Andre.Pithon 30/01/2024
3.5
Nettle & Bone foi o vencedor de melhor romance dos Hugo de 2023, e eu vou completamente ignorar toda as controvérsias ao redor da edição do prêmio deste ano. Como de costume, peguei o livro sem saber nada, exceto que tinha sido premiado. Esse é meu ano recorde de leituras do Hugo, onde li 4 dos 6 indicados (E obviamente Nona é o melhor, porque obviamente Tamsym Muir nunca erra)
E nas primeiras 100 páginas da obra, eu entendi o prêmio. A prosa era forte, o capítulo de abertura tem imagens poderosas, surreais, fascinante. T. Kingfisher mergulha na tradição de contos de fadas, puxando elementos familiares e distorcendo com a mitologia feérica onde fadas são mais malvadinhas e fazem contratos estranhos e roubam bebês. São temas que encaixam bem, e puxar o familiar e torcer causa um desconforto maravilhoso, que me conquistou muito rápido.
Me perdeu tão rápido quanto me conquistou, entretanto.
Os elementos mais intrigantes acabam sobrando de escanteio para construir uma trama simples, sem grande pretensão ou ambição, que se resolve linearmente e sem reviravoltas, onde tudo dá certo, onde os detalhes desconfortáveis tornam-se comuns e não impressionantes, onde a proposta de um conto de fada reimaginado se reimagina em um conto de fadas tradicional, com direito a romance feliz mal desenvolvido para concluir. Tudo que torna as primeiras 100 páginas únicas e poderosas se perdem, restando um esqueleto de diálogos ruins, plot conveniente e personagem exageradamente superficiais, com exceção de um ou outro coadjuvante.
A maior parte dessas estrelas são para o começo do livro, seu prelúdio. A preparação para a jornada é poderosa e fascinante. A jornada em si é entediante, simples, cheirando a filme de princesa da Disney. E nem um dos melhores.