Trilogia de Copenhagen

Trilogia de Copenhagen Tove Ditlevsen




Resenhas -


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Max 08/04/2024

Copenhague...
Ler é viver mil vidas, sim, eu sei que é uma máxima, mas que encaixa perfeitamente aqui. A forma intimista, espontânea e muito original de falar sobre si mesma é tocante, nos enlaça. Dividido em três partes, a primeira se vive uma vida muito humilde, de sobrevivência, é tão pouco que nem dá para sonhar, para ver sentido na vida. Na parte seguinte, com um pouco mais de entendimento, vive-se de sonhar, mas sonhar tão pequeno que de um pedacinho de um nada, se encontra a felicidade. Na última parte, tendo o tudo, perde-se a felicidade, perde-se a si mesma. O que estou falando aqui é de coisas muito singelas, que não se materializam de tão impalpáveis, o atar de mãos, o olhar profundo, um bem querer. Aquilo que tendo, negligentes que somos, vão se tornando intangíveis, até se esvair entre os dedos...
Ah, se de fato pudéssemos viver mil vidas, juro, faria melhor, faria mais...
A melhor leitura que fiz esse ano!
Super recomendo!
Regis 10/04/2024minha estante
Que resenha linda, Max, amei! ???


Max 10/04/2024minha estante
Obrigado, Regis!? Sua generosidade espanta-me!?


Max 10/04/2024minha estante
??


Regis 10/04/2024minha estante
Sua capacidade de dizer muito com poucas palavras me cativa, então não se espante, adoro conhecer livros novos através de suas resenhas. ??


Fabio.Nunes 11/04/2024minha estante
Emocionante meu amigo. Eu já ia ler esse livro, agora então ele subiu na fila


Max 11/04/2024minha estante
Obrigado, Fabio! Leia!?


miguelswt 08/09/2024minha estante
Que bela a sua resenha! Estou lendo agora o livro. Ainda me encontro na primeira parte. A leitura está sendo deliciosa.


Max 08/09/2024minha estante
Obrigado, Miguel!




alineaimee 14/03/2024

Devastador
Relato subjetivo:
Foi uma leitura que me prendeu e que fluiu muito bem. Autobiográfico, o livro trata da busca por Tove de se estabelecer como escritora sendo pobre, e, posteriormente, da fase de sua dependência em remédios.
A vida da mulher vai ladeira abaixo.
A gente percebe como alguém pode se acabar estando ótima, como a roda da fortuna pode dar a maior das rasteiras.
Dividido em três partes, o livro foi devorado nas duas primeiras. Li com muito interesse.
A última parte foi desesperadora e me deixou arrasada.
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kiki.marino 16/05/2021

As memórias e impressões da infância é um período que agrega muito impacto pro resto da vida de uma pessoa, ainda mais quando esta tem uma alma poeta como Tove Ditlevsen.Sua
auto ficção é interessante, com conflitos mentais e psicológicos trazidos dessa época, assim como se sentir solitária, não amada desde a infância (pela mãe) e durante toda a vida ,de conflitos íntimos e antagonismos que ela esbarra por ser uma jovem que deseja apenas escrever, numa atmosfera social misogina e cheia de convenções e regras para imobilizar e reduzir o papel da mulher a apenas de esposa/mãe/servente.

Além de memórias ,ela mostra um certo contexto histórico /político da época na Dinamarca (um aspecto que me levou a ler o livro),com as limitações culturais da sua família, já que o pai de Tove era apenas um proletário e sua mãe uma dona de casa, ela cresce indiferente a tudo a não ser as "palavras". Que entra em choque com seu lado individualista de escritora,de estar só para poder criar, que causa dor a ela e aos que estão ao seu redor.

Essa sensação de deslocamento, um pouco alienado da realidade, deixa alguns espaços em branco nessa obra (que também é ficção literária) pro leitor,proposital ou não me incomodou.Tove ainda consegue ser enigmática, em especial a sua familia fatos e outras pessoas ,que simplesmente desaparecem ...

Assim como sua obsessão de ser uma garota "normal", encontrar um marido,filhos,uma vida convencional, que ela tenta através de vários casamentos vício, abortos.

Qualquer memoria/ficção é interessante, mesmo de mulheres mais ordinárias, seja em qualquer tempo, sempre voltamos a esses rants feministas de ter que ser uma mulher duplicada triplicado e etc,para segurar a barra de tudo e todos, sempre a renunciar isto e aquilo,ao contrário do homem que sempre pode ter tudo e irresponsalvemente (escorado em mulheres) como os homens da vida de Tove .
Ela alcançou o êxito, este é seu expurgo. "Childhood" (Infância ) o livro que mais gostei, esse mundo interior e ingênuo, que termina de forma abrupta, e que dura pra sempre na alma . Tenho que ler algo mais dela, como escritora,pois como pessoa ela é indecifrável.

"Nunca me importei com a realidade e nunca escrevo sobre ela."
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@limakarla 01/02/2024

Mais uma mulher que me arrebatou com sua escrita! Como estava com saudade de ler um texto corajoso, nu e cru, que fala sobre a realidade da vida sem medo da exposição. A autora nos conta aqui sobre três fases da sua vida, a última sendo a mais surpreendente e inacreditável, daqueles que se tornam difíceis de largar por um segundo sequer. Apaixonada. Quero ler tudo dela.
Clarissa 07/02/2024minha estante
Vi em algum lugar que esse seria uma inspiração de Elena Ferrante para Amiga Genial. Procede?




July Weiss 24/01/2024

Eu não conhecia a Tove, nunca tinha ouvido falar sobre ela. Acompanho o canal da Paloma Lima (???) e ela sempre falou muito bem dessa trilogia. Assim que a Cia das Letras anunciou a pré venda, já fiquei super empolgada para ler, expectativas altíssimas.

De um modo geral, eu achei um livro excelente, mas tem alguns pontos que eu gostaria de destacar:
1. O livro é obviamente uma autobiografia, mas eu senti que estava lendo uma ficção. Acho que por talvez não conhecer a autora, criei esse distanciamento;
2. Não é uma leitura agradável. É uma leitura seca, crua. Não vai agradar todo mundo mesmo.
3. Não terminei esse livro amando nem admirando a Tove. Pois é. Talvez seja horrível falar isso depois de ler tudo que ela passou, mas... Algumas atitudes pesaram muito para mim. É uma história triste, mas ao meu ver, é muito vazia também.
4. Sendo uma autobiografia eu queria saber mais de algumas pessoas do livro, como seguiu a sua vida, porque depois de alguns momentos eles simplesmente somem. E não são pessoas qualquer, me refiro aos pais e ao irmão da Tove, porque o livro termina de qualquer jeito, não sabemos o que aconteceu, qual o rumo essas pessoas tomaram...

Se você assim como eu não conhece a autora, vale a leitura em caso de você gostar de histórias reais, pesadas e estiver disposto a se despir dos seus valores para não julgá-la o livro todo, daí a leitura ficaria impossível de ser finalizada para mim.
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Carla Verçoza 10/02/2024

"A infância é longa e estreita feito um caixão e não dá para escapar dela por conta própria. Ela está ali o tempo todo, e todos podem vê-la tão claramente quanto se vê o lábio leporino do Belo Ludvig."

Trilogia de Copenhagen é uma obra biográfica corajosa, honesta e bastante melancólica. Com uma bela escrita, o livro começa com a Infância, vivida no meio da pobreza, uma família disfuncional e o desejo da menina de ser poeta. A pequena Tove se sente inadequada, sofre com a indiferença da mãe, do pai ela herda o amor aos livros. Bastante madura e imaginativa, ela foge de toda essa situação através de seus poemas e sente que somente com a poesia conseguirá se salvar na vida.

"Não dá para escapar da infância e ela nos acompanha como um cheiro. Dá para percebê- la em outras crianças, e cada infância tem seu próprio cheiro. Não conhecemos a nossa e às vezes temos medo de que ela seja pior que a dos outros."

Apesar dessa primeira parte muito boa, eu gostei mais da segunda, Juventude. A jovem Tove sai de casa, vai atrás de publicar seus poemas e tentar encontrar um parceiro pra vida. Passa o tempo todo tentando construir uma vida normal (ou o que ela assim considera). Vai de um relacionamento inadequado a outro, acaba repetindo com seus próprios filhos o que passou com sua mãe.
No pesado capítulo Dependência, conta de forma bastante direta sobre seu vício em analgésicos, a violência do marido e as diversas tentativas de melhorar e se reaproximar dos filhos.
Um livro e tanto, gostei bastante. Pena ser o único dela publicado no Brasil.

"A infância é escura e está sempre choramingando como um animalzinho trancado num porão e esquecido. Ela sai de sua garganta como seu bafo quando o ar está gelado, e às vezes é muito pequena, outras grande demais. Nunca se encaixa direito. Só depois que nos despojamos dela como de uma pele, é possível considerá- la com calma e falar dela como de uma doença que ficou para trás."

"Leio meu caderno de poesia enquanto a noite vagueia do lado de fora da janela e, sem que eu me dê conta, minha infância cai silenciosamente no fundo da minha memória, essa biblioteca da alma de onde hei de extrair conhecimento e experiência pelo resto da minha vida."
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Ana Clara 26/12/2023

Nos últimos anos, perdi as contas de quantas vezes repeti que os textos da minha formação não me atraiam mais

desde a infância estive imersa em textos ficcionais, palavras que inventam mundos, narrativas que não se preocupam com a ordem do real, mas em um exercício de entender sobre o que ando lendo, me dou conta de que se é verdade que historiografia já não me apetece, não é fato o gosto exclusivo por ficção

os livros de memórias estão sempre presentes: “anarquistas, graças a deus”, “só garotos”, “abandonar um gato” e, mais recentemente, “trilogia de copenhagen”. são registros que me permitem acessar a história por vias intimistas, e me agradam mais do que qualquer texto de não ficção

a experiência mais recente me levou a europa, em uma passagem melancólica pela vida de tove ditlevsen, uma das grandes escritoras dinamarquesas do século xx

de tudo, um dos elementos que mais me chamaram atenção na narrativa é a consciência de tove pela imortalidade da infância, a casa em que fomos todos moldados. não é sobre fatalismo, ou sermos para sempre os mesmos, pelo contrário: tove se afastou de seu universo infantil - bairro operário, família problemática, ausência de perspectivas -, mas nunca foi capaz romper com ele

sempre deslocada, ela passa grande parte de “trilogia de copenhagen” - sobretudo na infância e na juventude - idealizando sua redenção pela arte. quer seu teto, sua liberdade, para exercer os ofícios da literatura e da poesia. mesmo quando o vício em opioides, o trauma do aborto ilegal e uma sequência de casamentos infelizes a jogam em um buraco de dependência química e emocional, sua grande preocupação é com os livros que ainda não escreveu

“trilogia de copenhagen” é um livro para quem quer revisitar lenu, da tetralogia napolitana de elena ferrante, ou qualquer outra narradora que não se acanha em expor humanidades, imperfeições, introspecções

é também para quem adoraria rever a casa da infância, mas carrega memórias demais

🎧: back to the old house, the smiths
Praga.Enzo 04/01/2024minha estante
Uauu. Arrepiei com sua resenha! Está na minha meta de leitura em 2024




MãeLiteratura 01/09/2024

Ótimo!
Um livro forte, denso e que divide opiniões, alguns não gostam nem um pouco, outros gostam muito, como eu.

Uma história verdadeira, que mais parece uma incrível ficção!

Trata-se da biografia da autora, Tove Ditlevsen. Uma poeta de sucesso, nascida em 1917, que escreveu mais de 30 livros e que infelizmente teve sua vida atrelada à dependência medicamentosa.

Seus pais tinham nítidas dificuldades de relacionamento e isso também impactou e influenciou a sua criação. Casou 4 vezes e teve 4 Filhos ( o mais novo ainda é vivo).

Achei incrível o quanto nos anos 30 a vida em Copenhagen já era muito mais liberal do que hoje em muitos lugares. As pessoas se divorciavam e casavam novamente sem maiores problemas.

Assuntos espinhosos como aborto, traições, dependência química são abordados com franqueza e uma lucidez admirável.

Eu achei a capa linda, o seu projeto é do @BlocoGrafico. Edição bonita, boa diagramação e revisão impecável.

Mesmo com temas tão pesados, a escrita é ótima, fluida e poética. Senti empatia pela franqueza da autora, pelo alerta que faz sobre vícios e relações tóxicas. A sua mensagem é bem clara: cuidado, o que num primeiro momento pode trazer muito prazer e satisfação, pode ser a sua completa ruína.

Daqueles livros que você torce por um final feliz, mesmo sabendo de antemão que ele não acontecerá. Bom, muito bom! Recomendo muito.

site: https://www.maeliteratura.com/2024/08/resenha-trilogia-de-copenhagen-tove.html
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Beatriz 13/07/2021

uau, tove.
esse livro me pegou completamente desprevenida, sabia que seria triste. só. mas não imaginei que a leitura me levaria a tantas questões e o que eu passaria na minha vida enquanto lia esse livro.
que obra. já desejo ler mais Tove, que infelizmente só está tendo sua obra traduzida do Dinamarquês pro Inglês tem menos de 2 anos, quero que tenha em PT e que todas minhas amigas leiam. e sejam arrasadas com esse livro.
?
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DêlaMartins 17/04/2024

Quando li que Tove Ditlevsen pode ser vista como precursora de Annie Ernaux e Elena Ferrante, adiei a leitura porque pouco simpatizo com os livros da francesa e me cansei dos livros da italiana. Mas, diante de tantas boas críticas e resenhas, li e gostei muito da forma crua, simples e direta com que Tove conta sua vida desde a infância pobre num bairro operário, passando pela juventude cheia de sonhos e aventuras, até chegar à vida adulta e à sua dependência química. Tudo se passa em Copenhague, na Dinamarca e, desde pequena, ela só quer uma coisa: ser escritora.

Na infância e adolescência, ela escreve poesias que não retratam sua vida, parecem ter sido escritas por uma adulta. Tove é vista como diferente, pouco se encaixa. Na juventude, ela começa a trabalhar em diferentes e desinteressantes lugares, tem aventuras amorosas a todo momento, sempre escrevendo e buscando a publicação de um livro. Ela consegue publicar seu 1o. livro com 22 anos. Já na vida adulta, encontra sucesso e reconhecimento, tem diferentes casamentos (4!) e se afunda no consumo de opióides, chegando a pesar 30kg, sem conseguir andar.

A leitura foi rápida, devorei o livro. São muitos nomes nas diferentes fases, muitas histórias, mas não me perdi nem me desinteressei. Tove me pareceu uma mulher egoísta e infeliz, que usa as pessoas para alcançar seus objetivos. É fria, fechada e, mesmo sendo solitária, é capaz de sair facilmente da vida de algumas pessoas. Uma criança que sonhava, uma jovem que lutava, uma adulta sem rumo. Tove se suicidou em 1976, overdose.

Gostaria de ler outros livros dela. Recomendo.
Débora 18/04/2024minha estante
Amei sua resenha, Ângela! Me fez querer mais ainda ler esse livro!??


DêlaMartins 18/04/2024minha estante
Eu gostei muito do livro. Tomara que vc tb curta.


Débora 18/04/2024minha estante
Obrigada, Ângela querida!




Caroline.Jacoud 20/07/2024

Não espere grandes acontecimentos, mas uma grande história.
Há duas possibilidades de se encarar esse livro:

a) uma autoficção que narra uma história de vida de mulher qualquer, sem grandes acontecimentos ou alegorias;
b) um livro de memórias que se mesclam, se perdem e se encontram, se configurando em um sensível relato de uma mulher que viveu intensamente suas dores e suas conquistas.

é muito poético a forma pela qual Tove narra sua infância, um período que ela concebia como um aprisionamento, que a sufocava e a impedia de viver e alcançar o que desejava.

outra questão que a atravessa é a relação dolorosa que possui com sua mãe, de uma natureza que ela mesma não consegue decifrar, mas que inquestionavelmente a afeta. Tove passa sua infância sentindo que precisa adotar certa performance pra ser aceita por sua mãe, apesar de também perceber que seus esforços são insuficientes.

desde criança Tove já idealizava ser poeta e teve seu sonho ridicularizado por aqueles que esperava receber apoio. mas, à medida que crescia, entendia que o mais importante era acreditar em si mesma e encontrar as pessoas certas. e foi o que ela fez.

eu vejo uma mulher que se envolveu em diversas relações amorosas sem sentido, que não a preenchiam de fato mas que lhe eram úteis, relações que a levaram ao fundo poço, de onde ela quase nunca saiu.

mas eu também vejo uma mulher que compreendia com clareza seus desejos e anseios e, de forma prática (e por isso questionável) tratava logo de satisfazê-los, assim, sem cerimônias.

na infância carregou angústias
na juventude correu da solidão
na dependência quase sucumbiu

a sensação que dá é que não existiu nada que Tove não tenha vivido, mas suas privações ficam nítidas ao perceber os buracos que ela tentou preencher.
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mimperatriz 27/01/2024

A trilogia de Copenhagen
Adoro autobiografias. Gosto de ver como as autoras (a grande maioria das autobiografias são de mulheres) contam suas histórias como se lembrassem os acontecimentos com riqueza de detalhes, coisas que aconteceram, por vezes, há mais de 30 anos. Acho primoroso como preenchem as lacunas da memória com imaginação, lembranças vagas, informações recebida de terceiros e, principalmente, como queriam ser ou como se viam - ou eram vistas - em tal época.
Comecei a trilogia animada depois de ler ótimas resenhas a respeito, e não me decepcionei.
Que livro! Que escrita cativante a de Tove.
O livro é dividido em Infância, Juventude e Dependência, e não sei dizer qual parte me fisgou mais - mas chuto que a infância. É na infância que Tove nos apresenta seu núcleo familiar e conta um pouco sobre a relação e os sentimentos existentes entre eles - e os sentimentos dela não são, digamos, leves ou típicos de uma criança. Aí entra a mágica da autobiografia (ou autoficção, no caso) que mencionei um pouco antes. Mas é também na infância que acessamos suas intenções com o futuro, as primeiras descobertas, o interesse precoce pela escrita e a formação para a Tove adulta.
Foi uma leitura muito forte e realmente fiquei apaixonada por sua escrita. É doce, fluida, direta, mas por vezes amarga e repugnante. Linda!
São poucas as fotos de Tove na internet, mas ?conhecê-la? ajudou a construir a Tove ?personagem? na minha imaginação.

?A infância é escura e está sempre choramingando como um animalzinho trancado num porão e esquecido. Ela sai de sua garganta como seu bafo quando o ar está gelado, e às vezes é muito pequena, outras grande demais. Nunca se encaixa direito. Só depois que nos despojamos dela como de uma pele, é possível considerá-la com calma e falar dela como de uma doença que ficou para trás. A maioria dos adultos diz que teve uma infância feliz e talvez eles próprios acreditem nisso, mas eu não acredito. Acredito que essas pessoas simplesmente tiveram a sorte de esquecê-la.?
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Anderson 11/12/2023

Tove Ditlevsen nos conta sua trajetória neste brilhante romance autobiográfico em que nos fascina ver como uma menina proveniente de uma família proletária, tendo encerrado os estudos ainda no ensino fundamental, conseguiu tornar-se uma das mais celebradas autoras dinamarquesas. Se o sucesso de Ditlevsen é coisa que se admire, sua vida conturbada e sua dependência em drogas é algo que nos consterna.
Particularmente, as duas primeiras partes do livro me chamaram mais a atenção. Me agradam mais pelo estilo e pelo conteúdo introspectivo, além, é claro, por uma escrita (tradução) fluida, clara e, ao mesmo tempo, esmerada; daquelas em que uma frase simples, cujo conteúdo nem fale dos grandes problemas existenciais, pode nos impactar pela beleza e inventividade de sua construção, como nesta, por exemplo: "O linguajar de Thorvald me lembra o de Ruth. Também ela dificilmente articula uma frase sem embelezá-la com um leque reduzido de expressões chulas." (p. 99)
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Dani 23/05/2024

Vi muita gente por aí falando que não vê sentido em ler relatos de pessoas que não conhecem. Sei! De repente ninguém curte fofoca. kkk Enfim, a hipocrisia.
Eu até entendendo, em parte, algumas justificativas do tipo, que a autora publicou muito além de sua própria auto-ficção, e é justamente a desgraceira da sua vida que é escolhido pelo mercado editorial. Mas quando digo em partes é só pelo fato que eu também gostaria de ler outras coisas da Tove.
Eu estou encantada em como ela organizou essa trilogia, na maneira como ela emociona, e como não deve ter sido fácil contar tudo o que ela conta aqui, sem floreios e freios.
É um livro que não esquecerei.
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