O deus das avencas

O deus das avencas Daniel Galera




Resenhas - O deus das avencas


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Leonardo 31/03/2024

O livro é composto de três novelas. A primeira achei um pouco arrastada, mas a segunda e a terceira eu gostei muito. Sou pouco adepto à ficção científica, mas gostei muito de ler suas ficções sobre futuros distópicos. Mas pra mim seu "Barba ensopada de sangue" ainda é imbatível.
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tavim 30/03/2024

O Deus das Avencas, de Daniel Galera
Um diminuto assentir basta para as cavidades em desgraça se ascender. tem nome o caos, e costuma ter cargo de comando --- é gente o caos, não monstro, por mais que não pareça. porém, perde os traços humanos quando cresce e o que resta é fúria da natureza, como se fosse ela a incitar conflito. há mortes, não derrotas, porque nisso não se consiste em falar de fins; o poder se perpetua e só corrompe para sobreviver. dessa praga herdará a eternidade.

dos meus contemporâneos favoritos, daniel galera entrega em o deus das avencas uma realidade da qual já estamos vivendo uma ficção científica. mais que isso, uma experiência de já termos avançado o ponto de partida para o fim e, que nesse meio tempo, o ser humano ainda tenta se entender em meio às relações interpessoais. são 3 novelas em ambientes diferentes, mas com antagonistas conhecidos e que insistem em nos impregnar.
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Talita | @gosteilogoindico 28/12/2023

Minhas impressões de leitura
O livro contém 3 contos independentes, dentre eles o segundo foi o que mais me pegou - ?Tóquio?. Neste conto, em específico, os personagens são cativantes e o o pano de fundo é único: um mundo tecnológico muito além do que imaginamos. Um futuro distópico interessante, instigante e triste. Tanto o primeiro como o terceiro contos foram um pouco cansativos pra mim.
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Ricardo256 28/10/2023

O deus das avencas
Este livro é composto por três novelas que acontecem em tempos diferentes da história. Não consigo eleger qual novela foi melhor porque todas elas tem suas peculiaridades. Achei todas maravilhosas. Amei ler este livro.
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Eduarda Duarte 10/09/2023

O Deus das Avencas de Daniel Galera
Composta por três contos, Galera traz o impacto que a pandemia teve nos sujeitos enquanto com total liberdade, conta suas histórias.

Salve especial para Tóquio, um dos melhores contos que li na vida.
Alê | @alexandrejjr 21/09/2023minha estante
"Tóquio" é uma boa novela mesmo, mas confesso que gosto da novela homônima pelo realismo colocado no texto.


Eduarda Duarte 21/09/2023minha estante
Ale, acho que criei uma afinidade maior por ?Tóquio? por ter escrito um artigo sobre! Infiltrou-se na mente




fev 20/08/2023

As três novelas são todas bem escritas e interessantes. As do gênero de ficção científica são mais instigantes, mas nenhuma delas me cativaram o suficiente. Galera faz discussões interessantes sobre as possíveis formas de fim do mundo envolvendo principalmente os colapsos ambientais e morais, mas não consegui achar perfeitas. Reconheço os méritos e as reflexões que autor propõe, e indico o livro, mas não é cativante.
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Thales 11/07/2023

Não costumo gostar de ficção científica, mas principalmente a novela Tóquio eu gostei bastante.

A primeira novela não é uma história com muitos acontecimentos, mas é muito bem escrita é um excelente estudo de personagem.

A Begônia é bem escrita também, mas não me impactou tanto assim.
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Paulo 25/06/2023

Essa é a minha primeira experiência com uma obra do Daniel Galera e fiquei sinceramente surpreso com a habilidade narrativa dele. Muitos colegas já haviam mencionado alguns de seus trabalhos como Barba Ensopada de Sangue e Cordilheira, mas esse acabou me chamando a atenção por serem histórias curtas (o que me proporcionaria uma visão mais ampla da escrita do autor) e por ele ter se aventurado na ficção especulativa. O primeiro conto é o mais pé no chão e ao mesmo tempo é emocionante e vai ressoar com muitos que passaram por esses momentos estranhos que assolaram nosso país. Mas, mesmo em seus contos mais fora da caixinha como Bugônia que segue muito para o futuro, ele consegue tratar de temas que são totalmente atemporais como a nossa corporealidade, a solidão, o que nos torna humanos, como nos relacionamos com o planeta. A ficção especulativa é o melhor meio de fantasiar esses temas sem deixar as margens do real.

Não vou comentar muito a respeito de O Deus das Avencas (o conto que dá título ao livro) porque, bem, estamos em um site de fantasia e ficção científica e quero me concentrar mais nos aspectos especulativos do livro. Mas, vale a pena usar Tóquio para falar a respeito de como funciona a escrita do Galera. As narrativas seguem formas diferentes de estruturação, mas o seu núcleo é quase sempre o mesmo. A primeira e a terceira histórias são contadas em terceira pessoa, sendo que na primeira permanecemos mais com o casal em si e na terceira a narração se permite ser mais onisciente. A segunda história segue em primeira pessoa a partir de um personagem sem nome que acompanhamos pelo desenrolar dos fatos. Na primeira história a narrativa é mais descritiva, com cada parágrafo sendo contado por um dos dois protagonistas. Essa alternância é bem suave e não interfere na história. A segunda história segue uma estruturação mais normal, com momentos de narração e diálogos que se sucedem. Já na terceira o autor decidiu usar do subterfúgio dos capítulos de forma a separar as cenas. Para essa história em específico, isso ajudou na passagem do tempo que é mais dilatada.

"Não há um mundo a ser salvo. Mundo é o mais maleável dos conceitos. O mundo nada mais é do que o lugar do qual não podemos fugir. Você precisa identificar que lugar é esse e aprender a habitá-lo. Nesse tempo que nos coube viver, o nome desse lugar é 'código'. O resto são castelos de areia."

Galera tem uma escrita bem redondinha e o leitor não costuma se perder na história. Mesmo em Bugônia em que a narrativa é bem mais futurista e repleta de novos conceitos, o leitor consegue compreender tudo numa boa em poucas páginas. Um ótimo exemplo é Tóquio em que o autor faz toda a contextualização em cinco páginas com informações pertinentes e suficientes para entendermos o que está acontecendo no local em que o personagem vive. À medida em que a história progride, Galera entrega mais informações para servir de complementação ao que ele já havia entregue antes. Consigo entender Galera como um pintor se debruçando sobre seu quadro: ele dá suas pinceladas e vai preenchendo os espaços com figuras maiores ou menores dependendo de sua necessidade. Aonde lhe é pedido precisão, ele dá uma atenção maior; nos demais lugares, ele cria um horizonte de observação que não deixa o quadro desguarnecido. Contudo, a mágica aqui está em guiar o olhar do observador aonde ele deseja. Quanto à composição, Galera consegue variar do profano ao corriqueiro em poucas palavras. Sua maestria com as palavras impressiona e ele consegue passar seus sentimentos através delas.


Em Tóquio, somos levados a um futuro próximo onde o planeta alcançou uma temperatura insustentável e doenças e misérias assolaram a humanidade. As ruas se tornaram uma vastidão terrível em um território onde os alimentos crescem com extrema dificuldade e superbactérias passaram a destruir os incautos. Cada um dos novos humanos nessa sociedade futurista decadente precisa ter sua própria "fazenda", criando alimentos em um sistema de reaproveitamento máximo. Pouco antes dessa tragédia, a elite planetária avançou em uma pesquisa de transferência de mentes para outros veículos, sejam objetos ou bonecos de aparência humana. Nosso protagonista é filho de uma mulher implacável que conquistou o mundo com sua audácia e inteligência. Mas, era uma péssima mãe e abandonou seu filho na adolescência. Sem ter a maturidade necessária para tocar sua vida, ele se tornou um homem pela metade, atormentado pelo amor de uma mulher que nunca mais irá voltar e pela expectativa do amor de sua mãe, uma mulher fria e calculista que após sua morte passou sua consciência para uma esfera de contenção. Tudo o que nosso personagem deseja é matar sua mãe e se livrar de sua sombra de uma vez por todas.

Esse é um romance com muitas camadas. Se formos partir do lado do personagem, temos alguém que não conseguiu se tornar completamente independente. Com uma personalidade conformista e até meio blasé, ele luta para saber sobre si mesmo. Sua relação com sua mãe, a poderosa empresária, é marcada pelo abandono. Na hora em que ele mais precisou dela, ela não estava presente e isso acabou sendo marcado com ferro em brasa em seu corpo. Há uma clara situação mal resolvida ali. Para tentar saber como lidar com essa esfera que é o que restou de sua mãe, ele passa a frequentar um grupo de apoio a pessoas que passam pelas mesmas questões com ele: um pai cujo filho transferiu sua memória para um objeto, uma irmã que precisa lidar com a realidade de que o que restou de sua parente é um ser horripilante que nada tem de humano e uma filha cuja mãe é um boneco que parece ser humano, mas não tem nenhum dos traços que a definem, realizando ações bizarras a qualquer momento. Nesse grupo, todos parecem lidar com a perda em diferentes graus. Ao viver os dilemas de cada uma das pessoas, o protagonista relembra os momentos que passou com Cristal, sua ex-namorada e a última vez em que viu sua mãe ao lado de Cristal. É nesse momento que nos questionamos o quanto nossos filhos são importantes para nós. O distanciamento entre o protagonista e sua mãe provocou uma série de mensagens mal entregues entre ambas as partes. É curioso ver o lado da mãe posteriormente na história e refletirmos sobre qual versão é a verdadeira sobre um último momento marcante entre eles. Nesta cena, fiquei me questionando bastante quem estava falando a verdade, e como a narrativa é em primeira pessoa devemos sempre desconfiar do narrador.

"As torres de transmissão e os detritos de metal e plástico dos telefones e televisores mostram que essas tecnologias eram fadadas a ter breve duração ou apenas inúteis. Além disso o passado reforça a identidade, e a identidade é o veneno das comunidades. O pertencimento é uma ilusão e uma deformidade do medo. A Velha aboliu a lembrança e entronou a experiência. Ela diz que um humano não deve ser nada além do que vai se tornar no instante seguinte. A Velha proíbe livros, diários, anotações para qualquer propósito. Era assim no Organismo até Alfredo chegar e se estabelecer no Topo."

Uma segunda questão presente em Tóquio é sobre o que nos faz humanos. É a nossa memória? É um corpo físico? É a capacidade de andar sobre duas patas? Nenhum dos simulacros representando pessoas amadas, que na história são chamados de pupas, pode ser considerado humano. E ao mesmo tempo pode. Galera testou todas as possibilidades e as elevou até a última potência. A tal boneca que se parece com um ser humano inicialmente chega a despertar o interesse sexual do protagonista. Um simulacro humanóide que detém todas as características físicas de uma mulher que sua filha carrega dentro de um saco plástico e a posiciona nua em cima de uma cadeira. Mas, à medida em que o tempo vai passando e a artificialidade dela vai se tornando mais evidente o protagonista se questiona sobre o que ele viu de fato ali. A dança sem rumo foi um dos momentos mais bizarros do livro como um todo. Por outro lado, temos um filho chamado Otto que não acredita ser real e quer que seu pai o deixe partir. É preciso seguir em frente. Só que Otto é um personagem real para aquele que o ama. É humano para uma pessoa específica e não para os demais. É curioso pensar dessa forma.


Deixei para falar do último conto com mais calma porque ele é o mais diferente dos três. Como mencionei acima, ele é um conto escrito em subcapítulos, todos eles pequenos, representando cenas específicas e demarcando uma linha de tempo mais dilatada. Mas, não apenas isso: a escrita tende a ficar em um meio-termo entre a descrição e a narração e Galera usa uma estrutura semelhante a de José Saramago com um parágrafo corrente por todo o capítulo. Pode ser um pouco confuso a princípio para o leitor, mas afirmo categoricamente que depois de uns dois ou três capítulos vocês nem irão reparar nisso. A narrativa tem um tema que parece meio no fundo quando o autor conta a contextualização deste estranho mundo, mas aos poucos o problema vai tomando uma centralidade marcante até estourar no clímax. E esse é outro ponto que gostei não só aqui, mas nos outros contos também: a maneira como a jornada em três atos é bem demarcada e o leitor consegue traçá-las numa boa. Segue o "script" da estrutura, mas a subverte ao mesmo tempo.

Estamos diante de um mundo pós-apocalíptico do qual as informações são bem esparsas, mas descobrimos que boa parte dos alimentos desapareceu, o solo é bastante escasso e as cidades minguaram restando grupos de sobreviventes espalhados em comunidades ou elites vivendo em arranha-céus altamente protegidos. Seguimos Chama, uma menina que habita uma comunidade conhecida como o Organismo, onde todos funcionam em prol de seu desenvolvimento. Com uma vida difícil e enfrentando uma doença mortal chamada de a febre de sangue, o Organismo foi bastante reduzido a uma pequena quantidade de habitantes. Sua sobrevivência é garantida graças a uma colmeia de abelhas estranhas que parecem se alimentar dos mortos e produzem uma substância chamada necromel que protege os habitantes do Organismo da febre de sangue. A vida é simples e limitada àquela comunidade. Não é permitido sair dos limites impostos pelos mais velhos, caso contrário é como se o Organismo fosse perfurado e ferido. Apesar da vida harmoniosa dentro desse local, percebemos o quanto estamos diante de uma sociedade estática que apenas vive para sobreviver. Não há mudanças; a constância é a ordem do dia. E se sabemos alguma coisa sobre a humanidade é que ela é qualquer coisa menos estática. O leitor vai percebendo alguns furos nesta existência idílica pouco a pouco.

Quando um astronauta cai próximo ao Topo, o local onde o Organismo ocupa, a vida dessas pessoas é bagunçada para sempre. Por algum motivo inexplicável, as abelhas desaparecem deste lugar para ressurgirem em outro com um comportamento bem diferente. As pessoas que antes viviam em harmonia passam a ficar temerosas porque algo ao qual elas não conseguem explicar surge em suas vidas. Tudo o que elas desejam é retornar ao status quo, mas a chegada do astronauta causou uma mudança irreversível. O comportamento dos membros do Organismo se torna errático, com ações nunca antes feitas sendo consideradas e adotando uma postura violenta. Galera faz uma clara crítica à nossa sociedade e a um conservadorismo barato que não tem como realmente existir. E antes que vocês comentem de que se trata de um comunismo "primitivo" como alguns pensadores gostam de se referir a esse modo de vida, não, não é. É apenas uma existência onde o comércio e a negociação não tem razão de ser já que não existem "outros" para exercerem esse tipo de relação. Os membros dessa comunidade vivem em uma relação mutualista com as abelhas. Só que a natureza está sempre em transformação, por mais que sua realidade funcione em um prazo estendido. Os membros do Organismo nunca tentaram entender por que as abelhas se comportavam daquele jeito. Quando algo aconteceu e mudou essa dinâmica, seus membros ficarem tentando criar teorias alucinadas sobre o ocorrido. Surge até uma teoria pseudorreligiosa com um dos membros da comunidade adotando uma alcunha messiânica em cima disso. O resultado, claro, é explosivo.

O Deus das Avencas é uma excelente coletânea de novellas, contos de tamanho médio e que nos entregam temas que estão na nossa ordem do dia. Mesmo nas histórias que especulam mais acerca de um futuro próximo ou distante, Galera mantém os pés no chão e nos faz pensar em humanidade, esperanças, expectativas e nossa relação com as mudanças constantes ao nosso redor. Contextos que parecem distantes em uma reflexão tão atual que poderia ser o pensamento do dia. A escrita do autor é fabulosa e uma das melhores estruturas textuais que pude ler esse ano. Tenho algumas reclamações aqui ou ali, mas são pontos dos contos que me ficaram meio nebulosos, mas nada que atrapalhe a minha leitura ou tire o brilho do autor. Por isso a minha nota máxima e a minha recomendação mais do que obrigatória a este livro.

site: www.ficcoeshumanas.com.br
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Thayssa.Tannuri 05/06/2023

Para mim, estas 3 novelas do Galera reunidas em "o deus das avencas" nos conduzem através dos tempos para falar sobre as ações e decisões da humanidade que são egoístas no particular e nocivas no coletivo. Ao mesmo tempo, ele escolher dar luz de protagonistas àqueles que são resistência ?
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profa_ana_paula 30/05/2023

Três novelas
Daniel Galera reúne nesse livro três novelas: uma realista e duas distópicas. Usualmente não gosto muito desse tipo de literatura, mas as duas ideias de futuro apocalíptico apresentadas foram boas, e não podemos negar que Galera tem a mão para a escrita, desde a brutalidade até sensibilidades extremas. Para mim, a melhor novela foi Bugônia. Fiz várias reflexões sobre as ideias apresentadas de aliança. Um ponto hilário e que reflete a vida porto-alegrense do autor foi quando no meio da distopia um personagem encontra uma sacola com um esquilo desenhado, símbolo inequívoco da rede de supermercados Zaffari ???.
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Iolanda 25/05/2023

A histórias que nos deixam curiosos
Li o livro para um clube de leitura. O livro é dividido em três histórias. Elas podem ou não se complementarem. Depende da interpretação de cada leitor.
A primeira história é tão ambientada em um passado recente, que fez visitar os acontecimentos que ocorrem de fundo no enredo. Porém, não fiquei contente com o final.
A segunda história se passa em uma época do nosso futuro e é angustiante acompanhar a forma como o mundo se apresenta. Nos faz refletir sobre o que somos agora e o que pode nos esperar se não cuidarmos do meio ambiente.
A última história é, na minha opinião, muito filosófica. Traz reflexões. Se passa em um lugar ainda mais a frente do tempo que a segunda história. A personagem principal desse tempo, Chama, nos atrai. Ela é intrigante. Fiquei com vontade de ler mais sobre ela e o " Organismo".
O livro é bom. Deixou, na minha opinião, algumas brechas mas a escrita de Daniel Galera é fluída e de fácil compreensão.
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mans 18/01/2023

Um livro de altos e baixos
Depois de ?Barba Ensopada de Sangue?, fiquei viciado na obra de Galera. Gosto, principalmente, do cuidado em criar personagens em tramas que nos prendem em suas páginas ao mesmo passo que traz boas ideias e reflexões.

Mas confesso que esperava um tiquinho mais desse ?O Deus das Avenças?, que tem três histórias bem irregulares. A primeira, que dá título ao livro, é boa, tensa, mas um pouco cansada ? principalmente em 2023, quando estou lendo o livro.

A segunda, ?Tóquio?, foi disparada minha favorita. Tem algo de ?Blade Runner? nela que traz uma sagacidade que só Galera sabe criar. Ótimos personagens, trama intensa e um final excelente.

Aí vem a terceira história, a pior pra mim. Não gostei do estilo da escrita, não mergulhei nos personagens. Quase abandonei no meio. A ideia é boa, mas a execução ruim. Espero gostar mais do próximo livro de Galera.
Alê | @alexandrejjr 20/01/2023minha estante
Em que sentido a primeira novela seria "cansada"? Fiquei curioso...


mans 20/01/2023minha estante
Pela questão do clima em que ela se passa -- eleitoral, especificamente. É algo que já foi muito explorado de lá pra cá em filmes, livros, contos, etc. Aí a proposta toda se torna um pouco viciada, a meu ver.


Thales 11/07/2023minha estante
Adorei as 2 primeiras, mas a última novela também acho que deixou a desejar?




Fabio.Favero 13/01/2023

Um futuro sombrio e esperançoso
Nas três novelas, que são uma metáfora para o futuro de crises climáticas e humanitárias que nos esperam, junto com suas angústias e incertezas, vemos também alguma dose de otimismo, na certeza que a vida encontra um novo equilibrio sempre, mesmo em situações extremas...gostei em especial da novela Tóquio, que discute as implicações de uma transferência da mente para máquinas, num esforço meio inconsequente de imortalidade e os efeitos pra quem carregaria este fardo...
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Alê | @alexandrejjr 08/01/2023

Três ficções, um pedido

O Brasil é um país que produz grande literatura. Quem discorda disso provavelmente tem o benefício da dúvida devido às más escolhas que fez ou apenas está perdido no profundo mar da ignorância. E o paulista quase gaúcho Daniel Galera é um dos grandes nomes da ficção brasileira contemporânea. Prova robusta que permite tal alcunha é justamente este “O deus das avencas”.

Lançado em 2021, este último trabalho de Galera é composto por três textos de um gênero esquecido dentro da frenética produção contemporânea nacional: a novela. Nomes como Milton Hatoum e Otto Lara Resende, para citar apenas a nata, já usaram desse pequeno atalho que o ato de escrever ficção permite, que é a produção de um texto que fique a meio caminho do conto e do romance. E, sem economias, o autor entrega logo três delas, que são bem distintas entre si, apesar de possibilitarem a criação de conexões temáticas, éticas e estéticas.

A novela homônima que abre o livro é, sem dúvidas, a melhor das três. É verdade que ela é uma escolha covarde deste leitor porque gosto da pegada realista dentro da ficção. Mas não é covardia do autor, que entrega um texto perfeito do início ao fim e mostra sua maturidade no ofício que, vá lá, também aponta certa zona de conforto de Galera. Mas a verdade é que a história de Lucas e Manuela é tão envolvente, tão palpável que os leitores devem ficar tão hipnotizados quanto eu a cada virar de páginas. Com forte teor político (e não panfletário, como preconiza a boa literatura), “O deus das avencas”, a novela, funciona como uma crônica anunciada do fim: todos sabíamos que aquilo (a eleição de alguém do calibre de Bolsonaro) estava por vir, mas também acreditávamos na esperança de um futuro melhor, representado aqui magistralmente nas últimas linhas da narrativa, que fecha a história de maneira muito satisfatória.

Nas ficções seguintes, Galera pisa em terreno desconhecido e, de maneira louvável, faz o que todo artista deveria fazer sempre: arriscar. Tanto em “Tóquio” quanto em “Bugônia”, a ideia de colocar a narrativa dentro do escopo da ficção científica se mostra uma escolha no mínimo acertada. Na primeira novela dessa dupla final, Galera avança um pouco em nossa patética história humana e discute, essencialmente, uma questão ética: no futuro, com a possibilidade cada vez maior e crescente da tecnologia simular o que nos torna humanos, fará sentido o conceito de consciência? Em meio a esse gancho filosófico, o autor desfila uma série de discussões que integram o presente e não o “distante” futuro: a crise climática, as relações obscenas (e obscuras) entre governos e grandes empresas e, é claro, os relacionamentos humanos entre pais (no caso aqui em particular a mãe) e filhos, homens e mulheres, e a sempre complicada vivência em sociedade. Já “Bugônia”, a mais fraca entre as novelas, avança de maneira pitoresca a um futuro indefinido para abordar não somente o que nos torna humanos, mas o que nos torna humanos numa pós-humanidade, onde a desgraça a qual estamos fadados se concretiza. Afinal, em uma história sobre abelhas que produzem mel a partir de corpos putrefatos (o necromel, obviamente) que é a única cura possível e temporária contra um vírus letal - e que só é encontrada em uma estranha comunidade denominada “Organismo” -, nada mais faz sentido. O destaque nesta última novela fica por conta da mais esperançosa mensagem de todo o livro, onde uma menina (Chama) representa um pedido, talvez quase um grito silencioso do autor, da necessidade de união e conciliação para que o fim inevitável da humanidade seja, de alguma maneira, adiado.

O que Daniel Galera consegue entregar em “O deus das avencas” é, sobretudo, boa ficção. E para este leitor que ainda não conhecia o trabalho do autor mas estava sedento por adentrar em seu mundo, o livro foi uma ótima pedida. E talvez esse seja o caso de outras pessoas também, principalmente para quem procura um livro nacional que envolva ficção realista, especulativa e até uma tradicional distopia, tudo isso em meio a um notável cuidado com o texto e com uma preocupação atenta ao nosso estranho e indefinido destino enquanto humanos.
Rebeca.lousz 09/01/2023minha estante
Excelente texto!


Alê | @alexandrejjr 09/01/2023minha estante
Agradeço a leitura, Rebeca!




Ramon Diego 12/12/2022

Gostei muito das três novelas de Daniel Galera. Aliás, achei esse formato bem interessante, me lembrou, por vezes, alguns livros em que Stephen King trabalhou com narrativas um pouco mais longas e decidiu publicá-las em coletâneas com 3 ou mais histórias. Cada uma das três novelas de Galera fala de sujeitos em busca de seus espaços no mundo, espaços esses que passam, quase sempre, por uma reconciliação consigo mesmos. Gostei bastante!
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