Barbara857 12/01/2024
O livro narra parte da vida de Rose Napolitano, uma jovem socióloga e professora universitária que desde a adolescência já sabia que não queria ser mãe e sempre foi clara com todos a respeito disso. A história gira em torno dessa decisão de Rose e em como a sociedade (principalmente a família, mas no caso dela também o marido) tende a não levar essa decisão a sério ou a julgar as mulheres por tê-la, como se fosse algo antinatural, um desequilíbrio. Se a mulher muda de ideia, também é julgada, desacreditada e constrangida, até mesmo por amigos, ainda que sem intenção.
A autora narra 9 "enredos" da vida de Rose que se modificam conforme algumas decisões que ela toma a partir do momento em que é confrontada por Luke, seu marido, sobre ter filhos. Apesar dessas 9 variantes, muitos fatos acabam acontecendo em mais de uma "vida", mostrando que o que está destinado a nós virá de uma forma ou de outra.
Como as vidas são narradas intercaladas umas com as outras, confesso que me perdi um pouco em alguns momentos e posso ter misturado alguns enredos, é quase impossível conseguir separar detalhes de 9 histórias parecidas. Apesar disso, não achei maçante, muito pelo contrário. A história é muito bonita e tocante em diversos momentos e traz muitas reflexões. Luke é extremamente chato em várias oportunidades, Rose guerreiríssima.
Pra mim, o que fica marcado é a mensagem de que temos que confiar no nosso instinto e não nos forçar a nos adequar às expectativas que outras pessoas tenham pra nossa vida; mas que também não é o fim do mundo se o plano mudar ou algo sair do planejado, coisas boas estarão no caminho também.
"Ser amada pela mãe é isso, não é?
Ter alguém em sua vida completamente absorvido pelo que quer que você faça, ainda que mínimo e insignificante, que se importa tanto com cada coisinha a seu respeito que atribui uma importância tremenda a cada um desses detalhes. Ter alguém que alivia a dor para você, os fracassos, as decepções, os desafios da vida, que faz o melhor que pode pata ajudá-lo a seguir em frente. Que às vezes exagera, talvez muitas vezes, mas de um jeito que, pá no fundo, o faz saber que você não está sozinho."
"A questão da maternidade, se vou me tornar mãe, e, em caso positivo, quando, e, se eu não me tornar, o que vai acontecer, tudo isso intimamente relacionado a quem eu sou enquanto mulher, boa ou má, realizada ou não, egoísta ou abnegada, feliz ou infeliz, tudo isso ligado a casamento, trabalho, divórcio, constituía uma pedra gigantesca, pesada, que carreguei durante anos, rolando, empurrando, como um Sísifo formoso, de salto alto ou tênis de corrida, com as roupas do trabalho, pijama ou calça jeans.
Agora dou um toquinho nessa pedra, de leve, e a vejo rolar montanha abaixo e se despedaçar na ravina. Gostaria de nunca a ter carregado."
"Tchau, Luke. Espero que um dia encontre uma mãe que o faça feliz." - eu ri nessa parte.
Nota da autora nos agradecimentos:
"Quem tem amor, amizade e uma família tem o bastante para atravessar os períodos difíceis, os dias, meses e anos de perda, o luto inevitável de se estar vivo. Há paz nisso, e uma espécie de felicidade. Isso é tudo que alguém pode esperar, acho, de uma única vida."
"Há muitas maneiras de ser mãe, e muitas delas não envolvem dar à luz a um bebê. Não reconhecemos isso o bastante no mundo."