Felipe 31/12/2022
Um livro sobre o maior de todos: Ronan Lynch.
Apesar de O Chamado do Falcão ser independente da saga anterior, A Saga dos Corvos, faz muito mais sentindo ler a trilogia O Sonhador após a saga anterior. Há muitos elementos envolvidos, que a autora vez ou outra retoma para explicar para quem não entende. Então, em certo ponto, apesar de poder ser lida sem entender nada dos eventos anteriores, ambas as sagas são interligadas e, principalmente, por um motivo maior: A família Lynch e Ronan Lynch, o melhor personagem da Maggie.
A história de O Chamado de Falcão começa um tempo após o fim de O Rei Corvo e do conto Opala da saga dos Garotos Corvos. Ronan Lynch é um Sonhador, alguém que transforma sonhos em realidades. Seu corpo físico necessita de sonhos, mas os sonhos de Ronan nem sempre são sonhos bons. As vezes, até mesmo pesadelos podem se tornar reais. Dessa forma, Ronan precisa encontrar um meio de poder sonhar sem transformar o mundo ao seu redor em um desastre. Ele precisa fazer isso não só por ele, mas pelos seus irmãos, Declan e Matthew, assim como para o seu namorado, Adam.
Apesar do livro ser um livro do Ronan e sobre o Ronan, Maggie aproveita a oportunidade de se aprofundar na história e no desenvolvimento dos irmãos Lynch, coisa que ela não quis fazer na saga anterior. Alguns pontos da história que ela postergou no livro anterior, como a história dos Sonhadores, ela retoma nesse livro para se aprofundar nos sonhos daqueles que são capazes de transforma-los em realidade. Ela poderia ter feito isso na saga anterior, mas decidiu fazer uma trilogia disso.
E ainda sim, é possível perceber o álter ego da própria autora no livro, pois há uma personagem que gosta de artes no livro e essa é a deixa que a Maggie aproveita para falar, falar e falar mais ainda sobre arte. As vezes é interessante, as vezes é curioso, mas tudo de mais sufoca e se torna maçante.
E dessa forma, quando digo que o livro é do Ronan, é porque a história pode ser resumida somente a ele e aos seus irmãos. Tudo isso poderia ter sido resolvido na saga anterior, mas ela quis dar um palco só para o Ronan, então nada além disso importa. Os vilões? Mal desenvolvidos, não importa muito. Um novo tipo de pessoas com poderes? Não importa. No fim, é sobre o Ronan, seu desenvolvimento, sua busca para entender o mundo e a si mesmo, que muitas vezes não se sente aceito em seu próprio lar. As pessoas, nem mesmo seus irmãos, entendem o peso de ser um sonhador. E o seu relacionamento com Adam? A aparição do Adam no livro pode ser contada nos dedos. Nada de fanservice para os fãs de Pynch, e eu decidi ler o livro por isso. E o final? Os mesmos erros de Maggie, para quem já leu a saga anterior nem vai se surpreender.
Em suma, leia o livro pelo Ronan, pelo Matthew, pelo Declan (e ame o Declan), pelo Adam (que é um coadjuvante aqui). A história é lenta, os capítulos que o Ronan aparece são os melhores, e quando você pensa “Agora sim a história vai”, ela não vai, ela termina.