Winx_stella 17/06/2024
A voz que afaga, a voz que afoga.
O que dizer de uma escrita tão ímpar quanto está? Um livro que enlaça o leitor desde a sinopse! Ele pode ser especial para todas as pessoas; mas imagino que para aqueles que vivem todos os dias essa realidade, ele seja transformador.
Ser diferente em um mundo de iguais poder ser a pior ou a melhor coisa para acontecer com alguém, a homossexualidade já é estudada e comentada há muito tempo, e nós ganhamos pequenas batalhas todos os dias em busca de respeito e direitos básicos. Mas, como seria se, por um descompasso do acaso, tivéssemos nascido há 50 anos em uma cidade do interior? Como seria então amar alguém do mesmo sexo naquela época?
Enquanto lia o livro, não pude deixar de notar o quanto ele não me impressionava, embora fosse uma história visceral, eu já a conhecia, por amigos, pela TV, pela família? Infelizmente essa história não é única, milhares de pessoas passam por isso em suas vidas, e temo revelar que não só as que viveram há 50 anos, as ruas estão cheias de jovens, meninos e meninas, que foram arrancados de seu lar por seus próprios genitores, por serem o que são.
Quantos já não levaram as surras do pai de Raimundo? Quantos já não ouviram o silêncio ensurdecedor da própria mãe? Alguns conseguiram vingar, viver uma vida digna de ser vivida. Mas o que dizer daqueles que não passaram de um sopro de esperança na história? Como ficam as jovens vidas perdidas todos os dias pela ignorância e preconceito que assolam nossa sociedade adoentada? Sociedade essa que agora está votando para um projeto de lei inominável, mas que não consegue aceitar o amor consentido.
Como viver sua verdade em um mundo de mentiras? É exatamente isso que Raimundo descobrirá ao longo do livro, logo cedo ele percebe que existe um preço na felicidade, estará ele disposto a pagá-lo?
Este livro não aborda somente a homossexualidade e a homofobia, como também a importância do letramento e dos livros na vida de uma pessoa. Termino essa resenha parafraseando Raimundo: é ruim demais não saber ler, é quase ser cego podendo enxergar.