Priscilla 21/01/2022
muito bom
Leitura simples, fluida e fácil da escrita de Ariano Suassuna. Esse livro foi escrito quando ele ainda estava na faculdade de Direito, em 1951.
A história retrata João da Cruz, um carpinteiro do sertão, que não estava satisfeito com a vida dura e pobre que levava, tendo de trabalhar na madeira, por ser o ofício que o pai lhe deixou antes de sumir no mundo em suas andanças. A mãe, muito religiosa, não sabia lidar com a insatisfação e a raiva do filho, que sempre queria mais do que tinha, queria conquistar o mundo.
Em razão desse seu desejo, acaba atraindo a atenção do Cego e seu Guia, que representam a morte e o diabo, e que tentam comprar sua alma por meio de presentes "poderosos", mas sempre se utilizam de meias verdades, omissão e engano quando falam com João.
Deslumbrado, João se torna um homem duro e poderoso, impiedoso e rico, à custa de morte, seca e maus tratos a outras pessoas, que lhe temem. Sente sempre uma sede maior de poder, o desejo nunca é saciado.
Para salvá-lo das garras do diabo, seu anjo da guarda lhe acompanha até que consegue fazê-lo voltar à realidade, com ajuda de Regina, e ele passa a trabalhar no roçado para pagar seus pecados.
Na hora de sua morte, João é julgado pelo pai, ouvidas as testemunhas que em nada lhe acusam, e o diabo perde essa alma para o céu.
A narrativa é muito interessante e a história retrata a fé do nordestino sertanejo em Deus; o perigo do desejo de querer conquistar o mundo e ser mais do que se é; as artimanhas, malícia e enganação do diabo/mal; a proteção da religião e do anjo da guarda; a misericórdia e o poder do arrependimento, que mesmo chegando à última hora, na hora da morte, tem a capacidade de salvar a alma, como na parábola dos trabalhadores da última hora.
A leitura incentiva e destaca a fé, a simplicidade, a aceitação, a dureza da vida e da realidade, o arrependimento como meio de salvação, acompanhado da responsabilidade por seus atos, e a misericórdia divina.