lie 22/03/2024
?Você poderia me beijar ou cortar minha garganta, e ambas as coisas fariam muito sentido.?
Similar a Drácula, de Bram Stoker, a história de Pacto de Sangue é narrada a partir de uma carta; desta vez, de Constanta, a primeira Noiva, para seu marido, seu criador, após matá-lo. Seu intuito é justificar, pelo menos para si mesma, os pecados que cometera ao longo dos séculos, bem como relatar as próprias vivências enquanto vítima de seu senhor.
E, em relação às vivências de Constanta, a narrativa é simultaneamente gutural e discreta. Ela, que desde o início de sua imortalidade se vê invariavelmente ligada a seu esposo, descreve as sutilezas de uma relação abusiva que escala até chegar a seu limite. Explora os limiares entre o amor, a proteção e a violênci, além de estabelecer relações vibrantes e interessantes à sua própria maneira entre todos os personagens presentes na trama.
É, também, um deleite em questão de ambientações históricas: durante toda o livro, seus personagens percorrem a Europa em diferentes épocas, sob diferentes óticas; e, claro, em relação à clássica representação vampiresca na literatura gótica ? como fã de Drácula, eu não poderia estar mais satisfeita com o prato cheio de simbolismo, culpa cristã, hedonismo, não monogamia e vingança feminina! Grata!
De todo modo, minha única reclamação é por ser um livro tão curto. Sinto que eu leria mais duzentas páginas sobre Constanta, Magdalena e Alexi e não me cansaria.