Carme
27/12/2021Não leia esta resenha!!!Se você continua a ler, acabei de provar uma das principais teorias desse livro incrível: o ser humano é motivado pelo sensacionalismo. E, então, o que gera mais engajamento que violência, ódio e realidades distorcidas, como nos filmes mais cruéis?
Partindo dessa premissa, Rutger propõe uma visão realista-otimista da humanidade, mas não com sentimentalismo barato ? eu não teria passado da segunda página se assim o fosse. A partir de pesquisas confiáveis e da análise aprofundada de algumas teorias famosas sobre a "humanidade malévola, envolta em um fino verniz de civilização, esperando a oportunidade para tramar contra os semelhantes...", Rutger vai sugerindo uma verdade contra de que a benevolência é a regra, não a exceção. Entre as ideias consagradas, o autor explica porque o pessimismo, propagado por livros como 'O senhor das moscas', 'O príncipe', de Maquiavel, e por experimentos como o da prisão de Stanford, está profundamente equivocado.
Entre as teorias em 'Humanidade', a mais cativante foi a do Homo cachorrinho, em que fomos garantindo a sobrevivência graças à cooperação entre seres da nossa espécie, não porque éramos superiores em inteligência ou força (isso os extintos Homo Neanderthals o eram). Isso garantiu um instinto de, adivinhem só, bondade, que durante alguns anos foi soterrado pelo real verniz de maldade (propagado, segundo Bregman, quando instituimos a propriedade privada e paramos de viver como caçadores-coletores).
Recomendo fortemente a leitura, eu não sou a mesma pessoa que começou o livro dois ou três meses atrás. Rutger Bregman, muito felizmente, conseguiu despertar um lado mais otimista em mim por meio da ciência (era o único jeito da teimosia em mim ceder) e enxergar a realidade e as pessoas com um olhar mais confiante e bondoso. Até porque a "realidade" dos crimes nos noticiários e da violência nas adaptações são estatisticamente ridículas ? há muito mais atos de compaixão no mundo ?, mas por que estamos focando nisso? Por que não estamos usando nossa energia para criar um mundo melhor ao invés de empregar um cinismo preguiçoso (como diz Bregman) para justificar que "é assim mesmo" e que "não há nada que fazer" para melhorar a humanidade? Possibilidades estão aí para serem encontradas/construídas. E na dúvida, suponha o melhor!
(Resenha limitada que não abarca 1% da obra.)