Margarida.Ribeiro 22/09/2023
?? RESENHA ??
"Não adianta olhar para o chão, virar a cara para não ver, o preconceito velado é tão cruel quanto o escancarado."
?Aqui Ficaremos Bem... será??
??Em "Aqui Ficaremos Bem" conhecemos os relatos reais de pessoas que tinham lepra, hanseníase, aqui no Brasil no início do século XX. Jogadas, não em um hospital, mas em uma prisão, com uma doença cruel, sem cura e sem chances de nada, isoladas do mundo e de todos que conheciam. Além de perderem a liberdade, eram submetidos a experimentos médicos e careciam de qualquer direito básico de um cidadão. Sem direitos a visitas, nenhuma saída, podiam apenas sobreviver naquele lugar por mais de 40 anos... Até que a cura foi descoberta. O lugar era conhecido como Colônia Santa Isabel. Após a descoberta da cura os portões foram abertos, as correntes destravadas e já não havia mais guardas, no entanto... Elas não tinham para onde ir. A maioria das pessoas não tinham mais ninguém. Não tinham um lar para onde voltar. Descobriram que a vida continuou lá fora. Sem emprego, família ou amigos, para elas não tinha sentido essa liberdade.
??Nesses relatos acompanhamos brevemente o preconceito, o descaso e os maus tratos que essas pessoas sofreram. Algumas eram levadas a força para esse lugar, outras íam para se tratar, mas não imaginavam tudo que acontecia do portão para dentro.
??Pessoas tiram suas próprias vidas, outras simplesmente morreram por conta dos experimentos feitos, mulheres tendo filhos lá dentro e não podendo velos crescer já que eram tirados delas para adoção clandestinas, e também aconteceu de pessoas entrarem crianças e saírem já idosos, uma vida inteira perdida. Um relato que me abalou bastante, foi de uma senhora, ela tinha entrado com sua mãe e irmãs, mas anos depois só ela havia sobrevivido.
Leiam!!! Apenas 38 páginas, mas que me fizeram pensar a tarde toda. Uma leitura rápida, chocante e emocionante.
"Se eu perder a memória perderei a única coisa que não me tiraram: minha identidade, eu mesma."