Betinha 06/06/2021
EU TENHO UM NOME, NÃO ESQUEÇAM DISSO!
"Erga a cabeça quando as lágrimas vierem, quando você for ridicularizada, xingada, questionada, ameaçada, quando disserem que você não é nada, quando seu corpo for reduzido a buracos. A jornada será mais longa do que você imagina, o trauma vai sempre achar um caminho para vir à tona.Não se torne as pessoas que magoaram você. Continue gentil com seu poder. Nunca lute para ferir, lute para animar." Chanel Miller
"Eu tenho um nome" é um livro de memórias que relata o abuso sofrido por sua autora, que por quase dois anos teve que assumir uma outra identidade para se proteger de outros tipos de ataques, além de um julgamento brutal que só reforça que a culpa, a responsabilidade, a vergonha, o descrédito, o repúdio, tudo pertence a vítima e o culpado, que o tempo todo é chamado de acusado ou suposto suspeito (redundância?) é o merecedor do benefício da dúvida, é quem terá a vida arruinada por uma "decisão ruim ou estúpida", não cabe a ele se defender e sim acusar, desacreditar humilhar, desmerecer a vítima e diminuir o próprio ato em si!
Agressão sexual torna-se uma irresponsabilidade por excesso de álcool, uma escolha ruim, "ela não disse não", "eu acho que foi consensual" e nunca uma VIOLÊNCIA UNILATERAL cometida por um homem que tinha sim o poder de discernir entre o certo e o errado e optou pelo estupro! Estupro não é sexo!
Infelizmente não é assim que esse tipo de crime é tratado pela sociedade, pelos tribunais, pela mídia, ainda temos muito que lutar para que a cultura do estupro seja destruída, desconstruída, eliminada da nossa sociedade e vista como uma VIOLÊNCIA que valida que todo tipo de abuso sexual continuem sendo relativizado, subestimado, tido como um crime de menor importância e não algo hediondo, sem justificativa e sem perdão! Precisamos de punições mais severas para o ABUSADOR, é sobre eles e não sobre o comportamento, a vestimenta ou atitude da VÍTIMA! Quem comete o abuso é quem deve ser julgado e não a vítima.
Foi de uma coragem absurda escrever um livro revelando não só sua verdadeira identidade, assim como todos os detalhes, principalmente a crueldade da denuncia ao julgamento. De todo rito e prorrogações do julgamento a sentença. Das apelações da sentença até a punição e assim por diante!
Outro ponto que foi bem abordado no livro que quero ressaltar: a perversidade e parcialidade da mídia que é misógina e permissiva!
"E, por fim, às meninas de todo o mundo , eu estou com vocês. Nas noites em que se sentirem sozinhas, eu estou com vocês. Quando forem questionadas ou desmerecida, eu estou com vocês. Lutei todos os dias por vocês. Então nunca parem de lutar, eu acredito em vocês." Emilly Doe - nome e identidade que Chanel "precisou" adotar durante todo o processo: do abuso até o lançamento deste livro.