Belle 29/11/2021
Investi tempo pra me decepcionar e passar raiva. Se você é brasileiro, vai achar uma m@rda.
Aqui, explico cada um dos pontos que deixam a credibilidade desse livro apenas na capa. Não são spoilers fortes, vale a pena ler para não se decepcionar muito.
A autora se esforçou tanto para não falhar em representatividade, que chega a ser cômico o fato de isso ser o maior erro desse livro.
Antes de explicar todos os problemas desse livro, primeiro vou citar o seu único acerto. O relacionamento de Nino e Haruka, mas mesmo esse ainda me deixa com uma pulga na orelha.
Nino e Haruka são fofos, gentis e extremamente amorosos. É adorável e deixou meu coração quentinho. Acho que foi a única coisa que me fez continuar a leitura, sendo a única coisa realmente relevante na história.
Ponto 01: Brasil.
A importância de fazer uma pesquisa para seu livro não é para que você não cometa erros históricos ou perca detalhes importantes, é para que você nunca escreva algo como este livro.
Todos os personagens brasileiros são algum tipo de arquétipo negativo, além de rasos e é claro, ninfomaníacos. TODOS. Além de nomes que (supostamente) são brasileiros, mas na verdade eu nem sei como pronunciá-los. Nunca na vida vi alguém com um nome tão esquisito e que soe estrangeiro assim (O que diabos é Ladislao???) Qual é, nem é difícil pesquisar nomes de outros países. Se esforce um pouco na pesquisa para seu livro.
A parte sobre o Brasil ser um completo caos? Ok. É um caos, sim. Mas não como descrito no livro. Não é um lugar selvagem, mas mesmo que você tenha liberdade artística para retratá-lo como um, você precisa de um contexto pra isso. Tanto na ficção quanto em algum mundo baseado no mundo real, como o seu livro.
Onde está sequer uma única menção histórica sobre o Brasil? Se você sabe o que é América (o continente), você sabe que ela foi “colonizada”. Como foi esse processo com os vampiros, que existem no livro? Como isso influencia o estado atual?
Porque se você vai escrever uma história onde a organização política de um país (sim, aristocracia é uma forma de organização política) está detonada, você dá sequer um contexto. ESPECIALMENTE se seu protagonista é um historiador cujo único trabalho é registrar acontecimentos históricos e saber deles. Haruka tem 101 anos, e mesmo assim não tem nenhuma ideia do que aconteceu no Brasil. Nunca é mencionada a influência europeia na desgraça que acontece no Brasil. Considerando que acontece no nosso mundo, e ambos autora e Haruka tem acesso à internet acho que só resta chamar de insulto, para não chamar de burrice.
- Casamento por “green card”.
É ressaltado várias vezes que nosso protagonista Haruka não é um homem romântico. Ele entende casamentos arranjados, por negócios e entre outros. Até os “laços” do livro (que vão além de casamento), serem feitos por outros interesses que não amor.
Mas, quando o assunto seria o casamento para fugir do país que está em estado crítico de caos ( Como citado no livro), Haruka se torna contra, até enojado. Soa bastante como a opinião do autor. Soa também como a opinião de alguém que não tem ideia do que é viver em um país de 3 mundo ou pior. Vá aprender alguma coisa sobre fome, ao menos, para querer dar lição de moral em quem escapa de seu país por sobrevivência. (Isso não é uma defesa ao Gael (que é o personagem estuprador Brasileiro), ele é apenas mais um arquétipo podre e raso do que a autora acredita ser um Brasileiro. Isso é uma defesa a todas as pessoas que conheço, incluindo membros da família, que encontraram paz e segurança fora de seu país através do casamento). Puta falta de empatia.
Uma lição para seu personagem: Assim como o amor pode vir depois em um casamento comprado, também pode vir depois em um casamento para sua sobrevivência.
Os personagens “brasileiros”:
Gael, o primeiro personagem brasileiro que encontramos na história. Uma bosta. Completamente estereotipado e clichê. Um homem alto, musculoso, bronzeado e sexy. Extremamente sexy, onde a personalidade se baseia em sexo, e para melhorar, ele também é um estuprador.
Nenhuma profundidade, não traz nenhuma visão nova do estado do Brasil no universo criado pela autora, ele somente abre a boca para dar em cima do protagonista, ou qualquer coisa viva. Não tem personalidade.
ELE. SÓ. SERVE. PARA. SEXO.
Porque é exatamente assim que brasileiros são, não?
Por favor, esses personagens são tão brasileiros quanto o Nino (o interesse romântico) falando com Gael em espanhol. (Só um aviso, aquelas palavras que você usou são falsos cognatos. Não são de fácil compreensão para alguém que só fala português).
Eu não terminei, cheguei até os 57% do livro (muito exausta já), mas até onde li o “Ladislao”, o líder brasileiro, também segue a mesma linha. A porcaria do homem no poder do Brasil se importa mais com sexo do que com política.
Como exatamente ele não levou um golpe ainda?? Brasileiros pensam tanto em sexo que não pensaram nisso? Amor, faça sua pesquisa. O que não falta na nossa história é golpe.
Ah, eu espero que tenha alguma coisa relevante sobre o plot do Brasil, pois até agora não teve.
OBS.: Os outros países citados tem fatos históricos e alguma mínima pesquisa no desenvolvimento do livro.
Ponto 02: O abuso.
Esta parte, por causa da grande subjetividade, não será tão à risca quanto a outra.
Nino, o interesse romântico do livro, sofreu um abuso quando criança. Ele teve um adulto tomando seu sangue ( o que é praticamente sexo para os vampiros) sem consentimento quando muito pequeno. Carrega cicatrizes disso. A história é muito bem retratada (o acontecimento), e fundamenta muitas das atitudes do personagem. Exceto o fato de ele ter se oferecido para Haruka depois de conhecê-lo por apenas 3 dias.
T R Ê S.
Existem formas de explicar isso, é claro. Como impulsividade, necessidade de agradar os outros por trauma, não conseguir ver ninguém sofrendo, etc. Mas nenhuma dessas opções, ou outras são citadas, ou mencionadas. Seja pelo próprio Nino ou por QUALQUER pessoa próxima dele. O livro dá a entender que foi por bom coração e pela “química” entre eles.
Se existisse apenas algum tempo a mais para desenvolver melhor, para que Nino se acostume com Haruka, com qualquer possibilidade de algo acontecer fisicamente, eu diria que a relação deles é perfeita.
Ponto 03: Miscigenação.
No livro, os “sangue-puro” são os vampiros de alto escalão. Eu não tenho nenhum problema pessoal com o sangue vampírico e a forma do sistema fantástico desse universo funciona. Inclusive achei muito criativo. Parabéns.
Apenas gostaria de mencionar uma única coisa;
Para boa parte dos vampiros sangue-puro, reproduzir com humanos é nojento, antiético e etc.
Em lore & lust, é dito que os brasileiros não se importam nem um pouco com esse quesito e tem liberdade sexual independente de ser humano ou vampiro.
Na vida real, o Brasil é um país extremamente miscigenado.
No livro, é descrito como detestável.
E eu não comentarei mais nada sobre isso.
Ponto 04: Onde está o plot?
Como é possível um livro de 284 páginas parecer ter 600?
A história é muito, muito lenta. E esse não é exatamente o problema, ela é lenta e fraca. Você estar na metade do livro e não ter ideia de qual é o plot é cansativo e doloroso.
Os personagens parecem estar passeando por aí, enquanto é mencionado o caos político no Brasil. Você espera que algo aconteça, que alguma intriga exploda, mas NADA ACONTECE. O clímax está MORTO.
O que acontece de interessante tem relevância por 2 capítulos, e então voltamos totalmente para o romance. Escrever um livro focado no romance não é o problema, o problema é querer colocar outras coisas na história e não desenvolver nem o mínimo.
Que bom que pude ler esse livro no KU.
Para a autora Por favor, eduque-se sobre o mínimo (pelo menos os nomes), sobre algum país para depois decidir criar um conteúdo inteiro sobre. Você se esforçou tanto para não insultar as pessoas com seu livro, mas o descaso com o Brasil é seu maior absurdo. Coloque mais pesquisa e esforço no seu trabalho. E fale com pessoas da nacionalidade, se possível.