Flavia_Lo 25/12/2023
Nem acredito que a Laura conseguiu contar a história inteira de uma personagem em bem menos páginas do que ela costuma escrever.
Que a Mykaela era preconceituosa, transfóbica e dominante. Em muitos momentos ela questiona o poder exacerbado dos machos da alcateia e forma descabida que inferiorizam as fêmeas.
Mas ao mesmo tempo que ela defendia essa tese, ela era a primeira a inferiorizar e a rivalizar com outras que pareciam ser mais fracas. Discurso controverso, não é mesmo?
Mesmo que nesse livro nós tenhamos uma outra visão dessa personagem, adentramos nos sentimentos e na história da família dela. Com um pai abusivo, viciado e agressivo, uma mãe submissa que tentava proteger os filhos a todo custo, um irmão gêmeo que absorve muito do ódio do pai, pelas autoridades da alcateia.
Pensando nisso tudo, é possível nutrir por ela mais empatia em certos aspectos, porém ao mesmo tempo ela não pediu desculpa, ela não viveu o luto dela. A Safira me irritou muito, querendo fazer ela engolir goela abaixo esse lance de família perfeita e que só assim ela seria feliz, depois de tudo que ela passou, ela deveria ser a primeira pessoa a entender que as pessoas têm vontades diferentes nessa vida e a da Mykaela era ser livre.
E acima disso, em nome do amor ela abriu mão da sua vontade e optou pelo oposto, o que parece uma coisa linda, mas ao mesmo tempo me faz pensar se isso não a tornaria infeliz, se aos poucos a felicidade dela não iria definhar. É um livro fictício, caso não fosse, não sei como ela iria agir nesse contexto.
Enfim, foi uma leitura rápida e divertida, o livro é dividido em três partes e é MUITO curto em comparação a duologia principal.