rxvenants 27/02/2022Espero que os próximos recuperem a magia do primeiroALERTA DE CONTEÚDO: O livro é o segundo da série The Dark Prince, livros do gênero Dark e a premissa é uma jovem do séc. XV se apaixonando por um demônio. Vários temas são abordados, como tortura, canibalismo ? se é que podemos chamar assim, mas basicamente é um demônio possuindo um cara e tendo que comer carne humana pra sobreviver ?, sangue, morte, dependência emocional, MUITO slut-shaming, estupro, escravidão sexual, pedofilia, zoofilia, violência doméstica, feminicídio, entre outros. O livro é extremamente mais pesado que o primeiro da série e não há nada muito ruim que não seja parte da narrativa, então se você é sensível a um ou mais temas, não leia o livro ou leia-o com cuidado.
Eu já disse todos os porquês de eu ler esse livro na minha resenha do primeiro, The Demon of Darkling Reach.
O livro é grotesco e serei a primeira a criticar tudo que há nele (e olha que não são poucas coisas). Dito isso, como anteriormente, eu disse que queria ler algo Dark e é isso que o livro entrega.
Eu tô bem triste que não consegui gostar de The White Queen tanto quanto The Demon of Darkling Reach.
Como eu suspeitava, The White Queen é bem mais pesado que o seu antecessor. O livro expande os pontos de vista e podemos ler não só como Isla enxerga os acontecimentos, mas também saber como Tristan - o demônio - e Hart - irmão de Isla - pensam.
Eu gostei dessa expansão e acho que trás ao leitor a oportunidade de conhecer o mundo da série por olhos não tão dependentes ou enviesados quanto os de Isla.
E é infelizmente nesse ponto que o livro se perde um pouco.
Se eu dou 3 estrelas pra esse livro, é pelos flashbacks do Tristan e pela história dele.
Como personagem, ele é simplesmente fascinante. É muito interessante ler como a autora decidiu criar ele e ver realmente tudo que ele passou e como foi a transição de um demônio sem corpo para um demônio dentro de um hospedeiro.
A escrita pelo ponto de vista dele é *chef's kiss*.
E consequentemente, 90% do horror do livro acontece por conta de Tristan.
Embora fosse de esperar, graças a sua natureza, ainda é bem difícil de ler tudo que ele fez. Ele é simplesmente o cara mais merda que já existiu na face da terra e isso acaba com a vontade do leitor de tentar entender a Isla e o motivo de ela gostar tanto dele.
É muito, MUITO, difícil não ficar sentindo repulsa por tudo que ele fez.
Não sei como a autora conseguiu, mas ela fez um demônio ser o típico cara que não aguenta rejeição e depois pune todas as mulheres do mundo por isso (nem todas, mas enfim).
Metade dos avisos são por coisas que ele fez.
E embora seja da natureza dele, a mágica acaba.
Enquanto a gente não sabe realmente o quê ele fez, mas sabe que algo rolou, é fácil ver ele como um personagem de aura misteriosa e chamativa, mas depois que descobrimos, ainda mais pela visão sem remorso nenhum dele, é complicado sequer categorizar ele como um par romântico bom.
É mais complicado ainda entender o que a Isla vê de tão interessante nele.
O cara é uma marmota o livro todo. Até pela visão dela, ele é um chato completo. Não há UMA qualidade de redenção nele que faça ele ser o personagem simpático que uma vez foi. Ele diz que no mínimo ele se importa com a Isla, mas até nas narrações dele não há nada que confirme isso. E embora isso possa ser usado como artifício de narrativa, ligando às passagens que a própria Isla fala que não sabe o que ele quer com ela, é só insuportável ler um cara que aparentemente tá cagando pra tudo.
Eu simplesmente não sei dizer quantas vezes eu li que ele não amava pois era um demônio e ele não tinha sentimentos. Chegou num ponto que eu queria gritar que eu TINHA entendido, não precisava falar mais.
Mesmo assim, eu espero que os próximos livros compensem isso. Foi EXTREMAMENTE interessante ver como o Tristan se tornou quem é, mas também quebrou todos os encantos que ele poderia ter.
Outro ponto que detona o livro um pouco são os pontos de vista da Isla.
Enquanto ela tinha me irritado um pouco em The Demon of Darkling Reach, eu ainda conseguia gostar dela. Aqui, ela está a personagem mais insuportável do rolê.
Eu entendo completamente que ela é totalmente dependente do Tristan e que ele mesmo já disse que é o negócio dele querer tirar as barreiras dela e possuí-la totalmente, mas é desgastante ver esse processo acontecer.
Ainda mais quando ela se contradiz tanto. Os pensa dela falam uma coisa, mas ela diz outras pro Tristan como se fosse o que ela estivesse pensando. Acho que isso é mais falha da escrita da autora do que da personagem. É totalmente sem nexo ler o que ela diz e chega a dar nos nervos. Todo parágrafo dela é refutado pelas falas.
A viagem até Darkling Reach também foi um saco. Eu não poderia me importar menos com a viagem, embora eu aprecie as cenas estarem lá, já que criou um desenvolvimento pro Hart.
Outra coisa que eu estranhei nesse livro que fez ele ser mediano, foi o desenvolvimento e o pacing, que antes foram tão bons no primeiro da série, foi totalmente esquisito em The White Queen.
Se o livro fosse com foco total na história do Tristan, eu teria achado incrível: seria outra camada do quadro que a Isla pintou dele.
Entretanto, o livro se divide entre os flashbacks, a chegada da Isla ao castelo e o casamento dos dois.
Dá pra ver que a autora quis encaixar tudo num livro isso e ficou como ficou. Muito da história do Tristan no final foi enxugada (como a história dele com o rei atual), bem como o casamento.
Foi super sem graça a transformação da Isla em uma alma conjunta com a do Tristan e eu imagino que deveria ter um impacto maior na história. As decisões dela foram super impulsivas só pra história ir pra frente.
A situação do anel, com ele entrando na cabeça dela pra sempre e ele ligando a alma dela ao corpo dele foram SUPER interessantes, mas super corridas. Não teve desenvolvimento nenhum e essa rapidez fez com que até os pensamentos da Isla fossem cortados. Ela não tem tempo de lidar com as transformações e muito menos o leitor.
Eu também achei bem merda a primeira vez dos dois ser forçado daquele jeito como parte do ritual e as vezes seguintes que nem descrevem nada.
Foi criada toda uma tensão no primeiro livro que não foi resolvida numa boa forma aqui. Eu achei que por tudo que falam do Tristan, de ele ficar com deus e o mundo, homens e mulheres, a cena de sexo entre a Isla e ele seria mais interessante, mas foi uma chatice. Eu não estava totalmente dependente dessa cena, mas pela importância dela, achei que seria melhor.
Outro ponto que ocorreu em The Demon of Darkling Reach e que se repetiu aqui, foi o súbito pulo de séculos nos pensamentos dos personagens. É um livro que se passa no séc. XV, mas magicamente o Tristan e a Isla sabem o que é e o que significa feminismo. É bizarro ler os dois falando disso quando eles estão no SÉCULO XV.
E chega a ser cômico também a Isla bater tanto na tecla de independência feminina quando o que o livro mais tem é mulheres que não lutam umas pelas outras e só brigam, assim como elas são manipuladas e a própria Isla é totalmente dependente do Tristan.
Enfim, o desenvolvimento aqui foi esquisito pra caramba. Não deu tempo de lidar com todas as nuances e por isso eu acho que se tivessem sido só os flashbacks ou só pelo ponto de vista do Tristan, seria melhor explorado.
Bom, é isso. Eu realmente só achei mediano pela história do Tristan, que foi muito bem contada, tirando isso, acho que eu daria 2 pra esse livro. Enquanto eu devorei o primeiro, demorei quase 2 semanas pra ler The White Queen.
É bem triste pensar assim, pois eu acho a ambientação da história super envolvente, independente do que estão nas páginas. É impossível não querer saber todos os mistérios e ver o que vai rolar.
Bem abalada de não ter gostado tanto. Espero que os próximos consigam me prender mais e que não me deixem perguntando quem nesse livro tem pelo menos uma qualidade que me faça torcer para que eles pelo menos não morram, pois agora eu tô ao ponto de não ligar pra ninguém mais.