Lari / @palavrasdalari 09/06/2021
Vamos ser Tocadas por essa história?
Toque (livro 5) - série sentidos
A cena parece até em câmera lenta quando a reconheço. Tum, tum, tum. Meu coração acelera e fico ansioso de repente, sem entender direito o motivo. Esfrego a mão na capa e endireito o corpo, sem conseguir desviar a atenção dela."
Essa história vai TOCAR seu coração de maneiras inimagináveis. Pelo menos comigo foi assim, e não tocou apenas meu coração, mas a minha alma, o meu espírito feminino, de alguém que conquistou vários direitos, ao longo dos anos, mas que ainda continua lutando pra ter voz, que grita e não é ouvida, que busca ser vista, mas que se perde em meio a uma multidão de opressores.
Conhecer Dan e aurora foi um privilégio, que fechou com chave de ouro a série sentidos, que vai ficar marcada em mim, como leitora da Ari.
Mas vamos lá!! Toque contará a história de duas pessoas que tem aversão ao sentido do tato, ao toque, ao contato físico, por motivos diferentes, e justamente essas pessoas, vão encontrar um no outro a chance de poder aprofundar laços não permitidos pela aversão.
De um lado, temos Daniel Lima, um rapaz tremendamente apaixonante ( ?alerta de paixonite braba nesse menino ?), que aos 24 anos é apaixonado pela astronomia, e sua paixão é extremamente fascinante. Seu gosto incomum, ligado ao seu jeito peculiar de ser( que está associado ao autismo, que ele será diagnosticado) irá despertar estranhamentos e posicionamentos de sua família de uma maneira que ele acaba se sentindo esquisito e busca, de algum modo ser aceito entre os seus, algo que ele luta desde criança. Entretanto, ao conhecer Aurora, a vida de Daniel vai mudar de uma maneira completamente inesperada e linda. Mas será que ela será a pessoa a ultrapassar as barreiras de toque, capaz de tocar seu coração?
Aurora Mendes teve um passado difícil e triste. Que vai sendo desenrolado ao longo do livro. Como maneira de superá-lo, acaba indo morar em São Paulo, e em meio a todas as dificuldades, acaba tendo que mentir para os pais, ao mesmo tempo em que vira catadora de lixo.
E continua trabalhando nisso até que um encontro no meio da rua muda a sua vida: ela recebe a proposta de aprenderam artes marciais, no caso, MMA. Só não imaginava que essa simples proposta não apenas a colocaria em uma situação de vida melhor, como também aproximaria de um certo ruivo bonito, com traços típicos de autismo e uma fofura iningualável.
Será que Dan seria a pessoa a enxergá-la além do que seus olhos coloridos mostravam? Do que ela teimava em esconder, por medo e culpa que não deveria sentir?
Ai gente, eu estou apaixonada nessa história, sério. Além de tratar de dois temas que eu achei importante a ser discutido ( autismo e cultura do estupro), Ari me mostrou o quão bonito pode ser o diferente. O quão caloroso pode ser conhecer e entender o outro, sem julgamentos, sem barreiras e temores. O quão importante é ter empatia e se colocar no lugar do outro, quando o que mais fazemos é cavarmos para aumentar nossa posição e não cavarmos para incluir mais gente com a gente.
Ela também me mostrou que o amor é um dos sentimentos mais lindos e puros que pode existir e que brota em quaisquer maneiras e ocasiões, não importando onde e quando surgir.
E me mostrou - o que a gente já sabe - somos mulheres e vulneráveis nesse país. Somos vítimas cruéis de um país machista, sexista e violento. E muitas vezes somos nós, as vítimas que somos vilanizadas e isso precisa acabar! É importante lermos sobre cultura do estupro nós nossos romances para entender que não se trata apenas de um crime. São números. São mulheres violadas, destruídas, desacreditadas, em um sistema que as tira da posição real de vítimas e as coloca em uma posição falsa de vilãs e criminosas.
A cada oito minutos uma mulher é estuprada
Elas compõem 85,7% das vítimas desse crime. Totalizando mais de 66 mil vítimas de estupro em 2020.
( anuário de segurança pública)
Somos julgadas pelo horário que chegamos em casa, pelo que vestimos, pelo modo como nos comportamos e isso dá a eles o direito de nós violar. Chega! Cada vez mais auroras estão por aí precisando de ajuda!
Por outro lado, a questão do autismo também merece destaque! Um tema pouco discutido, que precisa ser levado em consideração principalmente para falar sobre o preconceito e a falta de conhecimento para lidar com um indivíduo do TEA ( transtorno do espectro autista) . Assim como Dan, há milhares de jovens que só querem se compreender e serem compreendidos, serem aceitos pela sua sinceridade genuína, pela sua falta de conhecimento em interpretar metáforas e até mesmo pela sua agitação quando está em crise de ansiedade. No Brasil, há cerca de 2 milhões de indivíduos do TEA, que convivem constantemente com o bullying, maus tratos e preconceito. É uma questão que vai além do autismo, e sim da sua presença na sociedade. O diferente é lindo e deveria ser aceito com mais frequência e menos questionamentos.
A Ari arrasou nesse livro, na boa
amei demais essa história ??