2666

2666 Roberto Bolaño




Resenhas - 2666


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JP 31/12/2011

Ambicioso e surpreendente
Ambicioso e surpreendente. Se estes dois adjetivos nem de longe superam a precisão com que Bolaño define as situações vividas por seus personagens, talvez eles definam o que se passa com leitor ao terminar o livro.

Unindo a busca por um escritor alemão cuja identidade todos desconhecem e uma série de assassinatos brutais na fronteira do México com os EUA, as histórias contidas no livro adquirem unidade na última parte, em que o passado do tal escritor cria relações com os fatos que assolam a cidade de Santa Tereza, uma terra sem lei em que o deserto parece inserir os personagens em situações em que é difícil definir o que pertence ao plano do real e ao da fantasia.

A capacidade de unir histórias tão díspares, distantes uma da outra tanto pela localização geográfica quanto pelos acontecimentos que lhes dão forma, fazem de "2666" um projeto que merece ser lido pela vontade de arriscar caminhos pelos quais poucos autores tentam enveredar.
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Mário Lucas 18/08/2011

Digressões dentro de digressões.
Não há dúvidas de que a escrita de Bolaño é competente e muito original. Além disso, sua capacidade de criar estórias e construir personagens é notória. Porém, há uma característica em seu estilo que agrada alguns leitores e desagrada a outros: suas digressões intermináveis e seu texto prolixo.
2666 é isso. Bolanõ começa uma estória, essa estória se bifurca, dentro dessa nova estória surge uma digressão, essa digressão passa a ser a nova estória, de modo que a antiga estória é abandonada por completa, e assim sucessivamente. O livro é dividido em cinco partes, mas dentro de cada parte existem outras tantas partes, e que nem sempre se concatenam. A mim, particularmente, isso não agrada, mesmo admitindo que dentro dessas digressões podemos encontrar ótimas estórias.

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Danielle 04/08/2011

Unhappy Readmade
Senta, vai demorar.

2666 é um livro póstumo de Roberto Bolaño, esse chileno que viveu no México e na Espanha e que, ainda vivo, foi considerado um dos maiores [e o maior de sua geração] escritores latino-americanos.

2666 é um calhamaço de que mais de oitocentas páginas [a edição espanhola chega as mil] e que, desde o seu lançamento, possui uma áurea de obra-prima. Ele possui, fora a história que conta, outras muitas que o envolve. Tanto é que, produzindo uma venda surpreendente nos Estados Unidos, e como sucesso de crítica, surgiu o fenômeno bolañomania.

Bolaño escreve como se estivesse do seu lado e, pedindo uma cerveja ao garçom, dissesse: Chega mais perto que vou te contar uma história. Ele tem técnica e parece totalmente despretensiosa.

Ele te soca o estômago e deixa você vendo estrelinhas.

Ele coloca boa noite cinderela na tua bebida.

Vale lembrar que 2666 merece, como leitor, alguém que já tenha comido muito arroz com feijão na literatura. Merece um leitor que tenha sofrido com um livro nas mãos. Que tenha se desesperado com um Crime e Castigo da vida. Chutado o pau da barraca com um O Processo.

2666 não é entretenimento, é uma experiência.

O livro se divide em 5 partes um tanto quanto independentes entre si, mas que se unem por dois fios narrativos: um enigmático escritor alemão e uma série de assassinatos de mulheres que ocorrem no México.

O escritor em questão é Benno von Archimboldi que se tornou um tanto mítico já que ninguém sabe ao certo quem ele é, se é que existe de fato. Se escondendo sob um evidente nom de plume, Benno abre e fecha a narrativa de 2666.

O outro ponto de ligação são os assassinatos em série que acontecem numa cidade mexicana que faz fronteira com os Estados Unidos. Ao contrário de Benno, essas mortes não foram inventadas por Roberto Bolaño [apesar de achar que Benno possui muito de Bolaño]. As mortes existem de fato e, desde 1993, assombram a Cidad de Juárez que, no livro, Roberto optou por chamar de Santa Tereza.

São mais de 400 páginas dedicadas as lambanças nas investigações e as descrições quase forenses das mortes. E dale 400 páginas de meninas e mulheres mortas brotando no deserto de Sonora, como se fossem já parte da paisagem. E dale 400 páginas de teorias, atitudes obscuras e impunidade que choca, porque acontecem há quase 20 anos.

Bolaño tinha uma obsessão pelos assassinatos, ele morou no México por muito tempo e, para ajudar a construir essa parte da história, trocou cartas com um jornalista que investiga o feminicídio em Juárez. Parei diversas vezes nesse ponto do livro só pra respirar e conseguir forças para continuar. Eu não sabia o que acontecia em Juárez e, cada página virada, era como se morresse um pouco junto com aquelas mulheres, na grande maioria não identificadas. Relegadas a uma vala comum.

No meio disso surge uma luz: Amalfitano. Um personagem divinamente construído: ele pendura um livro de geometria no varal de casa, tal qual o experimento Unhappy Readmade de Duchamp e conversa com ele. Ele conversa com o livro que fica exposto ao sabor das intempéries.

Quando fechei 2666 ontem de madrugada e dei por terminada minha odisséia, pensei duas coisas: 1. Sim, é uma obra-prima 2. Que devia pendurá-lo no meu varal porque a prateleira, por mais espaço que tenha, é pequena demais pra ele.

* Resenha originalmente publicada em: seusuperego.wordpress.com
Marselle Urman 11/11/2012minha estante
Gostei da idéia do varal.
2666, pendurado, pode ter um destino melhor que o livro de geometria?


GustavoCampello 10/05/2013minha estante
Hummmmmmmm.... Já sofri lendo Moby Dick e O Processo. Porém acho Crime e Castigo tão facíl de ler que consumiu apenas 8 dias de leitura, é como cerveja gelada descendo pela garganta.

2666 consumiu 11 dias de leitura desenfreada, achei a escrita do Bolaño como Dostoievski, porém sua narrativa quase lynchiana (é, to falando do David Lynch).

Porque apesar dos assassinatos deixarem a gente perplexo (sim, a parte dos Crimes foi a que mais demorei pra ler e realmente parece exaurir nossas forças e aí é q percebemos a força do livro) não é o desvendar dos crimes que realmente importa. O que realmente importa é a onda de sensações que o livro nos impõe e que acabamos nem percebendo, mas sim sentindo.

2666 é como um filme do Lynch, não da pra entender tudo, não da pra conectar todas as pontas soltas, mas o mais importante é a onde de sensações que nos inunca e vai nos afogando aos poucos.


Danielle 27/05/2013minha estante
Exatamente, Gustavo. A força do livro é a sensação que ele oferece, por isso disse na resenha que a leitura de 2666 é, acima de tudo, uma experiência.


Gustavo Mahler 10/06/2013minha estante
Comecei a ler o livro através de tua resenha, pois tinha curiosidade mas até então não tinha ouvido nada à respeito que me desse um certo "impulso".

Li uns 10% e não me arrependi de ter começado. Como tu disse, esse livro é um experiência. Transcendente.

Parabéns pela resenha. Tem blog ?

Bjos!


Danielle 10/06/2013minha estante
Gustavo,

que bom que minha resenha fez você ler 2666. Espero que goste (quando terminar, venha comentar depois!).

E sim, tenho um blog: seusuperego.wordpress.com

:D


Priscila 23/01/2014minha estante
Parabéns, você me convenceu a ler um livro que antes eu não tinha a menor vontade de conhecer.


Danielle 04/02/2014minha estante
Leia mesmo, Priscila!

:)


Laura Charlene 12/03/2015minha estante
Já tem um tempinho que não aguentei e parei na parte dos assassinatos pq eu me senti esgotada. mas agora que li sua resenha renovei as forças para terminar de ler essa odisséia!


marcela 21/05/2015minha estante
Também travei na parte dos assassinatos. Já tem alguns meses que tô enrolando pra terminar essa parte, sendo q as três primeiras li muito rápido. É muito pesado, muito baixo astral. Quero muito terminar mas tá difícil....
Sendo q eu li Crime e Castigo e o Processo com muito gosto hahah, esse agora que ta tenso :(


Danielle 25/05/2015minha estante
a parte dos assassinatos é difícil de suportar e, mais ainda, quando se é mulher. entendo quando se trava nesse trecho do livro. nem sei de onde tirei forças pra continuar. lembro que tive crise de insônia e pesadelos nessa parte de 2666.


Ronnie K. 15/01/2017minha estante
É o próximo da fila; estou iniciando a fase Bolaño na minha vida. Terminando Chamadas Telefônicas...


Elizangela.Alves 01/04/2020minha estante
Deve ser muito bom!


Felipe Lopes 03/06/2020minha estante
Depois de Gabriel Garcia Marques, ainda não tenho preparo para embarca numa leitura dessa envergadura.




Sete-Sóis 01/07/2011

Entre a violência da Terra e a beleza das Estrelas.
...uma erupção literária. o realismo desse planeta só que contado por uma pessoa que viveu absolutamente fora dessa órbita, na lua, nas estrelas, ou sei lá onde... 2666 valeu cada segundo, minuto ou hora que passei com ele na fila do banco, no café, no restaurante, antes de dormir e depois de acordar.

.mesmo sem termos o final do romance, interrompido pela morte tão precoce de Bolaños, que provavelmente seria um encontro entre as 5 partes, trata-se de um dos melhores romances de todos os tempos.

. e é incrivel testemunhar o surgimento de um mito literário do naipe de Guimarães Rosa, James Joyce, Kafka, Dostoiévisk...
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anna v. 24/05/2011

Abandonei sem remorso
Passei boa parte do ano de 2010 curiosa com este livro. Já em 2008 começava-se a falar em bolañomania nos EUA, dado o enorme sucesso que a edição americana estava fazendo. Em 2009, o auge. Uma coisa digna de nota, haja visto que traduções dificilmente emplacam nas listas de mais vendidos naquele país. A trilogia Millennium de Stieg Larsson é outro exemplo de tradução que virou bestseller no mercado americano, porém mais compreensível, uma vez que se trata de ficção comercial da melhor qualidade, thrillers fast-paced bem ao gosto do leitor contemporâneo. 2666, no entanto, é ficção literária, de um autor chileno saudado pela crítica mas que nunca havia explodido desta forma como fenômeno de vendas, muito menos no competitivíssimo mercado editorial americano.

A edição brasileira foi lançada com pompa e circunstância pela Companhia das Letras. Linda capa (óleo sobre tela de Rodrigo Andrade), tradução de Eduardo Brandão e o esmero editorial de praxe da Editora Schwarcz. Teve campanha de divulgação no lançamento, e uma subcampanha muito inteligente na época das eleições: quando os jornais ficam coalhados de quadradinhos com números dos candidatos a deputado e senador, eles mandaram publicar quadradinhos semelhantes com "2666 - Roberto Bolaño". Publicidade oportunista inteligente.


O livro ficou na minha lista de desejos por vários meses, mas sem aquela urgência que me fizesse correr à livraria mais próxima para comprar. O preço até não era dos mais ingratos, considerando as 856 páginas: 55 reais. Relativamente não é caro. Mas enfim, 55 reais.

Até que um dia passei em frente a um livreiro de rua e vi o livro à venda, novinho em folha, embalado num plástico. 25 reais. Nem pensei duas vezes, comprei logo, por impulso. Na verdade fiquei surpresa com a dimensão da obra, não sabia que tinha 856 páginas. Mas tudo bem, vamos lá. Tamanho de livro nunca me assustou (na minha lista de calhamaços recentemente lidos estão Queda de Gigantes (912 p.), os 3 Millennium, (528, 608, 688 p.) e o ótimo A Passagem (816 p.), uma distopia futurista interessantíssima e difícil de largar).

O livro sobreviveu à última arrumação na estante, e estava lá, na letra B, entre Boccacio e Borges (momento "oh, como sou culta e minha biblioteca é incrível"). No finalzinho do ano, quando terminei o Roald Dahl, resolvi que era chegado o momento do 2666. Subi no meu banquinho novo (presente de Natal da minha mãe), próprio para alcançar a prateleira lááá de cima, peguei o tijolo, tirei o plástico (ainda com a etiqueta "R$25") com todo carinho e comecei a ler.

Logo de início a gente percebe que o cara é bom. Sabe aquela literatura caprichada, aquele texto que te pega pelo cangote e diz "Presta atenção em mim! Não fica pensando em outra coisa enquanto lê, não! Sem devaneios, leitor!". E assim ele começa com as histórias de quatro críticos literários (um francês, um espanhol, um italiano e uma inglesa) que se dedicam a estudar um misterioso autor alemão contemporâneo, que nenhum dos quatro jamais encontrou pessoalmente, e de quem nem fotos existem, apenas algumas pessoas que dizem o ter conhecido. Os quatro passam por congressos e simpósios mundo afora, e Bolaño vai dando belas sacaneadas no universo acadêmico das "comunicações", "falas", "mesas" e "artigos de revistas especializadas".

A coisa começa a se concentrar na interação entre os quatro, nas viagens que fazem para se visitar, nas viagens dos congressos literários etc. Mas aí o livro começou a decair de interesse para mim. Porque diálogos praticamente não há, a não ser indiretos. Porque parágrafos longuíssimos, de mais de página, há -- e muitos. Mas principalmente porque as digressões começam a abundar, e são aborrecidas. Mil historinhas começam a pipocar a partir dos personagens secundários que encontram os quatro críticos, perfazendo algo que o Milton Ribeiro, que gostou do livro, chamou de "ípsilons". O que o Milton adorou eu achei um saco. Os enredos paralelos não levam a lugar algum, são como ideias (para contos, talvez?) que o autor teve e achou por bem incluir ali, sem muito motivo que eu, em minha infinita ignorância, conseguisse perceber.

Pelo que li a respeito do livro, depois desse núcleo dos críticos, boa parte da narrativa se concentra em misteriosos assassinatos de mulheres no México, e depois mistura o recluso autor alemão à cidade mexicana. Entre outras coisas.

2666 está dividido em 5 partes: A parte dos críticos (130 p.); A parte de Amalfitano (64 p.); A parte de Fate (114 p.); A parte dos crimes (264 p.); A parte de Archimboldi (243 p.). Segundo a "Nota dos herdeiros do autor" que abre a edição, Bolaño deu instruções para que cada parte do romance fosse publicada num livro separado. (Ele morreu aos 50 anos em 2003, de insuficiência hepática, e 2666 foi seu último trabalho, publicado postumamente. Aliás, não há nenhuma explicação para este número misterioso no título, o que, creio, só faz aumentar o hype.) Diz a nota ainda que "com essa decisão (...) ele acreditava ter assegurado o futuro econômico dos filhos". Não sei bem o que pensar dessa informação. Dá ainda mais a impressão de que ele espichou desnecessariamente o livro para que cada parte rendesse um livro propriamente dito. Além do quê, tenho cá pra mim que talvez publicar num só volume, como foi feito no fim das contas, tenha sido mais lucrativo. Não é segredo que os primeiros volumes de qualquer coisa vendem até 10 vezes mais que os volumes seguintes. Eu certamente teria parado no primeiro livro.

Do jeito que foi, não cheguei nem a isso. Por vários dias forcei-me a prosseguir lendo, mas já não estava mais dando nenhum prazer. Parei na página 93 de 856 - pouco além de 10%. Na verdade, num mundo um pouco mais ideal, eu nunca deveria ter comprado este livro. Como nunca tinha lido nada do autor, mas nutria por ele uma curiosidade, poderia ter pego numa biblioteca pública, para ver se gostava. O mesmo posso dizer de tantos livros que tenho. Se apenas tivéssemos esse tipo de cultura, tantas estantes seriam mais leves, subtraídas de curiosidades literárias.

É precisamente por isso que estou incluindo 2666 no meu Mini Sebo Terapia Zero. Pelos mesmos R$25 que paguei, para que não me acusem de querer levar vantagem (mais o frete, que não há de ser barato...). E para liberar preciosos quatro centímetros de lombada na minha estante.

Atualização: Vendido! Em tempo recorde! Para um antigo cliente no Mini Sebo, do interior de Pernambuco. Meu deus, isso está virando mesmo um negócio no sentido business do termo...

http://terapiazero.blogspot.com/2011/01/2666-de-roberto-bolano.html
Felipe 28/06/2011minha estante
Também abandonei o livro, só li A parte (chata) dos críticos. E também vendi! Consegui até mais do que paguei. ;)


BIU VII 14/11/2011minha estante
Estou mais para o final do livro do que para o começo agora já não abandono mais, peguei o ritmo, e estou achando um excelente livro, inovador, alguns personagens fantásticos e a história vai se fechando e eu já sinto a falta que o livro vai me fazer. Livros bons são difíceis de se encontrar.


Eduardo 07/07/2012minha estante
Também abondonei..que livro sacal :(


Marselle Urman 11/11/2012minha estante
Fiore,
Eu gostei do livro, especialmente porque ele "des-satisfaz" de uma forma inédita pra mim, mas respeito muito sua resenha. Abraço.


GustavoCampello 10/05/2013minha estante
Poxa, achei a Parte dos Criticos uma das mais legais. Li o livro em 11 dias, não conseguia parar de ler. Acho dificil a pessoa dar uma nota sem passar dos 10%, mas blz, nem todo mundo precisa gostar da mesma coisa... O livro não é mastigadinho, é um quebra cabeça mesmo, vai do gosto de cada um...


Bertizola 21/04/2015minha estante
Também abandonei o livro. Que porre!! Estórias que saem do nada e chegam a lugar nenhum.




Samara 10/02/2011

Roberto Bolaño queria que fossem cinco livros, acabou sendo um livro divido em cinco partes, totalizando 850 páginas na sua versão brasileira. Talvez ainda poucas por tudo que o livro propõe e nos apresenta (há quem diga que realmente é uma obra inacabada, já que póstuma). Tem crimes, cidades, amores, assassinatos, assassinadas, assassinos, policiais, videntes, jornalistas, escritores, críticos, editores, leitores, livros, detetives, políticos, guerras, loucura e inocência. Fala do passado, da segunda guerra mundial na Alemanha, dos anos 90 numa cidade do México (e um pouco antes e um pouco depois), nos anos 2000 pela Europa, no entanto, é de uma brutalidade contemporânea e seu título aponta para uma data futura.

Mas, no final das contas, creio eu, seja, acima de tudo, sobre literatura. Talvez, violência e literatura. Uma devoção pelos livros e um detalhamento de crimes, guiados pela busca por um autor recluso e por relatos de assassinatos de mulheres. Numa determinada parte do livro, um personagem diz que escrever é inútil, que só vale a pena se o escritor estiver disposto a escrever uma obra prima. Ainda bem que Bolaño estava.
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Tuca. 13/11/2010

O leitor comum
Comento sobre este livro no post do link abaixo. Visitem:

http://oleitorcomum.blogspot.com/2010/11/o-livro-do-ano.html

A mesma resenha sairá em 3 partes no Blog do Meia Palavra.
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 31/07/2010

Roberto Bolaño - 2666
Editora Companhia das Letras - 852 páginas - Publicação 2010 - Tradução de Eduardo Brandão

Publicado mais de um ano depois da morte de Roberto Bolaño (1953-2003), na Espanha em 2004, este monumental romance foi rapidamente promovido à categoria cult após o lançamento no mercado dos Estados Unidos em 2008 o que transformou o autor chileno (e que todos achavam ser mexicano até então) em um novo mito literário, comparado somente aos escritores da geração beat (ver resenhas do New York Times, Guardian e Independent). Vencedor do National Book Critics Circle Award nos Estados Unidos e eleito o livro do ano pela "Time Magazine", Roberto Bolaño é hoje o autor mais prestigiado da literatura latino-americana, um rótulo que não parece combinar muito com o estilo globalizado de Bolaño.

Este romance tem como base para a sua estrutura narrativa principal os assassinatos violentos de mulheres ocorridos em Ciudad Juárez no México, cidade localizada no deserto de Sonora e próxima à fronteira com os EUA, mas resumir assim o ambicioso projeto literário de Bolaño seria uma simplificação e injustiça com a complexidade e abrangência temática deste livro. Na verdade, Bolaño ao sentir que a morte se aproximava, teria pedido ao editor Jorge Herralde que publicasse a obra em cinco volumes independentes, por entender que assim obteria um retorno financeiro maior para a mulher e os dois filhos. No entanto, o editor e a família acabaram contrariando a sua vontade e publicando o romance em um volume único o que hoje parece ter sido a decisão mais acertada. Sendo assim, o romance é dividido em cinco capítulos: A parte dos críticos, A parte de Amalfitano, A parte de Fate, A parte dos crimes e A parte de Archimboldi.

A parte dos críticos - Quatro intelectuais e críticos literários: um francês, um espanhol, um italiano e uma inglesa, especialistas em literatura alemã contemporânea, mais especificamente obcecados pelo misterioso e fictício autor Benno von Archimboldi, um escritor alemão recluso do qual não se conhecem fotos ou dados biográficos, resolvem seguir uma pista que os leva até a cidade de Santa Teresa, no México (ficcionalização de Ciudad Juárez). Na violenta cidade mexicana, entram em contato com uma realidade local bem diferente da que estavam acostumados em suas respectivas capitais européias e as relações entre eles são influenciadas pelo novo ambiente. O tema dos assassinatos é apenas introduzido de passagem neste capítulo.

A parte de Amalfitano - Este capítulo, o mais curto do livro, é dedicado aos problemas existenciais do melancólico professor de filosofia Oscar Amalfitano que relembra a sua relação na Espanha com a ex-mulher Lola que o abandonou por um poeta. Amalfitano sofre o início de um processo de loucura quando começa a escutar vozes e agir estranhamente. Ele teme pela segurança de sua filha Rosa devido aos assassinatos em Santa Teresa.

A parte de Fate - O repórter negro americano Oscar Fate, após o falecimento de sua mãe, vem cobrir uma luta de boxe em Santa Teresa e acaba se envolvendo com o narcotráfico local, em um clima de literatura noir e tendo um caso com Rosa. Bolaño, como em todos os capítulos, costura narrativas secundárias que podem se conclusivas ou não, histórias se desdobrando em outras histórias.

A parte dos crimes - É o capítulo mais violento do livro, com descrições dos cadáveres de mulheres violentadas que são abandonados nos enormes terrenos baldios e lixões clandestinos próximos às inúmeras fábricas maquiladoras da região. Chama a atenção o nome do maior desses lixões: El Chile, homenagem estranha ao país natal do autor. As investigações não conseguem ser conclusivas.

A parte de Archimboldi - Neste capítulo final, o mais perfeito do ponto de vista literário no meu entendimento, o mistério sobre a biografia de Benno von Archimboldi é finalmente desvendado e Bolaño, com a sua cultura invejável, nos leva a uma convincente história que tem início no front oriental da Segunda Guerra até revelar os motivos que levam Archimboldi a Santa Teresa.

Em todo o romance não é esclarecido o motivo do enigmático número 2666, mas nesta mistura de narrativa policial e filosofia, o leitor entre surpreso e fascinado, não consegue abandonar a lenta construção das infinitas espirais formadas pelas histórias que Bolaño vai desenvolvendo no decorrer do livro e que ele sabe contar extremamente bem, podem ter certeza.
Rahmati 21/09/2011minha estante
A explicação para o 2666 existe, mas não na história corrida, e sim na nota final. ;)




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