temos um poço profundo de questionamentos, saudades, carência, mágoas, raivas e o peso que apenas os filhos que não são amados do jeito que mereciam por seus pais carregam.
Para os leitores que foram criados com amor, é a possibilidade de ver o grande vazio que a falta de um dos genitores faz, mesmo na vida adulta. Para os leitores que já passaram por isso, pode ser a reabertura de velhas feridas, ao mesmo tempo a possibilidade de fazer bem diferente com os próprios filhos.
Resenha completa no blog: http://literamandoliteraturando.blogspot.com/2021/02/a-mulher-ruiva.html?m=0