Tomada de Posse

Tomada de Posse Louise Michel




Resenhas - Tomada de Posse


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Paulo 01/02/2024

Louise Michel (1830 - 1905) foi uma revolucionária francesa que em certo momento de sua intensa militância se tornou anarquista. Michel participou da Comuna de Paris e apregoou abertamente, mesmo durante um julgamento, a violência para contra os poderes de instituições e do governo e também contra políticos e militares.
Tomada de Posse é o nome de um discurso que ela deu em 1890, dez anos depois da volta do seu exílio, exílio esse como sentença por sua participação, entre outros atos de ação direta, na Comuna. Esse discurso, que continuava invocando a união dos trabalhadores, das mulheres, dos oprimidos para fazer se levantar uma revolução, mostra que Michel, assim como Emma Goldman, envelheceu sem deixar de ser revolucionária, de ser anarquista, de apregoar e lutar pela libertação dos seres humanos subjugados por seres humanos; "de festa em festa, de hecatombe em hecatombe, o capital, minado por todos os crimes que comete, corroído por seus próprios abusos, não tem mais o que fazer... senão desaparecer."

Mesmo nesse julgamento pós massacre da Comuna de Paris, que resultou nessa sentença de exílio, Michel não baixou a cabeça, não mentiu para se defender, e literalmente recusou defesa e assumiu prontamente todas as acusações que eram verdadeiras contra ela, mas ela foi mais além e pediu a sentença de morte, porque, segundo disse, preferia isso ao encarceramento ou a outra punição, e extremamente valente e ousada como era disse que se não fosse morta não cessaria de lutar, inclusive insinuando que continuaria a praticar violência.

Não só me é impossível não pensar em Emma Goldman, que está marcada à fogo na minha admiração, quando leio sobre algum revolucionário, especialmente mulher, como é comum que se pense em Bakunin. Aqui me lembrei dele, um dos percursores do anarquismo, quando Michel diz algumas vezes, ora de forma mais implícita ora mais explícita, que é inútil o povo querer e até suceder em colocar alguém do povo no poder, Bakunin diz que o indivíduo se corrompe, como disse que o Estado Comunista se corrompe como estado permanente, Michel ou diz isso ou diz que esse eleito do povo não conseguiria mudar nada.

Esta edição lindíssima é uma coedição da Sobinfluencia, que tem uma estética reconhecível e sempre bela, com a Autonomia Literária, nela foram incluídas, nas últimas páginas do livro, fotografias bem impressas de Louise Michel e outras coisas relacionadas a ela e a sua época. Também consta na edição o que se diz ser a primeira tradução no Brasil do julgamento de Michel depois da Comuna de Paris. Essa transcrição do julgamento é talvez mais interessante que o próprio discurso de Michel que dá título ao livro, porque mostra sua valentia, sua ousadia, como era implacável.

Acho, contudo, que faltaram algumas informações à edição, tais como onde e em que situação Michel proferiu o discurso, e talvez alguns detalhes mais biográficos, como com que idade e como ela morreu. Sobretudo, esse título não é apenas para socialistas de qualquer vertente, mas também uma pequena biografia de um exemplo de indivíduo atípico, além de um curto e específico trecho da história de um período de insurreições na França.
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Peterson.Silva 21/07/2022

Lindo e poderoso
Uma potente denúncia da sociedade de sua época e uma bela visualização daquilo por que lutar. Curiosas as passagens sobre o Brasil... Excelente introdução e ótima ideia incluir o julgamento no final, talvez melhor até que o discurso do título. Bom demais. Projeto gráfico muito além das expectativas, maravilhoso. Livro incrível de uma pessoa incrível.
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none 14/06/2021

Uma revolucionária audaciosa e admirável, uma inspiração
"Nos tempos em que vivemos, é apropriado, no mínimo, que passemos por quem somos", afirma Louise Michel ao tribunal que a condenava por ter participado ativamente da Comuna de Paris (1871). Este livro é o recado dessa professora revolucionária ao mundo que sucederia à revolução, deportada para uma ilha do Pacífico, tendo inicialmente preferido a morte - já que era consciente das condições das cadeias e de tudo o que lá promoviam os oficiais do regime que ela queria exterminar. O degredo provava doenças e mortes no longo trajeto da França à Nova Caledônia. Já na colônia enquanto prisioneira buscou a igualdade de condições das mulheres e dos homens, bem como dos nativos exterminados brutalmente pelos franceses. Ciente das injustiças cometidas pelo Estado, "Aqueles que vivem da estupidez humana cultivam-na tão amplamente que se recusam a reconhecer coisas absolutamente elementares'' ela entendia que havia a necessidade de uma greve geral, ainda assim muitas pessoas submetidas, escravos, sentiam (e ainda sentem) afeição por aqueles que os acorrentam, então "Um dia, talvez próximo, do fundo do desespero soprará a revolta; seja por uma greve geral, seja por uma catástrofe, pelo colapso do poder ou pela revolta das massas, quem sabe? Sentimo-la próxima, seu hálito sopra sobre nós, frio como o ódio e a morte.''
O livro inclui uma breve biografia de sua ''vida oceânica'', o discurso de ''tomada de posse'', seu ''julgamento'' como communard, além de anexos com fotos da autora, considerada por Cesare Lombroso, como protótipo da criminosa (esse criminologista tem sua tese atualmente tão refutada quanto as fake news que defendem/promovem Donald Trump, Bolsonaro...), só lamento que a editora não tenha inserido uma tradução do hino da Internacional incluído no fim do livro. No entanto, a edição adquirida junto à própria editora veio com um pôster incrível, entregue separadamente.
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