Sabrina758 10/09/2022
Termino essa leitura com um pesar no coração, porque é um retrato da realidade de milhares de crianças, adolescentes e mulheres. O abuso sexual dilacera, é uma ferida que não cicatriza, apesar da dor amenizar.
Como na história de Sabrina e Stella, o desamparo por parte da família/responsáveis, de não acreditar ou ser conivente com o abusador, é ainda mais desesperadora. Essa ideia de que a própria mãe não acolheria as filhas e colocaria a relação com o namorado em primeiro lugar parece inconcebível, mas acontece diariamente.
Às vezes, existem condições que tornam essa denúncia mais difícil, mas não é o caso aqui, a não ser por pura falta de autoestima e amor próprio, disputando a atenção de um homem completamente podre com as filhas. Eu sinto tanto, tanto por todas as Sabrina's e Stella's por aí.
Num mundo ideal, nossos responsáveis nos defenderiam, o Estado também. A educação sexual nas escolas se torna um assunto relevante aqui também. De que forma podemos diminuir o número de vítimas se antes não fazemos a prevenção? É necessário, cada vez mais, falar sobre violência e abuso sexual.
A escrita da autora é maravilhosa, uma leitura que flui, apesar da temática pesada. Gostei de como ela inseriu recortes de definições e dados reais sobre os temas trabalhados no livro. E eu amei ainda mais como ela construiu as personagens, sem floreios.
Elas sentem, sim, muito ódio, raiva e vontade de acabar com a vida do algoz, de sacolejar a mãe para a vida. Porque quando a gente espera o perdão por parte das vítimas, estamos mais uma vez violentado-as. O que eu desejei para Sabrina e Stella é o que desejo para todas nós: que a justiça seja feita e que possamos vivenciar cada fase de nossas vidas em paz e protegidas, recebendo apoio de quem a gente ama.