isa! 04/06/2023
“A gente sempre acha que tem mais tempo”
Jennifer Niven é um tópico sensível para mim! Essa autora preenche todo o meu coração com suas histórias lindas e inspiradoras. Não é normal o carinho que tenho por você, Jennifer. Como já escrevi, “Por lugares incríveis” é um dos meus livros favoritos da vida. Quando leio um livro, geralmente, levo em consideração o momento da vida que estou lendo. Ou seja, às vezes posso não gostar de um livro, não porque é ruim, e sim, porque o li durante um momento que nossos sentimentos apenas se divergiam. No entanto, minha experiência com “Por lugares incríveis” foi totalmente diferente, pois, pela primeira vez, li um livro em que senti que, finalmente, alguém me entendia. Também foi uma das minhas primeiras leituras na pandemia. Enquanto o mundo estava perdido, me agarrei à Jennifer Niven e seus personagens me levaram para uma zona segura. E, quando digo que desejo colocar o nome dos meus futuros filhos em homenagem à Theodore Finch e Violet Markey, não estou brincando. Haha.
Quanto à “Sem Ar” não me senti tão apegada aos personagens e nem mesmo à história. O enredo do livro é bonito e necessário, e admito que gostei muito de ler sobre as percepções de sexo e de virgindade para Claude. O colapso do livro inicia-se quando o pai de Claude deseja o divórcio, obrigando Claude e sua mãe a mudarem-se, por um tempo, para a ilha de herança de sua família. A protagonista, preocupada com os planos após a escola e em como conseguir conquistar um menino bonito de sua escola, com quem deseja perder sua virgindade, sente-se constantemente traída por seu pai, uma vez que de uma hora para outra, decidiu que não queria mais estar presente em sua vida. Essa questão do livro, de fato, é muito triste e gostaria que tivesse sido um pouco melhor desenvolvida, porque, muitas vezes, senti que Claude era egoísta e imatura - e, sei que não é! e, mesmo que fosse, tudo bem, ela é jovem e nada é mais imaturo do que jovens, não é?
Na ilha, as descrições são realmente bonitas, o ambiente veraneio é muito agradável e os momentos que se passam durante a ilha são os melhores. Claude chega na ilha, revoltada por estar indo - Hannah Montana? -, muda seu cabelo e deseja iniciar uma nova jornada. Desde o primeiro encontro com Jeremiah, os dois exalam uma forte química e suas caminhadas são cenas incríveis. Jeremiah é aquele menino padrão dos livros de romance, com um passado misterioso e uma graça genuína, ele te encanta nas primeiras cenas em que aparece. O romance é bem desenvolvido, mas não da melhor maneira. As coisas aconteceram muito rápido e muitas cenas eram baseadas em sexo - sei que o livro aborda justamente o assunto, mas, se vamos falar sobre sexo, então fale direito! A primeira vez da Claude é de suma importância para a história. Vivemos em um mundo socialmente patriarcal e a visão acerca do tabu da virgindade reflete imensamente nisso, uma vez que, desde cedo, as meninas são encorajadas a esperar pela noite em que se tornarão mulheres, criando expectativas inalcançáveis numa ação tão comum. O tabu da virgindade começa quando dizem que o ato de transar pela primeira vez, fará a mulher “perder” sua virgindade. Não é sobre perder, ninguém tira sua virgindade de você. Todo essa cosntrução é baseada numa lógica heteronormativa machista, em que a menina tornará-se mulher apenas depois da primeira vez, que deveria ser perfeita e especial. Muitas mulheres sentem-se decepcionadas após a primeira experiência com sexo, porque cresceram com esse ideal de perfeição. Depois da primeira vez de Claude, ela sente-se, de certa forma, decepcionada também, porque o ato parou assim que Jeremiah atingiu seu êxtase. “Ei, eu não acabei. Eu preciso demais”, ela pensa. Essa cena é muito verdadeira e, com um trecho, Jennifer Niven fez uma geração inteira de mulheres se identificarem. Para uma sociedade justa, personagens que veem o sexo como uma ação natural e nada romantizada e/ou ficcionada são muito importantes. Ainda sim, por mais que não pareça, o sexo continua sendo um tabu. Nos últimos dias, presenciei uma situação muito triste, durante uma conversa com alguns amigos, uma amiga me disse que já foi machucada durante o ato e que permaneceu dessa forma até o final, sem dizer nada. Quando paramos para pensar, vemos que a situação é muito triste e que muitas pessoas confundem a dor com o prazer.
A leitura do livro não é tão fluida quanto os últimos que li da autora, porém a minha disponibilidade de tempo para ler também influencia bastante. Admito que a história começou a me entreter somente nas últimas 100 páginas do livro e, quando vi, já tinha o devorado. Sou realmente apaixonada por livros que retratam o verão, mas odeio que todos tenham algo em comum: despedidas. E, não sou nem de longe uma fã de despedidas. Na verdade, só de pensar, sinto vontade de chorar. Quando os personagens começaram a tocar no assunto, sabia que meu fim estava próximo. Até que não teve fim! Jennifer, por que fez isso? Me dizzzz. Sei que derramaria lágrimas suficientes para inundar uma cidade, mas precisava daquele final. Ou, será que não? A gente sempre acha que tem mais tempo, né? Pensei que Jeremiah e Claude iriam encontrar-se pela última vez. Porém, quando vi estava na página final do livro. Foi crueeeeeel. Preciso saber do depois da ilha!
Esse é o livro mais pessoal para a Jennifer e a sua nota é a coisa mais linda que você vai ler. O livro é muito bonito, ainda mais, depois de saber que foi inspirado na história de vida da Jennifer, quando ela encontrou o seu atual marido numa ilha. Que lindo! Enfim, preciso de mais histórias chorosas, Jennifer. Dessa vez, preciso de mais tempo, por favor! Não quero apenas achar que tenho.