Beethoven

Beethoven Richard Wagner




Resenhas - Beethoven


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caio.lobo. 26/05/2023

Richard Wagner
Aqui conhecemos mais o autor, Richard Wagner, do que o assunto, Beethoven. Diria que ainda ficamos sabendo mais de Schopenhauer do que de Beethoven, mas tudo isso é excelente, porque Wagner, Beethoven, Schopenhauer, e ainda surge Goethe e Schiller, é a essência do espírito do romantismo alemão. A música aqui é quase espiritual, sendo a mais elevada das artes, pois a música absoluta não representa objetos, ou quando representa é sem contornos definidos, formas que desvanecem, como num sonho. Através da filosofia de Schopenhauer, que Wagner explica romanticamente bem, podemos alcançar a iluminação, a sublimação do desejo em si mesmo e consequentemente a aniquilação. Claro que isso é quase impossível, só os santos conseguem, porém a arte faz-nos identificarmos com o objeto, mas a música vai além, pois os objetos da música são as essências puras e em última instância a Vontade.

E como Beethoven é importante para essa libertação? Wagner irá trazer as questões da música absoluta, a música pela música, ou a música que fala da própria música. Isso é marca importante das obras de musicais de Beethoven, principalmente das sinfonias, mesmo aquelas mais ?táteis? como a 6º Sinfonia, chama de Pastoral por seus movimentos remeterem às coisas do campo. Entretanto a natureza não surge ali como na doutrina dos afetos barroca, onde se busca imitar os sons e os ?afetos?, mas uma série de signos abstratos auditivos nos leva a essência das coisas naturais, quase que como a ideia platônica destes entes. Outro ponto é a diferença entre as músicas com tempo e ritmo bem marcados e as músicas de Beethoven que faz o ouvinte se perder num tempo oculto, assim como num sonho onde tempo e espaço são relativos e subjetivos.

Pode-se argumentar que a 9º Sinfonia, que tem o coral da ?Ode à Alegria? tem palavras objetivas, mas aí está a maestria de Beethoven, pois através de sons e harmonias transforma a voz humana em entes abstratos e estamos mais presentes nas melodias e do que nas palavras. Enfim, Wagner faz uma crítica ao predomínio da moda francesa, que causa aculturação dos alemães. No seu tempo a cultura predominante era a francesa, mas o problema não era a cultura francesa em si, mas o problema era a moda (e é ainda problema hoje, no nosso caso a americana). Aqui se tem o principio da defesa da cultura, do povo e da etnia.

Através dessa obra compreendi mais os objetivos de Wagner em suas óperas, sendo então verdadeiras obras de libertação e buscando em Beethoven um trampolim para a eternidade. E a influência de Schopenhauer é tanta que Wagner vai tentar ?parar? o tempo através da música e sublimar a vontade através da obra de arte total (O Anel do Nibelungo), do amor (Tristão e Isolda) e do ascetismo (Parsifal).
comentários(0)comente



Fabinho 09/05/2013

Fascinante
O livro não é exatamente uma biografia: é um ensaio biográfico , que compara a música com as demais artes, estabelecendo a superioridade desta última sobre as demais .
Wagner também expõe a superioridade da música alemã sobre as demais ( principalmente os estilos mais correntes , como a música italiana e francesa- prenúncio do germanismo devastador do séc. XX ? ) e dentro deste contexto, o papel de Beethoven na importância musical germânica .
Apesar de parecer um livro com tons obscuros e muitas vezes parecer preconceituoso em conceber a superioridade alemã sobre as artes , Wagner utiliza-se de uma linguagem apaixonada para promover o grande mestre da música do século XIX.

A tempo: No século XIX ( o livro foi escrito por ocasião do centenário do compositor, em 1870 ) a Alemanha esta se unificando. O Germanismo era prática corrente até para promover a nova nação que estava se formando.
Wagner era notadamente anti-semita ( não sei se Beethoven também era , apesar de o anti-semitismo ser uma prática corrente em toda a Europa do séc. XIX . Ambos foram apropriado pelo nazismo , no séc. XX para provar a superioridade alemã sobre as demais raças .
Pablo 07/03/2014minha estante
Richard Wagner faz uma leitura do gênio criativo de Beethon à luz do pensamento de Schopenhauer, especificamente segundo a obra O Mundo como Vontade e Representação. Este texto de Wagner influenciou muito a escrita de O Nascimento da Tragédia, de F. W. Nietzsche.




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