julia 18/06/2024
Brasil, 2024.
Ler esse livro é difícil em qualquer situação, mas lê-lo no momento em que o debate atual no Brasil é se deve ser aprovada ou não uma lei que condena uma mulher que realizou um ab0rt0 a passar mais tempo na cadeia do que um estuprador é diferente.
o que a Chanel Miller traz aqui é o que vemos no nosso dia a dia, em casos de violência sexual quem é a verdadeira pessoa sendo julgada? não é difícil descobrir, abra os comentários do Instagram, veja postagens no Twitter, procure julgamentos entre as notícias, converse na rua sobre o tema com as pessoas. a vítima, a vítima, a vítima. sempre ela. duvidam dela, julgam ela, criticam ela, xingam ela, criam narrativas falsas sobre ela. uma mudança de foco. um apagamento de quem deveria ser o foco. são tantos casos e tantas injustiças.
ela mostra como o impacto de uma violência vai além do momento em que acontece, 1, 2, 3 anos, não importa, a marca fica pelo resto da vida. quando vemos uma notícia é algo momentâneo, nos gera revolta, tristeza, mas passa, pra vítima esses sentimentos duram a vida inteira. tudo que eu conseguia pensar lendo era: não sei se eu aguentaria passar por tudo isso, ter essas marcas no meu corpo, o pensamento constante. à Chanel e todas as mulheres que também tem um nome, eu as admiro muito, vocês são fortes demais.
o sentimento que fica é a insegurança, o medo, desânimo, mas também a vontade de continuar a luta por todas as mulheres, mesmo parecendo que nunca vai acabar. deixem nossos corpos em paz. parem de nos violar.